terça-feira, 5 de agosto de 2014

Apóstolos Hoje - Agosto de 2014



Nova Evangelização ea
Vocação Universal à Santidade

       Como muitos outros países ocidentais, que antes tinham comunidades cristãs fortes e fé ardente, a Irlanda tem agora, por sua vez necessidade de evangelização. A Igreja Universal colocou a Nova Evangelização ao centro das suas preocupações e ações. O Papa Francisco declara que, “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que a Igreja saia a anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todos os momentos, sem demora, sem repulsa e sem medo. A alegria do evangelho é para todas as pessoas, não pode excluir ninguém “(Gaudium Evangelii 23). Ao afirmar isto, o Papa dá uma abertura de forma clara e forte no tocante à evangelização da nossa Igreja. Não há justificativas em permanecer em nosso conforto deixando grande parte da sociedadedesprovida do Evangelho. Também é importante notar o que o Santo Padre disse sobre a Igreja: “Ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande plano de amor do Pai. [...] Isso significa que para anunciar e levar a salvação de Deus em nosso mundo, que por vezes se perde faz-se necessárias respostas que encorajem e deem esperança, e nova força na jornada. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e encorajados a viver a Boa Nova do Evangelho(Gaudium Evangelii 114)”. Que visão linda e maravilhosa contida nestas palavras! É dever de todos os discípulos missionários, mas em particular aos membros da União do Apostolado Católico, ajudar a todos que encontrarmos a experimentar e fazer parte desta comunidade que é a Igreja. No entanto, para concretizar esta visão, uma transformação deve ocorrer de forma que a humildade e a contemplação autênticas sejam os atributos proeminentes do Povo de Deus.

       Também é importante sempre reconhecer que a nossa transformação ou conversão só pode acontecer com a ajuda do Espírito Santo. É pela graça de Deus, que nós respondemos ao amor que Deus tem derramado sobre nós. Somos chamados a proclamar a Palavra e “semear”, mas é o Espírito que age uma vez que a semente é semeada (Marcos 4: 26-29). Citando o papa Francisco: “A Palavra tem em si um potencial que não podemos prever. [...] A Igreja deve aceitar esta liberdade indescritível da Palavra, que é eficaz à sua maneira, e em muitas formas diferentes, de forma a escapar muitas vezes de nossas previsões e quebrar nossos esquemas” (GaudiumEvangelii 22). A fim de permitir que Deus nos surpreenda e para estar abertos à Sua obra em nós e nos outros, devemos preparar nossos corações, aproximando-nos mais de Jesus e à Sua Palavra.

       Não devemos permitir que a grandeza  da tarefa nos paralise.  Em vez disso, todos os grandes desafiossão realizados através de uma série de pequenos passos até a realização dos mesmos. Eu acredito que é dessa forma que o plano de Deus para nós é desenvolvido ao longo do tempo. A missão da Igreja universal é também a missão da igreja local e doméstica. A tarefa da evangelização não se limita aos bispos, sacerdotes e religiosos. É o trabalho de toda a Igreja, de todo o Povo de Deus.

A vocação universal à santidade.
       Nosso Deus é um Deus bom e generoso, como vemos na parábola dos trabalhadores davinha (Mt 20, 3-4): “E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam na praça, os desempregados, e disse-lhes: ‘Ide também vós para a vinha; o que é certo eu vou dar-lhes. “Esta chamada é tão vibrante hoje como era há 2000 anos atrás, e foi retomada pelo Concílio Vaticano II e novamente em Christifideles Laici.  Refere-senão somente ao clero e os religiosos, mas a todos os batizados. Cada um de nós recebe de Deus uma vocação e a missão de colaborar para o bem da Igreja e de todo o mundo. Na fundação da União do Apostolado Católico, São Vicente Pallotti percebeu a necessidade de uma estrutura para facilitar essa colaboração para reavivar a fé e reacender a caridade em nossa Igreja e no mundo.

       A primeira reação de muitos leigos, inclusive eu, quando somos convidados a nos envolver na evangelização, é dizer: “Eu não sou digno ou não sou santo o suficiente para fazer este trabalho”. Mas Jesus veio para curar pecadores, e todos nós somos pecadores. Somos todos humanos; nós decepcionamosa nós mesmos e aos outros, em tantos aspectos da vida; muitas vezes não conseguimos atingir o nosso potencial; mas Deus sempre nos dá outra chance.

       Refletir sobre a vida de São Pedro ajuda a iluminar a obra de Deus em nós e oferece grande estímulo para todos. Pedro era um leigo, cuja primeira reação ao chamado de Deus foi: ‘Senhor, afasta-te, de mim, pois eu sou um pecador’. Mas Jesus disse: “Não tenha medo” (Lc5, 8-10). Pedro mostra a sua determinação quando tenta andar sobre a água, mas cai novamente no medo (Mt 14, 8-32). Mais tarde, Jesus diz que ele é um obstáculo ao plano de salvação de Deus, porque ele não consegue entender que o sofrimento é parte da missão de Cristo (Mt 16, 23). Pedro também é desafiado pela infinita misericórdia de Deus e é chamado a imitá-lo no seu perdão sem limites (Mt 18, 21-22), enquanto ele tenta chegar a um acordo com as profundas implicações de ser um seguidor de Jesus.

       Finalmente, todos os pontos fracos e as emoções humanas dePedro vem à tona em Mateus 26, 33-69. Sua grande coragem e lealdade são mostradas durante a prisão de Jesus. Seus fracassos e fraquezas são demonstrados pela sua incapacidade de manter-se acordado e orar no jardim, e, sobretudo pelanegação de Jesus para salvar-se. Estas são todas características muito humanas e naturais. No entanto, Deus usou suas fraquezas e fracassos do passado para transformar Pedro. Em resposta ao chamado universal à santidade cada um de nós deve ser inspirar-se na extraordinária transformação de Pedro, pelo poder de Deus, o grande líder e mártir que se tornou.

       A nova evangelização nunca será alcançada através de meras palavras, mas sim pela qualidade de nosso testemunho na nossa comunidade de fé e paróquias locais. O processo de evangelização acontecerá rapidamente, se cada pessoa que encontramos em nossa vida diária e no trabalho sentir-se acolhida, amada, perdoada e encorajada como o Papa Francisco recomenda.  Nossa tarefa em nível local é a deajudar as pessoas se tornarem conscientes ou mais consciente da presença de Deus em nosso mundo. Um mundo onde muitas pessoas perderam o sentido do mistério - onde Deus e a religião foram empurrados para fora. Um verdadeiro despertar do sentido do sagrado é necessário para ter sucesso na nova evangelização. Precisamos de uma maior consciência ou sentido da presença de Deus, para dar às pessoas uma chance de responder à chamada universal à santidade e de agir sobre sua vocação.

       Muitas vezes passei um tempo com os jovens explorando quatro linhas de um poema de Elizabeth Barrett Browning:

‘A Terra está repleta de céu,
eem cada arbusto comum é acesa a chama de Deus;
mas, somente aquele que vê,tira os sapatos;
o resto dos homens se senta ao redor e recolhe os frutos’.

       O mundo da minha sobrinha de dois anos e meio está cheio de mistério e maravilha, ela não tem dificuldade para abraçar com todo o coração. O que acontece quando ficamos mais velhos? O que acontece conosco à medida que envelhecemos? Perdemos nosso senso de mistério? Contentamos-nos em saber como as coisas funcionam sem nunca perguntar: por quê? Perdemos aquela sensação de que há sempre “mais”? Se fizermos isso, nos tornamos coletores de frutos e temos uma necessidade urgente de ser despertado para a sensação de ter vindo de Deus e voltar para Deus Richard Rohr diz que “não podemos chegar à presença de Deus, porque já estamos totalmente na presença de Deus. O que falta é a consciência (“ Tudo pertence”). Na tentativa de trazer um despertar do espírito ou de uma maior consciência da presença de Deus, descobrimos que as ações falam mais alto doque as palavras. Como nos relacionamos uns com os outros pode ser a chave.

       Este foco sobre relacionamentos é importante, pois é através das relações que encontramos e experimentamos o amor, a misericórdia, a alegria eo perdão de Deus Este é o verdadeiro desafio que Cristo coloca diante de todos os seus seguidores. “É mais fácil mergulhar em fazer mil coisas ou envolver-se em várias causas, especialmente se pode conectá-los ao Evangelho, ao invés de cuidar do relacionamento; pois relacionar-se requer certo grau de confiança, abertura e vulnerabilidade, o que pode causar algum desconforto “(De uma palestra dada por Rev.ma Ruth Patterson). No entanto, este é exatamente o que temos que fazer para sermos discípulos missionários. Jesus nos deu um modelo perfeito do modo que revelou o Reino de Deus através da palavra, ação e refeições compartilhadas. 

       Em João 4:5-30, o encontro entre Jesus ea mulher samaritana no poço é um grande exemplo do trabalho do Mestre. Jesus é humilde e pede água para beber. Ele passa um tempo com ela, discutindo sua vida, ele a ouve e lhe oferece algo de grande valor. É no diálogo que você reconhece quem é. Após seu encontro com Jesus, a mulher torna-se imediatamente uma missionária e, como resultado, muitos samaritanos passaram a acreditar nele por causa do seu testemunho. Para ser eficaz na evangelização ao próximo, precisamos nós mesmos antes de tudo,haver encontrado o Senhor ressuscitado de uma maneira profundamente pessoal que transforma a vida.

       Senossas comunidades, paróquias e casas são realmente lugares onde se pode encontrar a presença amorosa de Deus, onde a Sua Palavra é “dividida e partilhada”, onde suas ações são experimentadas e sua participaçãoé vivida de forma autêntica, então podemos dizer que estamos totalmente comprometidos com a Nova Evangelização e estamos começando a  transformar em realidade a visão da vocação universal à santidade.

Questões para reflexão pessoal e / ou em comunidade:
          Lembra de um momento especial em sua vida, em que você experimentou o chamado de Deus para a santidade de uma forma mais profundamente pessoal?
          Houve mudança em sua experiência ao chamado de Deus à santidade e na resposta a esteapelo ao longo dos anos?
          As comunidades de fé têm ajudado, a nutrir, aprofundar e responder a este apelo de relacionamento com os outros? Com sua família? Sua família e paróquia diocesana? Com a União do Apostolado Católico? Com outros grupos? Com a Igreja Universal?
          De que forma, no seu grupo de UAC local, ou em outra comunidade de fé, você está envolvido em discernir os sinais dos tempos e às necessidades das pessoas ao seu redor? E qual seu envolvimento no responder a elas como apóstolos do Amor infinito de Deus por meio de iniciativas concretas práticas?

Oração:
Vinde Espírito Santo, elimina nosso egoísmo e nos plenifica do seu amor.
Vinde Espírito Santo, elimina nossa ansiedade e nos plenifica de sua paz.
Vinde Espírito Santo, elimina nosso ciúme e nos plenifica de sua generosidade.
Vinde Espírito Santo, elimina nossa raiva e nos plenifica do seu perdão.
Vinde Espírito Santo, elimina nossa incredulidade e nos plenifica de uma fé em Cristo, que transforma nossas vidas.
Vem, Espírito Santo, elimina tudo o que nos impede de reconhecer e escutar seu chamado no grito dos pobres, para “gastar” nossas vidas no serviço altruísta daqueles que anseiam que sejamos testemunhas vivas e discípulos missionários de sua Palavra, de sua justiçae paz, de sua misericórdia, e perdão, de sua ternura e compaixão, de sua bondade everdade, de sua alegria e simplicidade de seu amor. Amém.

(Adaptado de uma oração que me foi dada pelo falecido Kevin Devlin RIP).


                                                                                   Pat Maguire,
                                                                                   Dublin, Irlanda

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