Sobretudo, aquilo que conta é a fé que opera por meio da caridade (Gl
5,6) – Preparação espiritual para o Congresso Geral da União em julho de 2015.
No contexto da preparação do Congresso Geral da União, que ocorrerá no
próximo mês de julho, foi partilhada uma série de reflexões através do
informativo Apóstolos Hoje, a publicação mensal da União.
De modo particular as
reflexões de abril e de maio falavam, respectivamente, da importância da paz e
do diálogo, e das motivações espirituais da missão. Queremos dar continuidade a
estas reflexões acrescentando alguma coisa ao que diz respeito à verdade
bíblica: aquilo que conta acima de tudo – nos nossos compromissos apostólicos e
missionários – é “a fé que opera através da caridade” (Gl 5,6). Em outras
palavras, somos chamados a sermos fiéis à inseparabilidade entre fé e caridade,
como a Igreja nos ensina e o nosso Fundador São Vicente Pallotti nos estimula.
Sem dúvida, isso facilitará de várias maneiras a realização da identidade e da
missão da União do Apostolado Católico.
2. O lugar privilegiado da fé que opera através da
caridade
Como o Papa Francisco tem chamado à atenção na sua
exortação apostólica Evangelii Gaudium
(37), “São Tomás de Aquino ensinava que, também na mensagem moral da Igreja, há
uma hierarquia nas virtudes e ações
que delas procedem. Aqui o que conta é, antes de mais nada, ‘a fé que atua pela
caridade’ (Gl 5,6). As obras de amor
ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do
Espírito: ‘O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se
manifesta através da fé que opera pela caridade’”.[1]
É importante notar que, graça a fé que opera através
da caridade, os crentes entram numa fase da sua existência, uma nova vida
modelada sobre a radical novidade da Ressurreição. Portanto, na medida em que
esses abrem seus pensamentos e o modo de perceber a realidade, todos os seus
comportamentos são lentamente purificados e transformados sobre um caminho
nunca finalizado nesta vida. Em outras palavras, “a fé que opera através da
caridade” (Gl 5,6) torna-se um novo critério de inteligência e de ação que muda
toda a vida do homem.[2]
3. A inseparabilidade entre fé e caridade
O fato pelo qual a fé opera por meio da caridade é um
lugar privilegiado na “hierarquia das virtudes e dos atos que delas derivam”.
Isto faz com que estas duas virtudes cristãs sejam sempre inseparáveis. Para o
Papa Bento XVI existe uma forte relação “entre o crer em Deus, no Deus de Jesus
Cristo e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia em um caminho
de abnegação em direção a Deus em direção aos outros”.[3] Quando somos conquistados pelo
amor de Cristo e então somos movidos por esse amor – “caritas Christi urget
nos” (O amor de Cristo nos impele) – quando
temos consciência de sermos amados, perdoados e, por fim, servidos pelo Senhor,
que se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e oferece a si mesmo sobre a
Cruz para imprimir a humanidade no coração de Deus, nos abrimos de maneira
concreta e profunda ao amor do nosso próximo.
4. Fé e caridade: duas realidades inseparáveis na vida
de Pallotti
Nos escritos espirituais de São Vicente, observa Jan
Kupka, emerge claramente que ele tinha um ponto de referência fixo na sua vida
pessoal: viver a fé na vida de todos os dias. Além disso, Pallotti vivia a fé
nos termos de um voto, como foi evidenciado por este fragmento dos seus
escritos: “Por crer na Imaculada Conceição, da Beatíssima Virgem e todos os
Artigos de Fé, não somente creio por que assim devo por meu dever cristão, mas
entendo também de fazer-lhe voto de crer-lhes”.[4] Todavia, Pallotti era contente
em viver simplesmente a sua fé em modo profundo na vida cotidiana. Com alegria,
ele também proclamava as verdades da fé e testemunhou o amor de Deus para
todos. Em outras palavras, para ele, (como viveu e/ou o afirmou), a fé e o amor
andavam sempre de mãos dadas, eram duas realidades inseparáveis. Esta
inseparabilidade entre fé e caridade é de forma semelhante conservada na sua
fundação, a União do Apostolado Católico, no fato que essa tem o fim de
reavivar a fé, reacender a caridade na Igreja e no mundo.[5]
5. A importância da confiança na fé que opera através
da caridade na vida e na missão da União
Para concluir esta reflexão, se faz necessário
sublinhar que a fé que opera através da caridade é de importância suprema na
vida e na missão da União. De fato, se a União é definida como “uma comunhão de
fiéis que [...] promovem a corresponsabilidade de todos os batizados a reavivar a fé, a reacender a caridade na Igreja e no mundo”,6 então a inseparabilidade dessas duas realidades na
vida cotidiana permitirá aos seus membros de tornar concreta a herança
espiritual de São Vicente Pallotti. A sua missão terá mais crédito, porque “a
fé que opera através da caridade” (Gl 5,6), tornará um testemunho contagioso
para o mundo em todas as suas dimensões, oferecendo a cada pessoa a
possibilidade de encontrar Cristo e de tornar, por sua vez, evangelizadora.7
6. Rezemos ao Senhor:
Senhor Deus, quando revivemos e difundimos a fé e a
caridade
Tornamos partícipes da missão redentora do teu Filho,
Jesus Cristo.
Envia-nos como operários da tua vinha;
por isso, nenhum trabalho nos parecerá por demais
árduo,
nenhum esforço por demais fatigoso. Manda-nos o teu
Espírito,
para modelar a nossa fé e fortificar-nos com a sua
potência.
Doa-nos a coragem para fazermos com fé os nossos
trabalhos de cada dia.
Faze com que as nossas faltas não nos desencorajam.
Ensina-nos, ao invés, receber de TI tudo aquilo que
nos falta.
Pedimos-te por Jesus Cristo, Nosso Senhor, Amem.
Pe.
Eugène Niyonzima, SAC
Promotor Nacional da Formação,
Rwanda/RD
Congo.
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