quinta-feira, 18 de junho de 2009

JESUS, EU CONFIO EM VÓS

Quando lemos no Evangelho passagens como a do Domingo de hoje, recobramos a nossa confiança no Senhor, pois podemos exclamar como os Apóstolos: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4,41) Ainda mais quando ouvimos o que a carta aos Hebreus nos fala: “Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.” (Hebreus 13,8)

Na vida dos santos da Igreja, esta frase se torna ainda mais evidente. Vale a pena citar um relato do Diário de Santa Faustina que trata sobre o terço da Divina Misericórdia: “Hoje fui acordada por uma grande tempestade. Desencadeou-se uma ventania e caía uma chuva torrencial, com raios e trovões a todo o instante. Comecei a rezar, para que a tempestade não causasse nenhum dano; então ouvi estas palavras: – Recita o Terço que te ensinei, que a tempestade cessará. Logo comecei a recitar esse Terço, e nem cheguei a terminá-lo quando a tempestade, de repente cessou, e ouvi estas palavras: - Por ele conseguirás tudo, se o que pedires estiver de acordo com a Minha Vontade. (Diário 1731) Voltando ao Evangelho, vemos que ele é uma continuação do da semana passada. Nosso Senhor estava sobre a barca de Pedro e dai, fez um longo ensinamento em forma de parábolas, comparando a sua Palavra a uma semente que tem por si mesma, a força de gerar uma grande árvore no qual as aves do céu podem fazer os seus ninhos. Era uma parábola acerca do Reino de Deus. Depois de terem escutado bastante a Palavra de Deus, Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: “«Passemos para a outra margem.» (Mc,4,35) Jesus mandou os Apóstolos irem “mar a dentro”. Na Bíblia, o mar é uma imagem desta vida terrena. O mar, como a nossa vida neste mundo, tem coisas boas, mas também perigos. Podemos pescar os peixes, mas também pode-se perder a vida nos mares.

No livro do Apocalipse de São João é profetizado que o mar já não existirá: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.” (Ap 21,1) Sim, o mar desta vida com todos os seus percalços, preocupações e perigos já não existirá. No entanto, enquanto estamos nesta vida, não devemos ter medo de enfrentar este mar com a presença de Jesus. Depois de terem escutado bem as suas palavras, Nosso Senhor ordenou: “«Passemos para a outra margem.» (Mc,4,35) É como se Jesus nos dissesse: “Ide para a vida. Eu vou convosco. Não temais. Não tenhais medo da vida. Ainda que por vezes eu pareça adormecer na vossa barca, sempre podeis acordar-me pelas vossas orações. Ide para a vida. Eu vou convosco.” A Expressão “não temas” aparece dezenas de vezes na Bíblia. Há uma semana, tive a graça de almoçar em casa de um pescador que exerce a sua profissão num barco pesqueiro no canal da Mancha, entre Inglaterra e França. Contou como tantas vezes tiveram que enfrentar o mar revolto sem nunca parar de pescar. Dizia ele: “Não tenho medo do mar, mas o respeito”. Não obstante tantos que já perderam a vida no mar, essa é a postura que Nosso Senhor quer de nós. Hoje em dia, muitos jovens tem tido medo de ir “mar a dentro” na vida, de ter compromissos estáveis. Permanecem na praia do egoísmo, do hedonismo. Sintomas disto são inúmeros casais que ao invés de contraírem o matrimónio, preferem uma relação de facto sem um compromisso estável. O problema de não quererem ir “mar a dentro” é justamente que não passaram pela primeira fase. A primeira fase acontece na praia, com tranquilidade: Trata-se de ouvir a voz de Jesus; escutar em profundidade a sua Palavra, saber que se tem Jesus no seu barco mesmo que, por vezes, Ele pareça estar a dormir.

Precisamos escutar com o coração as palavras de São Paulo na segunda leitura de hoje: “O amor de Cristo exerce pressão sobre nós, ao pensar que um só morreu por todos e que todos portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles.” (2 Cor 5 14-15) São Vicente Pallotti foi um exemplo de alguém, que depois de ter escutado profundamente a Palavra de Deus e de permanecer na sua presença, não teve medo do mar da vida. Seu lema era justamente esse: A caridade de Cristo nos impele.” Durante a vida ele foi “mar a dentro”, na actividade apostólica em muitos sectores, porque sabia que o Senhor estava com ele. Hoje, ele já se encontra na “outra margem”.

Para as células de Evangelização:
1- Tens consciência de que Jesus está “na tua barca”? Em que isso faz diferença na coragem dos esforços e decisões da tua vida e da tua comunidade? Em que, confiados em Jesus, precisamos ir mais “mar a dentro”?

Pe. Marcelo

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