domingo, 27 de setembro de 2009

DOMINGO MISSIONÁRIO PALOTINO

DOMINGO MISSIONÁRIO PALOTINO
4 de outubro de 2009

Papua Nova Guiné é uma das maiores nações insulares do Sul do Pacífico, alguns afirmam que é a mais bonita. A ilha possui um vasto território marítimo. Papua Nova Guiné é um país com uma infinita variedade de montanhas e vales, de rios sinuosos, grandes extensões de pântanos,
florestas impenetráveis e pequenas ilhas que parecem jóias colocadas no mar. Em nenhum outro país se encontra uma tão grande diversidade e discordância de línguas e
costumes em uma população tão pequena (cerca 5‐6 milhões de pessoas) como a de Papua Nova Guiné. É muito difícil precisar quantas pessoas vivem em Papua Nova Guiné, porque não foi feito nenhum censo do governo até hoje e a falta de comunicação com as aldeias mais longínquas torna impossível calcular o número exato da população que ali vive.

Embora a população de Papua Nova Guiné seja relativamente pequena, como descrevemos
acima, existem ali muitas línguas e diversos dialetos (cerca de 380). Uma das aldeias situada perto da boca de Sepik (o maior rio da Papua Nova Guiné) é realmente maravilhosa. Os habitantes desta extraordinária aldeia usam duas línguas diferentes: as mulheres e os homens têm o seu próprio dialeto. O dialeto dos homens não tem nada em comum com aquele usado pelas mulheres. Ninguém sabe explicar como conseguem se entender. Talvez a linguagem do coração possa ser entendida por ambas as partes.
Quais poderiam ser as razões pelo qual existem tantos dialetos e línguas em Papua Nova Guiné?
A existência de cada pessoa, em Papua, é ligada a existência da própria tribo e aldeia. A língua foi criada pela necessidade da aldeia. Na época primitiva, quando os homens brancos não haviam
ainda posto os pés sobre a terra de Papua Nova Guiné, as pessoas do lugar não tinham motivos de se deslocar de um lugar para outro. Se algum destemido fazia uma visita a um vizinho, arriscava ser assassinado.
Por isso não havia motivo de se aprender “a língua mãe” das outras tribos. De qualquer modo, na época da civilização e do desenvolvimento do transporte e das estradas, o problema da comunicação se tornou sério. Para fazer fronte às dificuldades, foi criada uma nova língua. Essa língua devia ser o mais simples possível, para que as pessoas de Papua pudessem aprendê‐la facilmente. Deste modo “pidgin English” (versão
simples do inglês) tornou‐se a língua comum de todos. Porém, ainda tem pessoas que não conseguem falar o pidgin. A maior parte destas pessoas que não conseguem se expressar em pidgin é composta de idosos que ainda recordam as duas guerras mundiais.

O sucesso de Papua é devido à maravilhosa variedade de fauna e flora que dá um sabor especial na vida do país. Onde quer que se vá pode‐se deliciar os olhos com as praias, barreiras de corais que são um paraíso subaquático, cadeia montanhosa com o pico mais alto, o monte Wolheln, a 400m acima do nível do mar, grama alta (kunai), fauna rica de muitas espécies, entre elas pássaros do Paraíso que se encontram somente neste país. Com razão Papua Nova Guiné é chamada “Paraíso”.

Em Papua poucas são as famílias compostas com menos de 6 filhos. Uma vez, durante um
funeral, me contaram a história da vida do defunto. Ele era pai de 6 filhos e 3 filhas, vô de 59
netos, 28 bisnetos e 6 tataranetos. As famílias com muitos filhos devem enfrentar muitos
problemas e dificuldades, tais como o desemprego e a falta de dinheiro, o que não permite aos
pais mandar os filhos para a escola, além da falta de assistência médica. Estes e muitos outros
problemas causam alta taxa de mortalidade, analfabetismo, divórcio, poligamia e alcoolismo. E, se estas dificuldades são obstáculos para uma vida feliz, existem muitas pessoas, especialmente os jovens, que desejam cumprir sua missão e serem pessoas felizes. Em uma aldeia uma mulher foi até o padre e disse: “Padre, meu marido não me ama”. O padre maravilhado lhe perguntou:
“Como tu percebeste que teu marido não te ama? Que acontecimento te levou a esta conclusão?”
Ela respondeu: “Porque ele não me bate!”. De um lado pode parecer uma história divertida,
inventada por uma mulher, mas de outro, este simples exemplo mostra que a violência está arraigada na rotina familiar em Papua Nova Guiné. As crianças crescem e tornam‐se imitadores dos comportamentos de seus pais. Elas não são somente testemunhas das boas ações de seus pais, mas também daquelas brutais e monstruosas.

Um dia fui a uma aldeia a visitar os enfermos. Tinha um homem com o braço inchado, quebrado e enfaixado. Perguntei‐lhe o que havia acontecido. Ele me disse que havia sido espancado pelo filho. É muito difícil romper uma corrente de violência, como também é difícil ajudar as vítimas da violência. Quando encontrei este homem, já estava há duas semanas a espera de uma visita médica. Ele tinha ido ao Hospital Geral de Wewak (principal hospital da nossa Província), mas quando chegou ali não tinha ninguém que pudesse ajudá‐lo: a cirurgiã que devia estar presente pegou alguns dias de descanso e ninguém sabia onde encontrá‐la. Trata‐se da irmã Joseph, de origem inglesa, da Congregação Passionista, médica e cirurgiã especializada. Ela é a pessoa que verdadeiramente leva em frente o hospital de Wewak. Ela não estaria atendendo no hospital pelas próximas duas semanas. O que quer dizer isso para um homem com o braço quebrado? Ele deveria esperar ainda duas semanas para que a irmã Joseph fizesse os procedimentos de cura do braço. Tenho medo de pensar o que acontecerá quando a irmã Joseph não trabalhar mais no hospital.

Tem muitas pessoas que vivem na floresta que não tem cobertura de uma assistência médica. É
difícil para eles vir ao hospital mais perto. Em geral, leva um dia ou mais para trazer uma pessoa
doente ao hospital. Se a pessoa está em situação grave, somente um milagre pode salvá‐la, mas se isso não acontece à morte é certa.

A poucos meses uma irmã das Irmãs do Espírito Santo, irmã Francisca, veio da Eslováquia para
Papua Nova Guiné para trabalhar num pequeno pronto socorro na floresta, perto do rio Sepik. Seu trabalho consistia em ajudar as outras irmãs de sua congregação a cuidar dos enfermos das aldeias pertencentes à estação católica de Timbunke. Numa quarta‐feira de cinzas, no final da tarde, irmã Francisca se sentiu mal. Depois de algumas horas teve um colapso e perdeu a consciência. As outras irmãs procuraram ajudá‐la, mas apesar da cultura médica delas não conseguiram fazer nada. Estavam impotentes. Não tinha como ajudá‐la. Também a idéia de transportá‐la ao hospital de Wewak parecia uma idéia fora da realidade, ou seja, fora do alcance delas para aquela situação grave. Timbunke não tem nenhuma estrada para a cidade. Para chegar ao hospital à única saída era pegar o barco a motor e seguir a corrente por cerca de 6 horas, mais umas 4 a 5 horas de carro. Quando escurece fazer isso é impossível. A jovem irmã de 24 anos morreu por causa de uma úlcera no estômago. Em um país civilizado a vida da irmã Francisca seria salva, coisa impossível ali. A impotência venceu mais uma vez.

Fatos como estes acima descritos não são excepcionais em Papua Nova Guiné e a nossa
realidade mostra que este país não é 100% um “Paraíso”. É um lugar onde emergem claramente a nossa impotência, deficiência, incapacidade; um lugar que sem o amor de Deus, a fé profunda e as orações que sustentam nossos benfeitores nós não conseguiremos resistir por muito tempo.
Porém, estamos neste país que ouviu falar de Jesus pela primeira vez há 120 anos atrás e
procuramos fazer o nosso melhor para sermos testemunhas do amor de Deus pelos outros.


Os primeiros missionários chegaram a Papua Nova Guiné em 1896. Se considerarmos as pequenas ilhas que agora pertencem ao território de Papua, devemos admitir que a primeira missa foi celebrada cerca de 30 anos antes de 1896,
em uma pequena ilha chamada Trobriand, mas oficialmente o início do trabalho missionário estável em Papua Nova Guiné data de 1896. Os seis missionários alemães da Congregação do
Verbo Divino chegaram à região setentrional (atualmente distrito da Diocese de Aitape) estabelecendo‐se na ilha de Tumleo. A chegada deles foi precedida de grandes preparativos. A pequena casa onde morariam e a igreja foram construídas pelos Irmãos Steyl. Eles também providenciaram alimentos, roupas, as sementes para cultivar verduras, as ferramentas para trabalhar a terra. Tudo foi trazido de navio
da Europa. O peso total da carga era de 50 toneladas. Um dos primeiros missionários escreveu
brincando com o seu superior que não tinha possibilidade de ofender o voto de pobreza. Depois
de 18 anos do início do trabalho missionário em Papua, o número de missionários chegou a 86,
mesmo tendo 27 deles morrido por complicações devido à malária e outras doenças tropicais e 30 padres ou irmãos doentes tendo retornado aos seus países de origem. Um passeio pelo cemitério de Alexishafen e Wirui nos ajuda a refletir como era difícil o trabalho missionário nos
anos de pioneirismo.

Este é o início do Cristianismo em Papua Nova Guiné. Mas como iniciou o trabalho dos
Palotinos em Papua?

Todo início é difícil, mas aceitar o desafio do desconhecido pode ser motivo de grande alegria. O desafio de anunciar a boa notícia em Papua Nova Guiné foi aceito dos Padres e Irmãos Palotinos em 1990. Raymond Kalisz SVD, bispo da Diocese de Wewak, pediu aos Palotinos que mandassem padres para a Província do leste de Sepik. Havia muitas paróquias sem padres e uma grande falta de padres que trabalhassem na diocese. O convite foi aceito e os dois primeiros Palotinos foram enviados à Papua Nova Guiné: Pe. Krzysztof Morka SAC e Pe. Marian
Wierzchowski SAC.
Ir. J. Namyślak, Pe. J. Bilik, Pe. L. Rykała, Pe. P. Kotecki,
Pe. G. Orsolin, Pe. D. Woźniak
Chegaram a Papua Nova Guiné cerca 100 anos depois do início do trabalho missionário neste país, mas isso não significava que depois de 100 anos de trabalho que o nosso fosse mais fácil. Eis os primeiros relatos dos missionários: “Em 30 de janeiro eu e Marian chegamos ao Porto moresby e pela primeira vez colocamos o pé na terra da Diocese de Wewak. Esta se tornou a terra prometida para nós, mandados por Deus para permanecer e trabalhar aqui (...). Estamos
sós aqui nesta terra estrangeira esperando ser sustentados por todas aquelas pessoas que prometeram rezar por nós (...). O que acontecerá somente Deus sabe. A nossa vida neste país será dedicada a descobrir os planos de Deus”.
Deus bendice o trabalho dos primeiros Palotinos e enviou mais sacerdotes e irmãos à Sua vinha plantada em Papua Nova Guiné: Pe. Andrzej Kozminski SAC e Pe. Piotr Czerwonka SAC (1991), Pe. Jerzy Suszko (30.05.1993), Pe. Jan Rykala SAC e Pe. Dariusz Wozniak SAC (01.11.1994), Pe. Jacek Bilik SAC (26.10.1996), Ir. Janusz Namyslak SAC (15.11.2002) e Pe. Pawel Kotecki SAC (4.11.2003). Houve então pedidos de dispensa da missão. As dispensas deram‐se por muitas razões, mas em grande parte foram por motivo de doenças. Alguns padres acima mencionados tornaram para a Polônia e iniciaram um trabalho pastoral ali ou em outros países. Atualmente somos 5 padres e 1 irmão que trabalham aqui em Papua Nova Guiné.Pe. G. Orsolin, Pe. J. Łuczak, Pe. P. Kotecki
Cada um de nós depois de ser introduzido no trabalho missionário e depois de fazer um curso
rápido de pidgin, começou o trabalho pastoral na paróquia compartilhando com as pessoas os
períodos bons, mas também os problemas e dificuldades, como enfrentar a solidão, lutar com os
pernilongos, matar cobras, lutar contra as crenças que ainda vivem o povo local, e aprender a
sobreviver na posição de quem não possui um carro... mas, tudo aquilo que fazemos, fazemos
como dizia São Vicente Pallotti: Ad Infinita Dei Gloria.

Os nossos corações estão cheios de alegria pelo trabalho pastoral que temos para desenvolver nas paróquias e pela oportunidade de ajudar os paroquianos em suas necessidades. Em Ulupu, onde Pe. Piotr Czerwonka é pároco, foi criada uma padaria na floresta. Um grupo de mulheres, viúvas e mães solteiras, se ocupam da padaria. Enfrentam muitas dificuldades para sustentar suas famílias. Para pagar a escola dos filhos, que não custa pouco (30 dólares para as primeiras séries do ensino fundamental cada ano e 650 dólares para as séries do ensino secundário) estas mulheres labutam muito. Todas as quintas‐feiras este grupo assa o pão que é vendido no mercado e permite de ganhar alguns trocados que ajuda as mães a pagar a mensalidade da escola das crianças. Mas para fazer este trabalho havia necessidade de um forno. Como transportar um na mata fechada? Para resolver o problema Pe. Piotr inventou um forno para a floresta. Para fazê‐lo ele usou tonéis de gasolina de 200 litros. Colocou estes tonéis em cima de tijolos e os cobriu com cimento para assegurar que o calor não saísse; colocou uma pequena porta em um dos fundos dos tonéis, ao passo que a fornalha foi colocada embaixo dos tonéis. Desta maneira Pe. Piotr e o grupo de mulheres podem desenvolver este extraordinário trabalho; todas as quintas‐feiras Pe. Piotr prepara pães frescos tão esperados por todos nós e que permite as mulheres pagar as taxas escolares.

As pessoas de Papua Nova Guiné são entusiastas em participar da organização das paróquias.
Elas colocam alma e coração quando preparam as atividades esportivas, piqueniques na praia e
trabalhos em pequenos grupos. Nos dias de festa as missas celebradas são cheias de danças
tradicionais que exprimem a alegria e felicidade deste povo. Jovens e crianças estão se
organizando em grupos, quais sejam: Antioquia, Juventude Católica, grupos musicais, jovens da
Legião de Maria. As crianças em geral freqüentam os cursos dominicais onde tem a oportunidade
conhecer e aprender sobre a fé católica. Os membros das escolas dominicais da paróquia Roma,
cujo pároco é Pe. Jacek, são maioria em relação aos membros das escolas dominicais das outras
paróquias. A cada domingo 600 crianças participam dos encontros para aprender alguma coisa
sobre Jesus e a Sua vida.


Os católicos em Papua Nova Guiné gostam muito de procissões. A distância destas procissões, que
freqüentemente é maior que 15 km, não os
desencorajam. As celebrações da sexta‐feira Santa preparada pela paróquia de Boran sempre se transformam em uma grande manifestação de fé. Não importa o tamanho: a Procissão de Via Crucis atrai o interesse de milhares de pessoas todos os anos.

O envolvimento dos paroquianos não seria possível se o pároco os tivesse abandonado. As paróquias são grandes e abrange muitas aldeias distantes da sede paroquial. O padre não consegue celebrar a missa em todas as aldeias que abrange a paróquia, todos os domingos. Por esta razão as “explorações”, isto é, as visitas do pároco as aldeias mais longínquas, são essenciais para a vida da paróquia. Freqüentemente não se consegue chegar a algumas aldeias de carro ou de moto. Tem somente um jeito: caminhar dezenas de quilômetros pela floresta. Geralmente estas explorações podem durar poucos dias ou algumas semanas. Durante estas visitas temos tempo para resolver os problemas da comunidade, para preparar Batismos, atender confissões, prepará‐los para a primeira comunhão e matrimônios. As pessoas que vivem nas aldeias são hospitaleiras e procuram fazer com que suas casas, feitas com materiais da floresta, sejam acolhedoras para o padre, compartilhando tudo aquilo que têm: alimentos saborosos (vermes que vivem nos troncos das palmas de sagu, filé de porco, cobra que tem o sabor de frango frito e batata doce que se assemelham as batatinhas vendidas nos fastfood). Quem está ali pode esquecer o banho nos banheiros modernos: somente o rio e os estoques de água estão a disposição.

Existem inúmeros exemplos que mostram a felicidade e alegria da vida missionária, como
também existem ainda muitos exemplos de desencorajamento. A pergunta sem resposta é: “Há
necessidade de mim aqui?”.

Um dos principais obstáculos que devemos superar é a barreira da crença ancestral,
profundamente enraizada. A espiritualidade dos habitantes de Papua Nova Guiné é eclética. A
crença deles parece a composição de dois elementos: a fé cristã, dominada das crenças ancestrais. Um bom exemplo pode ser o “sanguma”. Em pidgin a palavra “sanguma” quer dizer mágico, bruxo ou veneno. Quando ocorre uma morte imprevista na aldeia – especialmente a de um jovem – os habitantes interpretam esta morte como “saguma”. Todas as explicações dadas pelos médicos, de que a causa da morte pode ter sido por tuberculose, malaria ou AIDS, são inúteis para os familiares para os quais a causa da morte é somente uma “saguma”. A família procura o responsável pela morte, que pode ser até mesmo um da própria família ou um vizinho de outra aldeia. Qualquer que seja o resultado desta procura a sentença é sempre a mesma: morte. Em uma das aldeias da província de Chimbu, uma jovem morreu imprevistamente. Depois do funeral a família da jovem anunciou que uma senhora idosa de uma aldeia vizinha era a responsável pela morte de sua filha. A senhora idosa, que era manca, arbitrariamente condenada à morte, se refugiou junto aos seus familiares que viviam na cidade, esperando que com o passar dos anos a sentença seria esquecida. Depois de muitos anos ela retornou do exílio. A sentença não tinha sido esquecida. O seu corpo foi cortado com machado e facão e golpeado por uma lança.
Geralmente às quintas‐feiras, na prisão situada na paróquia de Boram, são ministradas as lições
de catequese. O pároco da paróquia de Boram estava entrando para ministrar as lições quando foi abordado pelo guarda do portão da entrada. O guarda contou ao pároco a história de um homem que tinha sido capturado e colocado na prisão. Este homem foi consultar um bruxo para pedir conselho do que ele deveria fazer para transformar‐se em um homem forte. O bruxo lhe disse que deveria matar seu filho caçula e comer suas vísceras. Ele o fez. Sacrificou a vida de seu filho para realizar um desejo ilusório de transformar‐se em um homem forte.

Outro grande obstáculo são as guerras tribais. Freqüentemente acontecem manifestações de
competição de prestígio, autoridade e intimidações uns com os outros. Também freqüentemente
ocorre derramamento de sangue. Recentemente duas aldeias fizeram guerra na paróquia de Roma. O motivo era um pedaço de terra, uma terra devastada, tapada de uma grama alta (kunai). Uma família havia plantado bananas, mas o proprietário da terra não gostou e cortou as bananeiras e o conflito começou a se agravar: discussões, rixas, etc. Um dia as partes se afrontaram com armas (roubadas da caserna da polícia ou feitas artesanalmente). Uma pessoa foi morta e outras seriamente feridas. O medo passou a reinar nas aldeias, as crianças ficavam fechadas dentro de casa em vez de irem à escola (os pais tinham medo que pudessem ser seqüestradas). A aldeia do homem que foi morto pediu um ressarcimento de 100.000 kina (cerca de 40.000 dólares). Mais cedo ou mais tarde, o dinheiro resolverá o problema. Mas quando a paz poderá reinar nas duas aldeias e seus habitantes se entender? É possível que isso
aconteça? A mentalidade de Papua Nova Guiné não conhece o significado da palavra “perdão”. Eventos como aqueles que aconteceram estão sempre vivos nas memórias das pessoas e
com o passar dos anos, as pessoas envolvidas na guerra ou nos episódios se tornam heróis. Esta guerra persiste até hoje e não apresenta sinais de que a agitação vá terminar logo.

Pe. Krzysztof Morka


Estas histórias narradas acima, alegres ou tétricas, aconteceram nas paróquias onde trabalham os Padres e Irmãos Palotinos. Esta é a nossa vida aqui, neste país chamado “Paraíso”. A nossa força e o nosso refúgio está em Deus e nas orações de todas aquelas pessoas que nos prometeram rezar por nós. Por favor, continuem a sustentar‐nos com as vossas orações e a vossa ajuda constante.

Agora trabalham em Papua Nuova Guiné os seguintes confrades palotinos: Pe. Bilik Jacek, Pe.
Kotecki Paweł, Pe. Morka Krzysztof, Ir. Namyślak Janusz, Pe. Rykała Jan e Pe. Woźniak Dariusz.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SACERDOTES PARA UM POVO SACERDOTAL

Olhando para a realidade das nossas comunidades, no decorrer deste ano sacerdotal, duas coisas saltam aos olhos: é preciso rogar ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe (Cf. Mt 9,38); ao mesmo tempo, cada vez mais temos de tomar consciência que somos um povo sacerdotal no qual Nosso Senhor quer derramar com abundância os seus dons para a missão.
O contexto que antecede a primeira leitura ilustra-o de forma clara: Trata-se de Moisés desde a manhã até a noite sozinho, sobrecarregado em julgar as questões do povo. Seu sogro Jetro observava aquela situação. Assim, com sabedoria, deu-lhe um conselho: “«Não está bem aquilo que estás a fazer….Agora, escuta a minha voz; vou dar-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Tu estarás em nome do povo em frente de Deus, e tu próprio levarás as causas a Deus. Adverti-los-ás dos preceitos e das instruções e dar-lhes-ás a conhecer o caminho que devem seguir e as obras que devem praticar. Escolhe tu mesmo entre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens íntegros, que odeiem o lucro ilícito, e estabelecê-los-ás como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez…. Toda a questão que seja grande, eles a apresentarão a ti, mas toda a questão menor, julgá-la-ão eles mesmos. …Se fizeres desta maneira, e se Deus to ordenar, tu poderás permanecer de pé, e também todo este povo entrará em paz nas suas casas.»” (Exodo 18,17-24) Na leitura que ouvimos, vemos como este conselho foi imensamente agradável a Deus e como Nosso Senhor queria derramar os seus dons para o serviço do povo: até mesmo duas pessoas que tinham os seus nomes na lista dos setenta e que não estavam presentes, começaram a profetizar no acampamento. Ao ciúme demonstrado por Josué, Moisés retruca: “«Tens ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor profetizasse, que o Senhor enviasse o seu espírito sobre ele!” (Num 11,29) Este desejo de Moisés foi cumprido por Nosso Senhor no Novo Testamento. No dia de Pentecostes São Pedro explicando o que tinha acontecido àqueles homens e mulheres (também fiéis leigos, portanto) disse: “Não, estes homens não estão embriagados como imaginais, pois apenas vamos na terceira hora do dia.6Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar…;” (Actos 2,15-17) Sobre esta complementaridade do sacerdócio comum dos fiéis leigos e dos presbíteros, diz João Paulo II: …”através dele(sacramento da ordem), é outorgado aos presbíteros, por Cristo no Espírito, um dom particular para que possam ajudar o Povo de Deus a exercitar com fidelidade e plenitude o sacerdócio comum que lhes é conferido.” (Pastores dabo vobis 17)

O mundo precisa de muitos sacerdotes que ofereçam a Deus a própria vida, de reis com Cristo que atraiam o Reino de Deus aos diversos ambientes, e de profetas. São Tiago profetizou na segunda leitura. Denunciou a realidade injusta dos ricos que queriam acumular e para isso fraudavam o salário dos seus empregados. No sentido mais popular de profecia, inclusive prevê o futuro: diz que se continuarem a viver assim terão como quinhão a condenação eterna.

O Evangelho vem confirmar: “Haviam muitos “demónios” para serem expulsos no tempo de Jesus. Não bastavam os Apóstolos para fazê-lo. Um desses “demónios” Jesus cita logo abaixo: o escândalo dos pequeninos. Depois de ter dito na semana passada: “«Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.” (Mc 9,37); hoje apresenta o reverso da moeda: “«E se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar.” (Mc 9,42) Será que, por exemplo, muitos programas de TV, e algumas modas, não deveriam ser jogados no fundo do mar com uma pedra de moinho? O que Jesus diz a seguir afirma que sim: “E se um dos teus olhos é para ti ocasião de queda, arranca-o; mais vale entrares com um só no Reino de Deus, do que, com os dois olhos, seres lançado à Geena, onde o verme não morre e o fogo não se apaga.” (Mc 9,43-48) Para expulsar esses “demónios”, e tantos outros, Jesus não pode contar apenas com os Apóstolos (ordenados), mas com todo o povo sacerdotal, profético e régio dos baptizados. Vamos exercer o nosso Sacerdócio comum e se for o caso, também ordenado? Claro que sim. Senhor Dá-nos a Sua coragem, pois queremos ser construtores da paz onde nós vivemos. Rainha dos Apóstolos, Rogai por nós. Amém.

Para as células de Evangelização:
Quando em tua vida pudeste perceber que exercias o teu sacerdócio comum dos fiéis leigos na obra da evangelização? Sentistes alegria com isso? Em que circunstância percebeste que o padre, naquele momento, agia “im persona Christi”, ou seja na Pessoa de Cristo, como instrumento da Divina Misericórdia para si?

Pe. Marcelo

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Jubileu do Pe. José

Nossa comunidade paroquial em Novo Airão esta em grande ação de graças à Deus pelos 50 anos de sacerdócio do nosso querido Pe. José Maslanka SAC.No Amazonas poucas vezes celebra- se jubileu de vida sacerdotal, por isso nossa alegria é ainda maior, pois podemos nos alegrar com nosso missionário, que durante 36 anos vive em Novo Airão dando suas forcas para pregar o evangelho.

Nossa grande ação de graças começou já a algumas semanas antes do dia 20 de setembro. Muitas pessoas de toda paróquia esforçaram se para agradecer à Deus pelo jubileu de ouro.

Na sexta- feira dia 18 unimos nossas orações na frente do Santíssimo Sacramento para junto com Pe. João Sopicki SAC, que trabalhava nesta paroquia junto com Pe. José nos ultimos 5 anos, louvar à Deus pelo dom da vida e vocação do Pe. José.
Sábado foi o dia de preparação da grande festa. Teve vários preparativos. Chegaram muitos convidados, entre eles nosso superior Pe. João Pedro Stawicki SAC e Pe. Ceslaw Zajac SAC – colega ainda do tempo de seminário de Pe. José. A cozinha do centro social ficou cheia de gente pois um boi inteiro estava sendo preparando para o almoço festivo. Sábado à noite na praça atrás da igreja de Santo Angelo, grupos e movimentos da paróquia reuniram -se para agradecer ao Pe. Jose, não só pelos 50 anos de sacerdócio mas principalmente pelos 36 anos de trabalho e dedicação em Novo Airão. Crianças, tão amadas pelo Pe. José foram as primeiras que prestaram homenagem ao aniversariante. Para lembrar os bons momentos da vida e de muito trabalho que o Pe. José fez pela comunidade foi apresentada uma filmagem com fotos e dados históricos.

Domingo, dia em que Pe. José comemora 76 anos de vida e também agradece à Deus pelos 50 anos de vida sacerdotal, começou muito cedo. Já às 6 horas da manhã os paroquianos com música e cantos chegaram na casa de Pe. José para fazer a tradicional alvorada, depois teve o café da manhã com o aniversariante. As 10 horas começou a santa missa, na qual chegaram vários amigos do Pe. José. Para essa data especial veio o arcebispo de Manaus Dom Luiz Soares Vieira e o bispo da prelasia de Borba, Dom Eloi Roggia SAC. Dom Luiz pediu para que Pe. José fosse o presidente da Santa Missa.

No ínicio da celebração o Pároco, Pe. Artur Karbowy SAC, deu as boas vindas à todas pessoas que vieram, para juntos agradecer à Deus e alegrar -se com a presença missionária do nosso aniversariante.


Durante a procissão da Bíblia as catequistas entraram fazendo uma típica dança cabocla colocando a Palavra de Deus na frente do altar.
Durante a homilia Dom Luiz agradeceu ao Pe. José pelo vigor missionário e todo trabalho que esta fazendo visitando 54 comunidades na beira do Rio Negro. Lembrando as palavras de São Vicente Pallotti o arcebispo convidou todas as pessoas para cantar o magnificat à Deus pelo dom da vocação sacerdotal.
Na procissão das ofertas, o casal que há 36 anos atrás foi o primeiro a receber o sacramento do batismo e casamento pelas mãos de Pe. José, entraram com a cópia da barca Santa Maria do Rio Negro na qual Pe. José esta percorrendo o Rio Negro evangelizando as comunidades ribeirinhas.

Nem todos puderam vir para o grande jubileu, por isso foram lidas também mensagens que chegaram para Pe. José de Dom José Maria Maimone SAC e da Casa Geral dos Palotinos em Roma. Pe. Artur entregou para o Pe. José especial benção apostólica concedida pelo Papa Bento XVI.
Terminada a eucaristia Pe. João Pedro em nome de todos os palotinos agradeceu pela oração comunitária e lembrou os mais importantes momentos da vida de Pe. José.

Depois da Missa Pe. José foi convidado para entrar no bugre, que durante vários anos foi o carro de Pe. José, para ir no centro social NS Auxiliadora, onde foi servido um delicioso almoço e todos puderam ver a exposição sobre a vida de São Vicente Pallotti.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ano Sacerdotal

A espiritualidade sacerdotal segundo Vicente Pallotti

O Secretariado Geral para a Formação retoma novamente as reflexões mensais de “Belém”. Para estarmos em sintonia com as orientações da Igreja, queremos recordar que, no dia 16 de junho passado, o Papa Bento XVI convocou todos os sacerdotes para a celebração do ano sacerdotal, por ocasião do sesquicentenário (150 anos) do aniversário da morte de São João Maria Vianey, padroeiro de todos os párocos do mundo. O Papa, na sua carta de abertura, indicou a finalidade desta iniciativa: “... promover o esforço e renovação interior de todos os sacerdotes, para que sejam mais fortes e incisivos no testemunho evangélico no mundo de hoje”, recordando-nos que o Santo Cura D’Ars dizia: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”. Seguramente, este Ano Sacerdotal nos proporcionará uma ampla oportunidade para refletirmos sobre os temas propostos pela Igreja. Queremos assinalar alguns aspectos e perspectivas palotinas, que nascem da espiritualidade sacerdotal, tanto na vida como nos escritos de nosso Fundador. 1. O primeiro aspecto a ser notado é que Pe. Vicente procurava bons modelos para a sua vida sacerdotal e se deixava inspirar por eles. Assim desenvolveu-se a sua visão consciente do sacerdócio. Podemos sublinhar as influências que recebera de alguns padres do seu tempo, como Pe. Fazzini, seu diretor espiritual durante muitos anos. Ele também tinha o costume de ler os escritos daqueles que considerava “santos sacerdotes”. A primeira figura que emerge é a de São Felipe Neri. As suas “conferências sobre o Espírito Santo” e a sua incansável dedicação no confessionário inspiraram o jovem Padre Vicente no guiar das almas ao caminho da santidade; além disso, Pallotti o chamava de “Apóstolo de Roma”, pelo seu trabalho eclesial cotidiano.

Pallotti se deixou influenciar também, espiritualmente, por São Francisco de Sales. Referia-se aos seus ensinamentos sobre a oração, e sobre a devoção religiosa cotidiana; citava alguns dos seus conselhos sobre o ministério da reconciliação, por exemplo. O sacerdote, ao tratar das enfermidades da alma, deve ter a prudência de um médico.

2. O segundo aspecto é a sua insistência a fim de que o sacerdote, e aquele que aspira a sê-lo, tenha “...bem radicado o espírito de perfeito sacrifício no coração... e que ninguém tenha a coragem de entrar neste tipo de vida sem que tenha ao menos, a disposição para adquirir o perfeito espírito de sacrifício” (OOCC II, 547). Pe. Vicente ficava profundamente comovido pelo fato de Jesus ter entrado no mundo para trazer a salvação com um espírito de perfeito sacrifício, pela sua humilhação ao fazer-se homem, não por vontade própria, mas para a glória do Pai, e pela salvação das almas. O sacerdote, e aquele que deseja sê-lo, deveria imitá-Lo com prontidão para viver com este espírito de sacrifício, com a atitude de mostrar-se morto ao mundo e a si mesmo, com aquela disposição espiritual que levou São Paulo a afirmar: “...não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Pe. Vicente dizia que o sacerdote é chamado a uma estreita identificação com Jesus. Deve interiorizar suas disposições até torná-la própria; disposições que se evidenciam só em uma vida em total comunhão com Ele, em um serviço desinteressado e generoso na pastoral e no apostolado.

3. “Ser santo para poder guiar outros no caminho da santidade” é uma síntese aproximada de quanto Pe. Vicente prescreve nas “Regras para os Seminários” (OOCC II, 257-272). Ele afirma que o sacerdote é chamado a ser “luz do mundo e sal da terra”, para “verdadeiramente santificar as pessoas”; e insiste em tal aspecto, declarando: “para aquela suma necessidade de uma santidade radicada nos sacerdotes se requer que quando um chega a ser sacerdote, deve ser santo”. Que desafio! Que responsabilidade! O sacerdote deve ser um santo! E se esta é a vocação do sacerdote, ele deduz que o seminarista “...tem a necessidade de ter uma formação no seminário que o leve a uma santidade vivenciada ...com todas as regras da vida espiritual” (OOCC II, 262). Por isso, ele encoraja o seminarista e o sacerdote para que abracem a vida de santidade, para poderem acompanhar e guiar outros no mesmo caminho.

1. O aspecto da colaboração mútua na Igreja. Uma das intuições mais acuradas de São Vicente Pallotti foi o da colaboração na Igreja. A cooperação esteve sempre no centro da missão da Igreja no mundo, e encontra seu exemplo e modelo na pessoa de Jesus Cristo, que queria formar os seus discípulos e apóstolos na comunhão com Deus e também entre si. Pe. Vicente tinha plena consciência das inúmeras forças que trabalham contra a colaboração e que procuram, a qualquer custo, dividir as pessoas e também fragilizar o impacto da mensagem evangélica. Ele estava convencido de que cada cristão recebe dons do Espírito Santo para contribuir com a vida e a missão da Igreja. Segundo Pallotti, o homem prático e rico de experiência, para atingir o desejo de Jesus de formar “um só rebanho sob um só pastor”, precisa unir todas as forças. Por outro lado, estava também convencido de que existe uma contínua e perfeita cooperação no seio da Santíssima Trindade. Por isso, a forma da sua Pia União do Apostolado Católico é a agregação de pessoas de todos os estados de vida e de todas as classes sociais, para que juntos participem da mesma missão confiada à Igreja de Jesus. Ele assim exprime: qualquer um que queira seguir seriamente o caminho espiritual proposto por Ele deve ter: “...o mais vivo, generoso e perfeito desejo de cooperar em tudo, sempre para a maior glória de Deus e a salvação das almas, a fim de que não falte em ninguém o desejo, segundo o espírito da Lei da nossa Congregação, de se fazer uso dos meios oportunos, a fim de que todos os LEIGOS, CLÉRIGOS E SACERDOTES, sejam vivos, generosos e perfeitos de desejos pela maior glória de Deus e a salvação das almas” (OOCC VII, 20).

O Papa João Paulo II, na ocasião da sua visita no Centro de Espiritualidade, na Igreja de San Salvatore in Onda, enfatizou este aspecto de São Vicente Pallotti, dizendo: “Quando o vosso fundador fala de apostolado e da sua obra, repete frequentemente as expressões: ‘reunir’, ‘unir’, ‘congregar’, ‘cooperar’. Ele compreendeu quanto os sacerdotes, leigos, religiosos e seculares devem estar unidos no apostolado, para servir eficazmente a Igreja”.

Estes quatro aspectos, que fazem parte do nosso patrimônio espiritual e constituem a nossa identidade, nos estimulam a viver este “Ano Sacerdotal”, com um espírito renovado na escola do Santo Cura D’Ars e do nosso Santo Fundador, sacerdote, apóstolo, discípulo, servo da Igreja e homem carismático.

(Da tese doutoral de Pe. Reginald Temu, SAC, “St. Vincent Pallotti’s spirituality of the priesthood and its impact on cooperation with the laity”).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A “CATEQUESE” DE CRISTO

No Evangelho de hoje vemos Jesus a ter uma “catequese” particular com os seus discípulos: “Partindo dali, atravessaram a Galileia, e Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ia instruindo os seus discípulos.” (Mc 9,30-31) Ensina-lhes o caminho do amor que passa pela cruz: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.” Jesus, como bom pedagogo fortalecia os seus discípulos alertando dos sofrimentos do Seu caminho.

A Igreja, como mãe e mestra nos vem também alertar, na presente liturgia, dos combates que Cristo viveu e também o cristão é chamado a travar. Na primeira leitura alerta-nos das perseguições do mundo: “Armemos laços ao justo porque nos incomoda, e se opõe à nossa forma de actuar. Censura-nos as transgressões da Lei, acusa-nos de sermos infiéis à nossa educação. Ele afirma ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do Senhor! Ele tornou-se uma viva censura para os nossos pensamentos; só o acto de o vermos nos incomoda,…” (Sabedoria 2,12-14)

Na segunda leitura, vemos aquele que é talvez o pior combate, pois trata-se de “inimigos domésticos”, em nós mesmos: “De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões que se servem dos vossos membros para fazer a guerra? Cobiçais, e nada tendes? Então, matais! Roeis-vos de inveja, e nada podeis conseguir? Então, lutais e guerreais-vos!” (Tg 4,1-2) Não esqueçamos também aquele que quer instigar tais tendências que é o maligno. Eis ai o tríplice combate do Cristão: o mundo, a carne e o demónio. Mas não desanimemos, pois Nosso Senhor nos garante através de São Paulo: “Não vos surpreendeu nenhuma tentação que tivesse ultrapassado a medida humana. Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças, mas, com a tentação, vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar.” (1 Cor 10,13) O que precisamos é clamar como no Salmo de hoje: “Mas o Senhor é o meu amparo, Ele me protege a vida.” Será que uma das falhas pedagógicas mais crassas do nosso tempo, não tem sido prometermos aos nossos educandos um “mar de rosas”? Santo Agostinho falando aos pastores, exorta-os a não ser assim. Citando a Escritura ele disse: “Todos os que quiserem viver piedosamente em Cristo sofrerão perseguições”, e por tua conta vais dizendo: -‘Se viveres piedosamente em Cristo terás tudo em abundância. E se não tens filhos hás de tê-los e poderás alimentá-los com abundância sem que nenhum deles te morra’. É este o teu processo de construir? Repara no que fazes e onde constróis. Estás a construir sobre a areia. Virão as chuvas, transbordarão os rios, soprarão os ventos e investirão sobre esta casa, e ela cairá e será grande a sua ruína. Retira da areia tua construção, edifica sobre a pedra; quem deseja ser cristão, tenha o seu fundamento em Cristo. Considere os sofrimentos humilhantes de Cristo; olhe para Aquele que sem pecado pagou o que não devia…”

Estamos a iniciar mais um ano catequético. Jesus nos garante no Evangelho de hoje: “Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.»” (Mc 9,36) Precisamos de mais pessoas corajosas que queiram ensinar a fé e os mandamentos de Deus às nossas crianças.

Pode ser que alguém receba, em parte, já aqui na terra a recompensa de seu trabalho na messe do Senhor, como uma pessoa das nossas paróquias que viveu em África e teve de voltar a Portugal na época das guerras de descolonização. Durante uma rusga das guerrilhas, viram-se aflitos pois começaram a fazer das suas diabruras para provocá-los e estavam mesmo em risco de vida, quando um dos adolescentes armados reconheceu que a senhora tinha sido sua professora e disse ao comandante da rusga. O comandante perguntou se ela tinha sido boa professora, ao que ele disse que sim. A essa resposta a guerrilha deixou-os em paz. Porém, a principal recompensa não é esta. A melhor e única a que devemos aspirar é aquela que Nosso Senhor nos promete através do profeta Daniel: “Os que tiverem sido sensatos resplandecerão como a luminosidade do firmamento, e os que tiverem levado muitos aos caminhos da justiça brilharão como estrelas com um esplendor eterno.” (Daniel 12,3) Já aceitaste alguma vez na vida o desafio a ser catequista?

Para as Células de Evangelização:
1-O que Nosso Senhor fez por ti e o que fizeste por ele neste tempo em que as Células não se reuniram?

Pe. Marcelo

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Morte do Pai do Pe. Tadeu

Pax Christi !!!

Com tristeza quero informar sobre a morte do Pai do nosso querido Pe. Tadeu Domanski. Estamos com Ele nesta difícil hora do adeus... Ainda mais, quando a distância é grande e não pode ir ao funeral. Seu Pai, Jozef Domanski faleceu com 88 anos de idade, após um derrame. Confiemos sua alma a misericórdia do Pai Eterno.

O enterro acontecerá em Celiny na Quarta-feira, dia 16 de setembro, quem puder, venha para a igreja de são Roque 7 da manhã no horario da Missa de corpo presente, concelebrar a Missa com Pe. Tadeu.

Pe. João Stawicki

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A FÉ VIVA

As leituras da Palavra de Deus neste Domingo nos mostram a importância da fé firme e certa, mas também que esta fé deve actuar por meio da caridade.
São Pedro, por uma luz especial do Pai, acertou em cheio na clareza da fé: “«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela.” (Mt 16,16-18) Esta clareza na fé é um dom que Nosso Senhor concedeu a Pedro e aos seus sucessores. É um dom preciosíssimo, pois “sem a fé é impossível agradar-lhe; e quem se aproxima de Deus tem de acreditar que Ele existe e recompensa aqueles que o procuram.” (Cf Hb 11,6) Desse modo vemos quão importante é estar unido espiritualmente ao Santo Padre o Papa pois a ele Jesus deu a garantia de não errar em questões de fé e de moral.

No entanto só a fé não basta. São Tiago na segunda leitura denuncia esta realidade, pois a fé tem que operar pela caridade: “Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.” (Tg 2,17) Santo António de Lisboa em sua pregação no dia de Pentecostes assim disse: “Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as vêem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas.”

A própria geografia da terra Santa e de modo especial do local onde aconteceu o Evangelho de hoje, nos fala desta realidade: trata-se de Cesareia de Filipe. Se olharmos no mapa da terra Santa, veremos que é justamente aí que nasce o Rio Jordão. Este rio que percorre a maior parte do território de Israel, leva consigo a vida em abundância por onde passa. No seu percurso rumo ao sul, forma dois grandes lagos, que pela sua extensão são chamados de “Mar”: O Mar da Galileia e o Mar Morto. Estes dois mares ilustram muito bem o que acontece com a fé viva e a fé morta de que nos falam as leituras de hoje. O Mar da Galileia é abastecido pelo Rio Jordão, mas não termina em si mesmo. Ele transborda, e o Rio Jordão, depois de formar o Mar da Galileia, continua o seu curso, dando vida a mais terras. Afinal, ele desemboca no Mar Morto, que é muito maior em extensão do que o mar da Galileia. Este se encontra na maior depressão do mundo, centenas de metros abaixo do nível do mar e não doa as suas águas. As águas do Jordão ao chegar no mar Morto, ou evaporam ou são absorvidas pelo solo. Consequência: O Mar da Galileia é cheio de vida - inclusive era onde os Apóstolos pescavam; e o Mar Morto é o que o seu nome diz: Morto. Tem uma tal salinidade que nenhum peixe ai sobrevive.

Esses dois mares são também uma imagem para nós. A Fé verdadeira é essa nascente límpida, como a do Rio Jordão aos pés do monte Hermon em Cesareia de Filipe, que dá sentido pleno à nossa vida. À imagem do Mar da Galiléia, Nosso Senhor quer nos encher das Suas Graças e Misericórdias, para que possamos transbordar para os outros.
Oremos: Senhor, Pedro naquela altura não percebeu que era preciso estar disposto a dar a vida na sua vocação. Até antes da paixão disse que daria a vida por vós, mas só a deu depois de ter recebido a força de Pentecostes. Senhor, confessamos também a nossa fraqueza. Ajuda-nos a dar a vida em nossa vocação, e de ser canais uns para os outros dos dons materiais e espirituais que tão generosamente nos concedeis. Isto vos pedimos por Cristo nosso Senhor. Rainha dos Apóstolos, Rogai por nós.

Pe. Marcelo

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

NOSSOS PIONEIROS NA AMÉRICA DO SUL

O quarto reitor geral da Sociedade do Apostolado Católico foi o P. Giuseppe Faà di Bruno. Não era romano e governou a Sociedade pelo espaço de vinte anos (1869-1889), o período mais longo para um reitor geral em nossa história. Poderíamos dividir seu governo em dois períodos. No primeiro salvou da extinção a obra orgânica da Sociedade de São Vicente Pallotti através da consolidação de seus fundamentos e de seu apostolado. Começou a Obra Vocacional, já iniciada pelo sucessor imediato do Fundador, P. Vaccari, reabrindo o noviciado em Rocca Priora que havia sido fechado pelo P. Auconi, terceiro sucessor de Pallotti e habilitando novamente Roma para os estudos. Mesmo assim abriu um segundo noviciado em Ipswick, Inglaterra, e, durante o anticlericalismo que chegou ao poder em Roma com a anexação da cidade ao Reino de Itália, em 1870, abriu uma casa de formação e de estudos em Masio, no norte da Itália.

Dispondo de mais membros e levado pelo profundo universalismo de nosso carisma, prosseguiu com a segunda fase de seu governo, que foi a da expansão da obra palotina. Diferentes motivos o levaram a fazer essa expansão no Novo Mundo, o continente americano: em 1884 na América do Norte e em 1886 na América do Sul. O continente sul-americano era “terra ignota” para a maioria dos europeus, mesmo para os eclesiásticos, sobretudo em sua parte mais ao sul (Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina). O que o impulsionou a tomar essa decisão? Não foi casual, mas fruto da Divina Providência, manifestada através de um pedido ou mandato da Santa Sé, da iniciativa leiga de imigrantes e de um fator carismático, que foi a intervenção de São João Bosco e, por último, a confirmação e o apoio do episcopado daquelas terras através do bispo de Porto Alegre, do de Montevidéu e do arcebispo de Buenos Aires.
A primeira aparição de bispos americanos na face da Igreja universal foi em 1869, no Concílio Vaticano I. Durante o período desse Concílio se reabriram canais de informação e amizade com os antigos discípulos de São Vicente Pallotti do Colégio De Propaganda Fide, onde se formavam membros nativos dos países de ultramar que voltavam agora a Roma como bispos cheios dos conceitos de Pallotti sobre o apostolado, as missões e as outras notas da visão apostólica do Fundador que havia sido diretor espiritual do dito colégio e no qual havia exercido seu ministério docente o P. Rafael Melia, o fundador da comunidade de Londres. Deve-se assinalar que esses discípulos não estavam na América do Sul que não dependia da Propaganda Fide. O elemento humano da primeira evangelização americana tinha provindo da Espanha, Portugal e França, que agora estavam em declínio. Pouco se sabia, em Roma, da existência dessas igrejas agonizantes, depois da emancipação e conseqüente ruptura com a Coroa que governava e dirigia não somente o aspecto civil e militar destas terras, mas também o eclesiástico através do direito de padroado exercido de tal modo que o contato direto da hierarquia com a Santa Sé se reduzia ao mínimo. Outro país que se interessou pela América foi a Grã-bretanha, começando sua ação conquistadora no norte, fundando ali treze colônias, das quais uma somente, Maryland, admitia ou tolerava a ação da Igreja Católica. Grã-Bretanha aproveitou as guerras napoleônicas para fazer sentir seu peso também no sul. Começou com um fato diplomático, que foi a transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro a fim de que não caísse nas mãos de Napoleão. Prosseguiu com uma ação militar que foi a tentativa da conquista do Rio da Prata, chegando a ocupar Montevidéu e Buenos Aires. Em sua face militar foi derrotada, mas não em seu aspecto mercantil. As convulsões civis e militares, sobretudo nas dependências britânicas e hispânicas, levaram a Igreja no império espanhol a um colapso quase total, exceto na sobrevivência da fé no povo, mas a igreja institucional estava paralisada.

São conhecidos os passos da aventura apostólica palotina, mas nunca se elucidou a razão genuína de tal esforço, ingente naquela época para a pequena Sociedade: o mandato ou pedido da Santa Sé a instâncias leigas e a intercessão carismática de São João Bosco que conhecia bem de que se tratava porque, poucos anos antes, havia enviado sacerdotes de sua Sociedade à imensa e inóspita Patagônia.

O reitor geral atua com suma prudência, mas sem perder tempo, e envia um explorador para ver in situ a situação geográfica, social, política e eclesial. Tratava-se de um jovem sacerdote inglês que na época era Procurador Geral da Sociedade. Ele chega em 1885 e inicia, imediatamente, seu exame acompanhado do ministério sagrado em Montevidéu, Rio Grande do Sul e Argentina. Ao voltar para Roma leva três propostas desses países. Pareceria que a casualidade tivesse intervindo na fundação de Montevidéu e da Argentina, mas não foi assim. Foi feita segundo a corrente imigratória a exemplo de São Vicente Pallotti ao fazer a fundação londrina, em 1844, a única fundação sua fora da de Roma que, por sua vez, tem consonância com o fim último de sua visão apostólica de “um só rebanho e um só pastor” através do reavivar a Fé e a caridade entre os católicos e da atração de outros cristãos ao seio da Igreja. Os imigrantes, por sua vez, formam a classe sofredora, oprimida, marginalizada e, no dicionário de hoje, são os mais pobres entre os pobres.

Em 1886 se verifica a chegada da primeira expedição para a tríplice fundação, com o P. Whitmee à frente e o P. Bannin, outro palotino inglês, como ajudante. Esta primeira expedição está composta pelos PP. Vicente Kopf, alemão, Bernardo Feeney e João Petty, irlandeses, o Ir. Guilherme Banks, inglês, e o noviço João Dolan, irlandês. Pouco tempo depois se agregaram a eles os PP. Pfändler, suíço, e Francisco Schuster, alemão, provenientes todos de dois ambientes distintos, Roma e Londres. O primeiro com a aguda face anticlerical e a confusão do regime eclesial e civil imperante devido à anexação de Roma ao Reino de Itália e a ruptura das relações entre os dois poderes; e o segundo, pela reação hostil da população devido à restauração da hierarquia inglesa desaparecida no tempo de Henrique VIII. Um dos inspiradores desta restauração foi precisamente nosso fundador e esteve encabeçada por um discípulo do santo, o cardeal Wiseman.

Analisando a expedição que veio a estas terras, vemos a variedade de nacionalidades, idades e categorias; padres, irmãos e um estudante de 21 anos. As circunstâncias eram muito diversas e isso fez com que adotassem novas formas de apostolado. Não se tratava de uma missão aos gentios ou aos pagãos, mas a cristãos. Foi de caráter rural no Rio Grande do Sul e na Argentina; de início e em grandes linhas, se assume o apostolado paroquial “sui generis”. As paróquias do Rio Grande do Sul foram as primeiras da SAC, se exceptuarmos uma na Inglaterra, em Hastings (1880) e outra em Nova Iorque (1884). Na Argentina, juntamente com o apostolado rural, se assume o educacional nos anos considerados cruciais pela Igreja. A fundação de um colégio de estudos gerais, o Colégio São Patrício, em Mercedes, ainda existente, foi e é um êxito e um acerto. Também se fundou um estabelecimento de Artes e Ofícios na localidade de Azcuénaga, que não prosperou e foi abandonado. Em Montevidéu se adotou o apostolado do mar.

As três fundações tinham em comum os imigrantes. Na Argentina os irlandeses e os italianos nunca formaram colônias e mais adiante os bascos. Essas modalidades de apostolado tornavam necessário o conhecimento e cultivo de várias línguas. Por exemplo, em Montevidéu era necessário conhecer o inglês, o alemão e o italiano, tanto para a numerosa quantidade de residentes na cosmopolita cidade, quanto para as flutuantes idas e vindas de marinheiros. Daí por que o livro de Atas da comunidade, nestes primeiros anos, está em inglês, alemão, italiano e espanhol! Além disso, deviam ter a suficiente elasticidade para adaptar-se a tanta variedade cultural e social, para a qual nossos pioneiros estavam preparados pelo carisma universalista legado por nosso fundador.

Diferente da quase paralisada ação missionária e evangelizadora da Igreja da primeira evangelização que ainda vegetava, os nossos missionários saíam em busca das ovelhas dispersas. O livro do P. Genésio Bonfada relata episódios incríveis e o mesmo aconteceu na Argentina, onde eram quase inexistentes caminhos transitáveis pelos verdes pampas. Em 1914, por exemplo, o P. Tomás Dunleavy, de Mercedes, viajava a cavalo por lamacentos e inundados caminhos orientando-se pelos alambrados das estâncias onde ficavam isolados seus proprietários e o pessoal, com abundante comida, mas sem assistência sanitária e espiritual, mas não educacional, uma vez que entre o pessoal estável das estâncias sempre existiam um ou dois professores, sobretudo nas estâncias irlandesas, onde sempre se cultivaram as artes e as ciências elementares, tanto profanas quanto sagradas. As bibliotecas ambulantes, mantidas pelos sacerdotes, foram um corolário útil para a piedade e a cultura e assim se manteve o ancestral amor à poesia, à música e ao canto, o que ajudava a conservar, entre outras coisas, a história familiar e local.

Aqui se poderiam acrescentar outros episódios e anedotas que ilustram o caráter austero e bondoso dos palotinos que os fazia muito populares entre seus fiéis, o clero e a pouca hierarquia eclesiástica existente. O exercício da pobreza e a ausência de comodidades a que estavam acostumados não os acovardaram e, mesmo que não se falasse nem se escrevesse sobre a pobreza, se viviam essas realidades e se traduziam no estilo de vida comunitário, como o descrevem as recordações de Concórdio Dotto “Quando a gente era pobre”, publicados nas “Informações Palotinas”.

Pe. Kevin O’Neill

terça-feira, 8 de setembro de 2009

19º Festival Palotino de Música

Como já acontece tradicionalmente, no dia 7 de setembro realizou-se o 19º Festival Palotino de Música, na paróquia Imaculada Conceição, em Estrela D'Alva-MG,que proporcionou um verdadeiro acolhimento a todos os que lá se encontravam.Há quase 20 anos, esta grande festa reúne as paróquias palotinas de São Roque, Divina Misericórdia (Vila Valqueire), Santa Isabel (Bento Ribeiro), Nossa Senhora de Fátima (Pendotiba), São Sebastião de Itaipu, Nossa Senhora de Fátima (Itaipuaçu),
N.S do Rosário de Fátima (Itaperuna), Imaculada Conceição (Cachoeiras de Macacu), São Benedito, Santa Rita (Itaperuna). Unidos pelo carisma de São Vicente Pallotti, através da música, manifestamos a grande alegria de poder celebrar o Amor Infinito que nos sustenta e fortalece.
O Festival teve início após a celebração da Santa Missa, presidida pelo Pe. Renato Dobek SAC, pároco em Volta Grande, da paróquia de São Sebastião e co-celebrada pelos padres palotinos das paróquias participantes: Pe. Akácio Nery, Pe. Josiel Azevedo, Pe. Jurandir do Nascimento, Pe. Tadeu Domanski, Pe. Francisco Marques, Pe. João Sopicki, Pe. João Francisco, Pe. João Pedro Stawicki, pe.Gilmar e pe. Estêvão além do Pe. Daniel Rocchetti, em visita ao Brasil.
Durante a homilia, o superior regional, Pe. João Pedro Stawicki, deu as boas vindas a todos presentes e a respeito do tema do Festival 2009, “Sacerdote, a medida de Pallotti”, nos falou sobre a importância dos exemplos em nossas comunidades, principalmente dos sacerdotes que nos acompanham e auxiliam, assim como nosso Santo fundador em sua caminhada trazia consigo modelos de fé, oração e serviço, e que buscava principalmente ser um absoluto imitador de Cristo.
Com grande animação, deu-se a apresentação das bandas representantes, que com muita dedicação e talento, prestigiaram o Festival também com a grande participação das torcidas!
Após o almoço, com muita expectaviva, foi anunciado o resultado final dos jurados do Festival, sendo este o seguinte,com as devidas premiações:
1º Banda Solo Santo- Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Pendotiba.
2º Banda Neófitos - Paróquia de São Roque, Vila Valqueire.
3º Elen - Paróquia São Benedito, Itaperuna.
O Festival Palotino é, sem dúvidas, a maior confraternização da Família Palotina, onde na verdade, as diversas torcidas das paróquias representam uma única comunidade, porque partilham alegria, talento e colaboração com a realização do evento! Que tenhamos sido, portanto, verdadeiros exemplos de união e fraternidade!

Carol Souza Cruz

domingo, 6 de setembro de 2009

Independência ou Morte!

Há 187 anos atrás Dom Pedro I, ás margens do rio Ipiranga, proclamava o Brasil independente Passando de colônia de Portugal, à uma nova nação.
Hoje o Brasil cresceu, mudou, e muitos dizem: É um país do futuro! Grande em seu território, grande em suas produções, grande em belezas naturais, grande pelo seu povo.

Mas como todos países, também têm suas carências. Há ainda muita miséria, corrupção, desigualdade social, fatos enfim, que se transformam em verdadeiras bombas e afetam a toda população, trazendo revolta, violência, discriminação, indignação. Aquilo que no passado era cantado com grande orgulho na letra do hino da independência, hoje parece não fazer muito sentido, por que muitas vezes estamos ainda escravos, e com grilhões amarrados em nossas mãos. Uma tristeza tanta comodidade e preguiça, tanta falta de amor ao próximo e ao nosso país.

Muitas vezes ao longo da história os brasileiros se uniram, para ter voz diante das situações, e ainda vemos pessoas que lutam sinceramente e com vontade para que o Brasil seja um país mais igualitário e justo. Mas também infelizmente temos tantos e muitos brasileiros, que não desistem nunca, de se aproveitar da bondade, da hospitalidade, do bom humor, da inocência do povo, para ter seu bem estar próprio e egoísta. Estes os quais nem devíamos considerar brasileiros.

Meu objetivo neste artigo, não é fazer um texto político, nem de esquerda nem de direita, mas sim, uma chamada de atenção a todos nós Brasileiros. Para que nós valorizemos o nosso querido Brasil. Muitos buscam a realização de seus sonhos indo para outros países, e não se dão conta das riquezas que temos! Um país é o que é pois o povo o-constrói! Se hoje não estamos satisfeitos, temos que mudar! Não criando revoluções e anarquias nas ruas, mas a partir do nosso viver em casa, com a família, começaremos a mudar. A base da vida é a família, uma família bem estruturada formará cidadãos conscientes capazes de mudar as coisas para o bem, capazes de mudar um país!

Meus compatriotas! Agradeçamos ao nosso Deus por nosso País, temos tantas belezas! Roguemos ao Senhor que esteja presente em cada lar Brasileiro, para que nós sejamos "mais" para nosso país! Valorizemos nosso Brasil, não somente nos jogos da seleção, mas em tudo! Sejamos patriotas! E que um dia de fato possamos cantar sem hipocrisia "BRAVA GENTE BRASILEIRA! LONGE VÁ TEMOR SERVIL: OU FICAR A PATRIA LIVRE OU MORRER PELO BRASIL!"

Hino da Independência
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil:
Houve mão mais poderosa,
Zombou deles o Brasil.

Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil:
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Parabéns, ó Brasileiros!
Já com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Brava gente, brasileira!...
Letra: Evaristo de Veiga
Música:Dom Pedro I
Camille Santos

sábado, 5 de setembro de 2009

CHAMEI-TE PELO NOME

No Evangelho de Hoje vemos Nosso Senhor tomando um surdo-mudo à parte da multidão para curá-lo. Não é, de forma alguma, a única vez que Jesus mostrou o seu amor pessoal por cada um. Recordamos por exemplo o Caso de Zaqueu: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» (Lc 19,5) Também Mateus o publicano: “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!»”
O caso de Natanael: Filipe, cheio de entusiasmo foi comunicar-lhe que tinha encontrado o Messias: “Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» Então disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!» Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» (Jo 1,45-48)

Também no caso de Maria Madalena: Ela permaneceu a chorar enquanto Jesus lhe tratou pelo designativo genérico de “mulher”. Porém quando pronunciou o seu nome, ela logo se transformou: “Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» - que quer dizer: «Mestre!» (Jo 20,16)

Isso sem falar da parábola da ovelha perdida em que aparece a matemática desconcertante do amor de Deus: 1 =99. “E, se chegar a encontrá-la, em verdade vos digo: alegra-se mais com ela do que com as noventa e nove que não se tresmalharam.” (Mt 18,13)

Vemos assim o amor pessoal de Jesus por cada um de nós. Nesse contexto entendemos a censura que São Tiago faz a respeito de uma discriminação injusta que se fazia na comunidade a que ele se dirigia, pois para Deus o valor da pessoa humana não está nas suas posses, mas no valor que a pessoa leva em si mesma: “Ouvi, meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2,5)

Estamos a Quilómetros de distância do conceito que o comunismo fez da pessoa humana, pois para este, a pessoa não tem valor em si mesma, mas enquanto membro de uma colectividade. “De facto, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo económico-social, enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em face do bem e do mal.” (João Paulo II) Isto que João Paulo II diz não se parece com algumas políticas educacionais a que temos nos referido ultimamente? A história recente mostrou como este colectivismo ideológico causou a morte de milhões de pessoas. Este conceito de pessoa do cristianismo está também muito longe do individualismo do capitalismo selvagem, onde o que importa é o indivíduo, não interessando que isso redunde no empobrecimento e exploração dos outros.

Desde que o Verbo Divino se fez homem e habitou entre nós ele se uniu de certo modo a cada pessoa humana. Daí a sua dignidade; Daí a sua liberdade e responsabilidade pessoal em prol do Reino de Deus. É por isso que, por exemplo, os missionários palotinos na Amazónia enchem o depósito (cerca de quatrocentos litros) de gasóleo (Dísel) do seu barco e sobem centenas de quilómetros no rio Amazonas às vezes dois dias de viagem para chegar a uma aldeia com poucas dezenas de pessoas e ali evangelizar, baptizar, casar, celebrar a Eucaristia (sem espórtula) e voltar. Isso porque nas contas de Jesus, noventa e nove é igual a um. É por isso que a Igreja insiste na importância da confissão individual e só destina a confissão comunitária a casos de extrema necessidade. Todos nós temos o direito de nos sentir amados pessoalmente por Deus, pois foi isso que Jesus nos mostrou. Quanto mais nos sentirmos pessoalmente amados por Deus em sua Misericórdia, tanto mais trataremos os outros como também pessoa e não como massa humana. Senhor Jesus, que o Espírito Santo nos convença desse amor infinito e pessoal que tendes por nós. Que o Vosso Espírito grave de uma vez por todas em nossos corações a vossa Palavra: “«Nada temas, porque Eu te resgatei, e te chamei pelo teu nome; tu és meu.” (Is 43,1)

Pe. Marcelo

CIVILIZAÇÃO DO AMOR

Olá Pessoal!!!

Depois de 12 anos de caminhada a Banda CIVILIZAÇÃO DO AMOR lança seu primeiro trabalho musical (Trata-se de uma banda PALOTINA).

Tudo começou em 1997, quando alguns jovens da Paróquia Cristo Rei (Curitiba-PR) se reuniam nas casas para informalmente tocar, em rodas de violão, canções que demonstram o amor de Cristo e o valor da amizade.Nasce então um projeto musical em busca de uma nova civilização baseada na fraternidade e no amor. Belas canções surgiram a partir disso, dentre elas Ide Pelo Mundo, Reflexão, Quando o Céu se Abriu, entre outras.

Dessas reuniões aos poucos se oficializaram em torno de um projeto musical que, após anos de luta, se concretiza no CD “Reflexão”.

Muitos foram os amigos e colaboradores que ao longo desses anos escreveram sua história na “Civilização”. Com composições próprias, hoje o grupo conta com a dedicação de Matheus Baggio nos vocais, Alailson Oliveira nas guitarras e vocais, Rui Pacheco no contra baixo e Marlon Roza (coordenador nacional da Juventude Palotina) na percussão. Músicos convidados: Mauricio Negrello e Paulo Gaôna. Mas na verdade a grande Civilização do Amor se concretiza nas mensagens que são traduzidas nas músicas e em todos aqueles que comungam do amor de Cristo.
Buscamos um novo ideal de vida, uma nova “Civilização do Amor”, onde o que estará sempre presente é o verdadeiro amor de Deus.
Que a paz de Jesus habite o coração de todos!
Marlon Roza

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mês de Agosto na Paróquia de São Sebastião de Itaipu- Niterói

Já terminamos o mês de agosto, que no Brasil é tido como o mês vocacional. E em nossa paróquia, foi um mês bastante produtivo.Logo na primeira semana, juntamente com nossos padres, no dia de São João Maria Vianey, comemoramos o dia do padre, que contou com a presença de mais 3 padres amigos e visitantes, que celebraram a santa missa e depois participaram de uma confraternização no salão paroquial. Entrando na semana onde se comemora o dia dos pais , aconteceu como em todo ano, a semana nacional da família,onde a cada dia após a celebração da santa missa, casais da paróquia partilharam com toda a comunidade palestrando sobre diversos temas. E sempre após a missa todos confraternizaram no salão paroquial, onde todos puderam se deliciar com caldos e doces feitos pelos casais da pastoral familiar.
Na semana que comemoramos as vocações religiosas, aconteceu o 28º Encontro de Adolescentes com Cristo, que teve grande participação dos adolescentes da paróquia e foi muito bom. Já nos dias 21, 22 e 23 aconteceu o retiro para os adolescentes e jovens, sobre Sexualidade e Afetividade, que contou com a participação de jovens da nossa paróquia e de paroquias vizinhas do nosso vicariato. Também no dia 21 as catequistas da nossa paroquia tiveram um momento de confraternização, que começou com a adoração ao Santíssimo Sacramento, seguido da Santa Missa. E no salão paroquial uma festinha com salgadinhos deliciosos e um bolo, todas puderam partilhar deste momento de união.
E nos dias 28, 29 e 30 aconteceu também o 24° Encontro de Casais com Cristo, que com grande participação dos casais da comunidade, acolheram os novos casais e partilharam a vida nova em Cristo.

Foi um mês de grandes atividades na nossa comunidade paroquial, e muito importante para a formação de nossas famílias, pois somente teremos boas e frutíferas vocações para o sacerdócio, religiosas e religiosos, pais e mães, se no seio de nossas famílias o centro e todo foco estiver voltado para nosso Senhor Jesus. Que Deus abençoe todas as famílias de nossa paroquia e do mundo inteiro.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!
Camille Santos