A Paz e o Diálogo Social
(EG 238-258) -
A preparação espiritual
para o Congresso Geral da União em julho de 2015.
Podemos
concordar que a paz é o desejo humano mais profundo. Todos nós queremos a paz,
todos nós queremos viver em paz. Mas, podemos perguntar: o que é a paz, o que é
essa paz que desejamos?
O
Papa Paulo VI em sua carta encíclica Populorum Progressio apontou que: “A paz
não pode ser reduzida a uma ausência de guerra, resultado de um equilíbrio
sempre precário das forças. Ela é construída dia a dia, na busca de uma ordem,
querida por Deus, o que implica uma justiça mais perfeita entre os homens”.
Aqui
nós temos um primeiro elemento para entender o que é a paz: a justiça. Então,
podemos dizer que não há verdadeira paz sem justiça. Continuando com esta
afirmação, poderíamos dizer que não há justiça sem igualdade entre as pessoas e
um mundo que permite o desenvolvimento integral de todas as pessoas.
Dando
uma breve olhada para a vida de nosso santo fundador descobrimos que ele estava
muito empenhado em promover a unidade social do povo de seu tempo. Um primeiro
apostolado de São Vicente Pallotti foi o campo da educação, quando ele no ano
de 1819, ainda muito jovem, começou a trabalhar em uma escola noturna e, em
seguida, fundou outra escola para os artesãos, porque ele entendeu que essas
escolas eram uma oportunidade para dar aos jovens romanos analfabetos uma
chance real de se prepararem melhor para um futuro incerto.
O
segundo elemento para entender o que é a paz é: o diálogo. De modo tal que se
possa também dizer que não há verdadeira paz sem diálogo. E o diálogo vai ser
tão longo como cada um de nós é capaz de olhar e reconhecer os outros como
iguais, com a mesma dignidade. Nos tempos antigos, Sócrates acreditava que o
diálogo era o caminho para conhecer a verdade.
O
diálogo permite-nos ver que as diferenças enriquecem em vez de empobrecer ou
levar à divisão. O fato de que nós somos diferentes uns dos outros faz com que
o diálogo seja uma oportunidade para enriquecer-nos, e aceitar que o outro seja
diferente.
Se
não temos bem presente este segundo elemento, não podemos cumprir com o que é o
nosso carisma deixado por Pallotti como herança. O Santo Padre Francisco
recorda na exortação Evangelii Gaudium que a evangelização implica também um
processo de diálogo.
A
pessoa quando se depara com um problema, não se interessa tanto em resolvê-lo, quanto
poder comunicá-lo, ela precisa compartilhá-lo, e isso vai lhe dar alívio. Assim
é necessária a capacidade de ter empatia. Isto é, colocar-se no lugar do outro
para descobrir o porquê de suas atitudes, de suas necessidades. Não conhecendo
as diferenças, muitas vezes se perde a oportunidade de entender, compreender,
acompanhar e, sobretudo, de interpretar os sentimentos do outro. Isso pode ser
facilmente transferido para o campo da religião. O cristão e qualquer outra
pessoa que professa ou não uma fé, não deve zombar das crenças do outro por ser
diferente da minha.
Muitas
vezes acontece que alguns intelectuais e instruídos tendem a ser a favor da complementaridade e do
diálogo, mas alguns pretendem mostrar um monopólio cognitivo que não deixam
espaço para os outros. Este é um ponto-chave no diálogo entre ciência e fé.
Trata-se de evitar os vários “imperialismos” que procuram atribuir o monopólio
da verdade, para uma abordagem particular, importante ou nobre que seja
esquecendo que se pode chegar à verdade objetiva por diversos caminhos e que a
busca sincera da verdade exige respeito mútuo entre todos aqueles que a
procuram.
Oração
Senhor
Jesus, que nos ensinastes a amar-nos profundamente, para que possamos ser
felizes em nossa vida. Devemos entender que cada situação na vida é uma
oportunidade de amar-nos uns aos outros, de dar-nos um ao outro, buscar juntos
a verdade, mesmo na forma de como queremos construir a nossa relação fraterna,
apoiados por um amor que se manifesta no nosso diálogo. Ajude-nos a sermos esclarecidos
para lidar com as diferenças de opinião, porque queremos crescer sustentados
pela tua mão. Amém.
Reflexão
1.
Em que lugares e situações na sociedade onde moro, descubro que a paz não está
presente porque a justiça está faltando?
2.
Como é o nosso diálogo com os irmãos e irmãs que professam uma fé diferente da
nossa? Fechamo-nos em nossas posturas, ou buscamos maneiras de abrir um
diálogo?
3.
Lembrar um momento em que o nosso diálogo levou-nos de uma posição de distância
a uma experiência nova e positiva.
4.
Quais são as causas que não promovem o diálogo sobre temas religiosos?
5.
Propor um objetivo para melhorar o nosso diálogo na família.
Pe.
Fernando Bello SAC,
Promotor
da Formação Nacional,
Argentina