sexta-feira, 13 de março de 2009

O ZELO DA TUA CASA ME DEVORA

Para muitos de nós surpreende a atitude de Jesus no Evangelho de hoje. Jesus que sempre se mostrou manso e humilde de coração, paciente e misericordioso com os pecadores, assume hoje uma atitude que parece impulsiva e levada pela paixão do momento. Se observarmos com mais cuidado, veremos que não foi assim. Embora sendo o mais resumido de todos, o evangelista Marcos relata um pormenor que não vem em nenhum dos outros três Evangelhos. O pormenor é este: “Chegou a Jerusalém e entrou no templo. Depois de ter examinado tudo em seu redor, como a hora já ia adiantada, saiu para Betânia com os Doze.” (Mc 11,11) Ou seja, Nosso Senhor entrou no templo, viu a confusão que lá estava, mas não agiu no mesmo dia. Foi para Betânia, com os seus discípulos, e passou lá a noite. Só no dia seguinte fez a purificação do templo, com um chicote de cordas feito por ele. Isto quer dizer que não foi uma atitude de impulso descontrolado, mas algo que provavelmente foi objecto de sua oração durante a noite, de sua conversa com o Pai, ao qual lhe ardia o zelo pela Sua casa. Quando interrogado sobre a autoridade com que fazia aquilo e qual sinal dava de que poderia proceder assim, Jesus disse: “Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!» Replicaram então os judeus: «Quarenta e seis anos levou este templo a construir, e Tu vais levantá-lo em três dias?» Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo.” (Jo 2,19-21) Nosso Senhor estabelece assim uma analogia entre o seu Corpo e o templo. São Paulo dirá também que esse Corpo de Cristo somos nós os baptizados: “…assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros.” (Rm 12,5) E ainda: “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, porque o recebestes de Deus, e que vós já não vos pertenceis?0Fostes comprados por um alto preço! Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.” (1 Cor 6,19) A segunda leitura de hoje fala deste preço com o qual fomos comprados: “…nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios.” (1 Cor 1,23) Portanto, se nós baptizados somos o seu templo, dai advém que Jesus tem todo o direito de purificar este templo, ou diria melhor, nós temos o direito de que Ele nos purifique.

Para esta tarefa, porém, Nosso Senhor quer contar com a nossa colaboração. Trazendo já no terceiro Domingo e não no final da Quaresma, a leitura sobre os mandamentos, a liturgia ajuda-nos para que a nossa confissão de Páscoa não seja um acto impensado, irreflectido ou superficial, mas a exemplo da purificação do templo de Jerusalém, seja um acto premeditado e preparado na oração. Sobre o quê, em primeiro lugar, devemos examinar-nos? Principalmente sobre aquelas realidades das quais Nosso Senhor disse ao chamado “Jovem rico” do Evangelho: “Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.” (Mt 19,17-19) Jesus nesta passagem citou apenas alguns deles, mas como a primeira leitura de hoje nos traz os dez, podemos elencá-los todos para nos ajudar no exame de consciência para a confissão quaresmal.

“Não terás outros deuses perante mim”. Já recorremos a ocultismos, “bruxedos”, espiritismos, cartomantes….
“Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus”.
Respeitar o dia do Senhor: Temos santificado o dia do Senhor com a Eucaristia? Temos feito dele um dia como os outros?
Honrar pai e mãe: Cuidamos dos nossos pais? Damos-lhes o respeito devido?
“Não matarás”: Apoiamos de algum modo (mesmo com voto) práticas de aborto?
“Não cometerás adultério”: Temos mantido a castidade própria do nosso estado de vida?
“Não levantarás falso testemunho”.
Manter a castidade nos pensamentos e desejos: Como anda a nossa literatura, filmes e sites?
Não desejar as coisas alheias: A quanto anda a nossa inveja?
Nunca é demais relembrar os dez mandamentos, pois cada um de nós deve sabê-los de cor, de modo especial os adolescentes da nossa catequese, pois como diz o Salmo de hoje: “Senhor, vós tendes palavras de Vida Eterna” (Sl 18) Só vós as tendes. Repitamos muitas vezes esse acto de confiança: “Jesus, eu confio em vós”. Jesus nos conhece muito bem. O Papa João Paulo II certo dia disse: “Cristo sabe muito bem o que é que está dentro do Homem, somente Ele o sabe!”

Para as células de Evangelização:
Hoje em dia vemos que comunga-se com muito mais frequência do que no tempo antes de Concílio Vaticano II. Exigia-se um jejum eucarístico desde as 0:00 h do dia anterior. Hoje basta uma hora antes da Comunhão. As pessoas tinham receio de aproximarem-se da Comunhão se não se tinham confessado recentemente. Hoje principalmente em casamentos ou funerais, às vezes pessoas entram na fila da comunhão mesmo tendo meses sem pisar na Igreja, tendo a situação matrimonial irregular, … Será que não caímos no extremo oposto? O que fazer para esclarecer tais pessoas?

Pe. Marcelo

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