Maria, Mãe da Misericórdia.
Na experiência humana familiar, a relação mãe
x filho nos ajuda a situar o realismo da misericórdia.
A misericórdia materna é um componente natural
e especial do coração de mãe que é geradora da vida. Para a mãe, o filho é tão
amado porque faz parte de sua vida e quanto mais sofrido, mais amado será.
Em sua Bula de Proclamação deste Ano Santo, o
Papa Francisco nos diz:
“Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade
do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença
da misericórdia feita carne” (Misericordia Vultus 24).
Maria, mãe da misericórdia, além de humana,
cultivava a amplidão da maternidade pela fé e obediência.
Se o coração de uma mãe é uma constante
oferenda de amor a seus filhos, o coração de Maria é a mais evidente expressão
materna do coração de Deus a humanidade.
Escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus,
vemos que a sua caminhada como Mãe foi toda plasmada na misericórdia por toda a
humanidade.
Maria, mulher da escuta atenta de Deus e dos
acontecimentos de sua época. Não se trata de um simples “escutar”, um ouvir
superficial, mas um “escutar feito de atenção, de acolhimento e de
disponibilidade”.
Na anunciação ela escuta o Anjo Gabriel e com
o seu Faça-se (fiat), aceita ser a mãe do salvador. É o sim da Fé comprometida
com Deus.
Maria, mulher de decisão. Ao escutar que
Isabel, sua prima idosa, estava gestante, partiu apressadamente para servir.
No encontro com Isabel, o Magnificat
proclamado por Maria, antecipa de certa forma a irrupção do Espírito na
comunidade de Jerusalém.
A profecia e a misericórdia da vida e dos atos
de Maria proclamados neste cântico manifestam que ela pratica a dimensão
misericordiosa do seu lado feminino quando proclama a misericórdia de Deus
Todo-Poderoso e também proclama uma dimensão social, clamando por justiça em
favor dos filhos de Deus desfavorecidos e injustiçados.
Maria, alma mística, mas também mulher
profética com compromisso de justiça para com todos os povos.
Maria, mulher de ação. Ao participar das Bodas
em Caná da Galiléia, percebe o constrangimento que os jovens esposos iam passar
com a falta de vinho. Ninguém precisou pedir a ela: agiu com misericórdia.
Vemos aqui também o realismo, a humanidade e a
consistência de Maria, que permanece atenta aos acontecimentos da vida.
Maria, aos pés da Cruz, é testemunha do perdão
ilimitado do Filho de Deus, que suporta na sua carne o dramático encontro entre
o pecado do mundo e a misericórdia divina.
Papa Francisco, nos diz, que Maria atesta que
a Misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem
excluir ninguém.
A mãe da misericórdia perdoa todas as
barbaridades que seu Filho sofreu.
São Vicente Pallotti era um homem inebriado
pela misericórdia de Deus.
Aos lermos seus escritos descobrimos que ele
vive sempre como objeto e sujeito de amor. Vê toda a sua vida e todo o seu ser
como uma obra maravilhosa da Misericórdia Infinita de Deus, o qual tem como
objeto próprio do Seu amor o propósito de fazer dele (Vicente) o milagre
perpétuo de Sua misericórdia, como fez de Maria o milagre de Sua graça.
São Vicente Pallotti reconhece, como todos
nós, que Maria é cheia de graças, mãe da misericórdia, Co-redentora do gênero
humano e a invoca nas suas orações e súplicas, repetidas vezes: à minha mais
que enamoradíssima mãe, “à minha querida mãe da misericórdia”, salve mãe da
misericórdia.
Nosso fundador, ao refletir os textos dos Atos
dos Apóstolos que narram à vinda do Espírito Santo, teve a intenção de fazer um
quadro em que retratasse a cena de Pentecostes. Ele via em Maria, a Rainha dos
Apóstolos, dando força e coragem aos Apóstolos. Por isso colocou a sua obra sob
a sua proteção.
Rezemos com São Vicente Pallotti: “Salve Mãe
da Misericórdia de Deus, pela intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria e de
toda a corte celeste, abraça misericordiosamente a mim, o Milagre Perpétuo da
Misericórdia, como fez em Maria, o milagre da graça” (cf. OOCC X, 356).
Para refletir:
a) Maria
deu o seu sim para toda a vida. Como você vive o seu sim: no sacerdócio, na vida
consagrada, como indivíduo, em casal, na família, na comunidade e no
apostolado?
b) No
magnificat, vemos Maria contemplativa e de consciência cristã quanto a situação
sócio-política de sua época. Até onde nos acomodamos com uma ação caritativa de
esmolas e “obras sociais” e fugimos de uma ação transformadora própria de uma
consciência cristã crítica?
c) Qual
é a experiência do amor e misericórdia de Deus que eu experimento e vivo no dia
a dia de minha vida?
d) Somos
chamados pela nossa espiritualidade a revelar com nossa vida e em nosso
apostolado o Rosto do amor e da Misericórdia Infinita de Deus. Como isto
acontece em minha vida pessoal e apostólica?
Dayse
da Conceição Barros da Conceição.
Leiga,
membro da União do Apostolado Católico.
Manaus,
Amazonas, Brasil.
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