sexta-feira, 3 de julho de 2015

Apóstolos Hoje - Julho de 2015

Enviados a anunciar “Jesus, a alegria que se renova e se comunica” – Reflexão para acompanhar espiritualmente o Congresso Geral da União em julho de 2015
Nós, Família Palotina reunida fisicamente ou espiritualmente de 14 à 19 de Julho no III Congresso Geral da União no Cenáculo com Maria Rainha dos Apóstolos “a grande missionária”, abertos a acolher "a abundância do Espírito Santo” (cfr. OOCC X, 86-87), nos colocamos à escuta da Palavra e na reflexão da exortação apostólica do Papa Francisco “Evangelii Gaudium”. O Doc. Exortação apostólica é de suma importância, pois toca o mais profundo do espírito apostólico de Vicente Pallotti e também da União do Apostolado Católico, nascida do seu zelo missionário e que desde o início se colocou a serviço da missão de todos os fiéis, na propagação da fé no mundo inteiro. Percebemos que o aspecto missionário foi determinante desde o início da Obra de Pallotti, e, hoje, somos particularmente desafiados a redescobrir e a resgatar a nossa dimensão missionária.
A missão de todos nós, membros e colaboradores da União, de reavivar a fé e reacender a caridade parte de uma realidade pessoal concreta também de oração pessoal e comunitária, vivida como encontro experencial com Jesus, o Apóstolo do Pai. A vida de Jesus Cristo, o missionário, o enviado por excelência (Lc, 4, 18; Gv. 4, 34), era o Cristo que atraía Pallotti. Ele nos deixou Jesus Cristo missionário e Apóstolo como “Regra Fundamental ... para imitá-lo com toda a possível perfeição em todas as obras da vida privada e de público ministério evangélico” (OOCC III, p. 62 ). Experiência essa capaz de transformar e evangelizar o mais profundo da existência de todo aquele que se coloca a caminho, assim como foi o desejo de Pallotti: “Meu Jesus, (…) destrua a minha vida, dá-me a tua vida e com essa quero viver” (OOCC X, pp. 668-669). A experiência de Deus, Amor e Misericórdia infinita, abriu os olhos do sacerdote Vicente Pallotti para as necessidades fundamentais da Igreja e do contexto social de seu tempo dando-lhes uma resposta. Reafirma Papa Francisco: a nova evangelização para a transmissão da fé cristã, o anúncio do Evangelho hoje só é possível quando surge de “um encontro:... com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (EG, n.7). Esse é o “manancial da ação evangelizadora”, segundo Francisco. “Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG, n. 8). Portanto, seja na sua origem, seja também no seu desdobrar-se, a ação evangelizadora mantém seu vigor nesse encontro: não se trata de uma “heroica tarefa pessoal”, mas, um anúncio que nasce e se mantém como encontro com esse grande “Outro” e este o impulsiona a ir ao encontro dos homens e mulheres do mundo de hoje.
A “Alegria do Evangelho”: Uma Igreja de rosto missionário
O zelo missionário em Vicente Pallotti pelo anúncio do Evangelho em todo mundo foi um motor importante das suas atividades apostólicas no âmbito da União. Acima de tudo, Vicente comprendeu que todos com Cristo, Apóstolo do Eterno Pai, têm a obrigação e o direito de participar ativamente na missão da Igreja. Temos a missão de tornar Jesus Cristo conhecido e amado, despertando em cada cristão a consciência da vocação ao apostolado, e promover em diferentes partes da Terra a participação ativa na missão da Igreja. Exemplo concreto e iniciativa pioneira da UAC é o reavivar a celebração popular do Oitavário da Epifania planejado e realizado por Vicente Pallotti. Podemos dizer que a celebração solene do Oitavário foi e é ainda hoje a celebração missionária da União.
Ao anunciar Jesus Cristo, Francisco nos convida a prestar “uma especial atenção à ‘via da beleza’”: “Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações (EG, n. 167)”. Somos chamados a ser, no mundo de hoje, uma presença profética, apóstolos que “curem feridas, que saibam escutar, acolher e visitar as pessoas” e na luz do Evangelho reacender a esperança, a fé no Deus da vida e a alegria de seguir Jesus Cristo.
Com alegria, todos nós, membros e colaboradores da União podemos somar com o Papa Francisco na missão de construir uma Igreja em saída Pastoral e Missionária. A construir uma Igreja de rosto missionário: próxima, aberta, capaz de sair de si para ir ao encontro das pessoas por caminhos novos, sobretudo das que vivem nas "periferias" geográficas e existenciais. Uma Igreja livre, capaz de denunciar profeticamente as injustiças do mundo.
O Papa parece nos mostrar alguns espaços de apostolado/evangelização que carecem de uma dedicação especial e aqui recordo alguns:
dos pobres, que além do pão, casa, trabalho e saúde, carece de cuidado espiritual. Afirma o Papa que a "pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. [...] tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua benção, a sua Palavra, a celebração dos sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e amadurecimento na fé” (EG, n. 200). Embora nem sempre conseguimos manifestar a beleza do Evangelho, mas, “há um sinal que nunca deve faltar: a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora” (EG, n. 195).
a mulher, “duplamente pobres”, ao padecer “situações de exclusão, maus tratos e violência ...” (EG, n. 212). Por sua parte, a “Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. (...) Mas ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva [... ] nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais” (EG, n. 103).
os migrantes, os “sem abrigo, os toxicodependentes, os refugiados, os povos indígenas, os idosos cada vez mais sós e abandonados...” (EG, n. 210).
o atual sistema econômico “injusto na sua raiz” (EG, n.59), que gera uma “economia da exclusão e da desigualdade social [que...] mata” (cfr. n. 53). Pallotti era convicto que a pessoa é "imagem de Deus” enquanto neste sistema o ser humano passa a ser considerado como “um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora” (EG, n. 53). Assim tem início uma “cultura do «descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são «explorados», mas resíduos, «sobras»” (EG, n. 53).
Em nosso apostolado/missão, segundo o Papa Francisco “não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e acções sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração” (EG, n. 262). O anúncio do Evangelho leva ao “amor fraterno, ao serviço humilde e generoso, à justiça, à misericórdia para com o pobre” (EG, n. 194), como Jesus ensinou. “Na medida em que Ele conseguir reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã tendem a provocar consequências sociais” (EG, n. 180).
Do Cenáculo somos enviados em missão a construir com alegria uma Igreja possuída, animada e impelida pelo espírito dos primeiros cristãos. E o espírito dos primeiros cristãos era um espírito eminentemente missionário, pois todos eles, fortalecidos pelo Espírito Santo, saíram do Cenáculo e se espalharam pelo mundo afora e deram testemunho de Jesus Cristo a judeus e pagãos com a palavra, a vida e até com o próprio sangue. Reconquistar o espírito dos primeiros cristãos parece ser uma das grandes contribuição que nós membros e colaboradores da UAC podemos dar à Igreja e ao mundo. Nesta Igreja, reavivar a fé e reacender a caridade: eis o Carisma da UAC. Carisma atual para o nosso tempo e que pode contribuir para um novo impulso missionário em todo povo de Deus, sejam Bispos, padres, diáconos, consagrados /as, leigos/as.
Reflexão
Ler ou reler a exortação apostólica Evangelii Gaudium
Como posso fazer frutificar os dons que recebi de Deus para servir a comunidade, na construção de uma Igreja em saída Pastoral e missionária?
Como pessoa batizada, me coloco a serviço da evangelização que anuncia explicitamente Jesus Cristo? É uma evangelização que leva a assumir a vida cristã?
Ação concreta:
Como membro da União em que posso me dedicar ainda para levar Jesus, alegria do Evangelho, para outros, colocando-me a serviço da Igreja, com os dons que recebi de Deus, especialmente aos que vivem “nas periferias geográficas e existenciais”?
Ir. Salete Maristella Cargnin, CSAC,
Membro do Conselho de Coordenação Geral,
Brasil.

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