As leituras da Palavra de Deus neste Domingo nos mostram a importância da fé firme e certa, mas também que esta fé deve actuar por meio da caridade.
São Pedro, por uma luz especial do Pai, acertou em cheio na clareza da fé: “«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela.” (Mt 16,16-18) Esta clareza na fé é um dom que Nosso Senhor concedeu a Pedro e aos seus sucessores. É um dom preciosíssimo, pois “sem a fé é impossível agradar-lhe; e quem se aproxima de Deus tem de acreditar que Ele existe e recompensa aqueles que o procuram.” (Cf Hb 11,6) Desse modo vemos quão importante é estar unido espiritualmente ao Santo Padre o Papa pois a ele Jesus deu a garantia de não errar em questões de fé e de moral.
No entanto só a fé não basta. São Tiago na segunda leitura denuncia esta realidade, pois a fé tem que operar pela caridade: “Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta.” (Tg 2,17) Santo António de Lisboa em sua pregação no dia de Pentecostes assim disse: “Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as vêem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas.”
A própria geografia da terra Santa e de modo especial do local onde aconteceu o Evangelho de hoje, nos fala desta realidade: trata-se de Cesareia de Filipe. Se olharmos no mapa da terra Santa, veremos que é justamente aí que nasce o Rio Jordão. Este rio que percorre a maior parte do território de Israel, leva consigo a vida em abundância por onde passa. No seu percurso rumo ao sul, forma dois grandes lagos, que pela sua extensão são chamados de “Mar”: O Mar da Galileia e o Mar Morto. Estes dois mares ilustram muito bem o que acontece com a fé viva e a fé morta de que nos falam as leituras de hoje. O Mar da Galileia é abastecido pelo Rio Jordão, mas não termina em si mesmo. Ele transborda, e o Rio Jordão, depois de formar o Mar da Galileia, continua o seu curso, dando vida a mais terras. Afinal, ele desemboca no Mar Morto, que é muito maior em extensão do que o mar da Galileia. Este se encontra na maior depressão do mundo, centenas de metros abaixo do nível do mar e não doa as suas águas. As águas do Jordão ao chegar no mar Morto, ou evaporam ou são absorvidas pelo solo. Consequência: O Mar da Galileia é cheio de vida - inclusive era onde os Apóstolos pescavam; e o Mar Morto é o que o seu nome diz: Morto. Tem uma tal salinidade que nenhum peixe ai sobrevive.
Esses dois mares são também uma imagem para nós. A Fé verdadeira é essa nascente límpida, como a do Rio Jordão aos pés do monte Hermon em Cesareia de Filipe, que dá sentido pleno à nossa vida. À imagem do Mar da Galiléia, Nosso Senhor quer nos encher das Suas Graças e Misericórdias, para que possamos transbordar para os outros.
Oremos: Senhor, Pedro naquela altura não percebeu que era preciso estar disposto a dar a vida na sua vocação. Até antes da paixão disse que daria a vida por vós, mas só a deu depois de ter recebido a força de Pentecostes. Senhor, confessamos também a nossa fraqueza. Ajuda-nos a dar a vida em nossa vocação, e de ser canais uns para os outros dos dons materiais e espirituais que tão generosamente nos concedeis. Isto vos pedimos por Cristo nosso Senhor. Rainha dos Apóstolos, Rogai por nós.
Pe. Marcelo
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