sexta-feira, 19 de junho de 2015

Apóstolos Hoje - Junho 2015

Sobretudo, aquilo que conta é a fé que opera por meio da caridade (Gl 5,6) – Preparação espiritual para o Congresso Geral da União em julho de 2015.
No contexto da preparação do Congresso Geral da União, que ocorrerá no próximo mês de julho, foi partilhada uma série de reflexões através do informativo Apóstolos Hoje, a publicação mensal da União.
De modo particular as reflexões de abril e de maio falavam, respectivamente, da importância da paz e do diálogo, e das motivações espirituais da missão. Queremos dar continuidade a estas reflexões acrescentando alguma coisa ao que diz respeito à verdade bíblica: aquilo que conta acima de tudo – nos nossos compromissos apostólicos e missionários – é “a fé que opera através da caridade” (Gl 5,6). Em outras palavras, somos chamados a sermos fiéis à inseparabilidade entre fé e caridade, como a Igreja nos ensina e o nosso Fundador São Vicente Pallotti nos estimula. Sem dúvida, isso facilitará de várias maneiras a realização da identidade e da missão da União do Apostolado Católico.
2. O lugar privilegiado da fé que opera através da caridade
Como o Papa Francisco tem chamado à atenção na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (37), “São Tomás de Aquino ensinava que, também na mensagem moral da Igreja, há uma hierarquia nas virtudes e ações que delas procedem. Aqui o que conta é, antes de mais nada, ‘a fé que atua pela caridade’ (Gl 5,6). As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito: ‘O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se manifesta através da fé que opera pela caridade’”.[1]
É importante notar que, graça a fé que opera através da caridade, os crentes entram numa fase da sua existência, uma nova vida modelada sobre a radical novidade da Ressurreição. Portanto, na medida em que esses abrem seus pensamentos e o modo de perceber a realidade, todos os seus comportamentos são lentamente purificados e transformados sobre um caminho nunca finalizado nesta vida. Em outras palavras, “a fé que opera através da caridade” (Gl 5,6) torna-se um novo critério de inteligência e de ação que muda toda a vida do homem.[2]
3. A inseparabilidade entre fé e caridade
O fato pelo qual a fé opera por meio da caridade é um lugar privilegiado na “hierarquia das virtudes e dos atos que delas derivam”. Isto faz com que estas duas virtudes cristãs sejam sempre inseparáveis. Para o Papa Bento XVI existe uma forte relação “entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia em um caminho de abnegação em direção a Deus em direção aos outros”.[3] Quando somos conquistados pelo amor de Cristo e então somos movidos por esse amor – “caritas Christi urget nos” (O amor de Cristo nos impele) – quando temos consciência de sermos amados, perdoados e, por fim, servidos pelo Senhor, que se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e oferece a si mesmo sobre a Cruz para imprimir a humanidade no coração de Deus, nos abrimos de maneira concreta e profunda ao amor do nosso próximo.
4. Fé e caridade: duas realidades inseparáveis na vida de Pallotti
Nos escritos espirituais de São Vicente, observa Jan Kupka, emerge claramente que ele tinha um ponto de referência fixo na sua vida pessoal: viver a fé na vida de todos os dias. Além disso, Pallotti vivia a fé nos termos de um voto, como foi evidenciado por este fragmento dos seus escritos: “Por crer na Imaculada Conceição, da Beatíssima Virgem e todos os Artigos de Fé, não somente creio por que assim devo por meu dever cristão, mas entendo também de fazer-lhe voto de crer-lhes”.[4] Todavia, Pallotti era contente em viver simplesmente a sua fé em modo profundo na vida cotidiana. Com alegria, ele também proclamava as verdades da fé e testemunhou o amor de Deus para todos. Em outras palavras, para ele, (como viveu e/ou o afirmou), a fé e o amor andavam sempre de mãos dadas, eram duas realidades inseparáveis. Esta inseparabilidade entre fé e caridade é de forma semelhante conservada na sua fundação, a União do Apostolado Católico, no fato que essa tem o fim de reavivar a fé, reacender a caridade na Igreja e no mundo.[5]
5. A importância da confiança na fé que opera através da caridade na vida e na missão da União
Para concluir esta reflexão, se faz necessário sublinhar que a fé que opera através da caridade é de importância suprema na vida e na missão da União. De fato, se a União é definida como “uma comunhão de fiéis que [...] promovem a corresponsabilidade de todos os batizados a reavivar a fé, a reacender a caridade na Igreja e no mundo”,6 então a inseparabilidade dessas duas realidades na vida cotidiana permitirá aos seus membros de tornar concreta a herança espiritual de São Vicente Pallotti. A sua missão terá mais crédito, porque “a fé que opera através da caridade” (Gl 5,6), tornará um testemunho contagioso para o mundo em todas as suas dimensões, oferecendo a cada pessoa a possibilidade de encontrar Cristo e de tornar, por sua vez, evangelizadora.7
6. Rezemos ao Senhor:
Senhor Deus, quando revivemos e difundimos a fé e a caridade
Tornamos partícipes da missão redentora do teu Filho, Jesus Cristo.
Envia-nos como operários da tua vinha;
por isso, nenhum trabalho nos parecerá por demais árduo,
nenhum esforço por demais fatigoso. Manda-nos o teu Espírito,
para modelar a nossa fé e fortificar-nos com a sua potência.
Doa-nos a coragem para fazermos com fé os nossos trabalhos de cada dia.
Faze com que as nossas faltas não nos desencorajam.
Ensina-nos, ao invés, receber de TI tudo aquilo que nos falta.
Pedimos-te por Jesus Cristo, Nosso Senhor, Amem.
Pe. Eugène Niyonzima, SAC
Promotor Nacional da Formação,
Rwanda/RD Congo.



[1] POPE FRANCIS, EG, 37, facendo riferimento a S. Th. I-II, q. 66, a. 4-6.
[2] Cfr. PAPA BENEDETTO XVI, Porta fidei, 6.
[3]  Cfr. Messaggio del Santo Padre Benedetto XVI per la Quaresima 2013. Facendo riferimento a: Rm 12: 2; Col 3: 9-10; Ep 4: 20-29; 2 Co 5: 17.
[4] OOCC X, p. 262.
[5] GSt, 1.

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