I Domingo do Advento Ano B 2017/2018
No final de cada ano, muitas empresas,
escolas ou lojas fecham alguns dias para fazer um balanço de como foi o ano, se
livrar daquilo que está encalhado, corrigir os erros e festejar as vitórias. É tomando contato com a realidade de nossa
vida, tanto das conquistas para dar graças a Deus, tanto dos erros para
corrigi-los é que podemos nos planejar para o que nos resta da nossa vida.
Na Primeira leitura, o profeta Isaías acaba
por fazer uma pintura realista da situação do Povo de Israel. Diz claramente
que a situação difícil pela qual eles estavam passando não era simplesmente um
mal ocasional ou passageiro, mas consequência de seus pecados.
Todo pecado gera sofrimento. Nossa vida não
é como os desenhos animados de Tom e Jerry em que o gato e o rato aprontam, caem
cofres pesados em suas cabeças e na outra sena do desenho tudo está como antes
como se nada tivesse acontecido. Não. Nossa vida deixa marcas. Estas são
aliviadas e suavizadas pelo sacramento da reconciliação e pela graça de Cristo,
porém, a pessoa madura e realista sabe encarar de frente as consequências
negativas de suas próprias ações ou omissões.
Muitos gritam e reclamam: “Ah como eu sofro...” Será
que, se formos realmente sinceros conosco mesmos, não veremos também o sofrimento
que já causamos a outros?
Sem
meias palavras, a pessoa realista vê a vida de frente e percebe nas alegrias e
sucessos de sua vida a graça de Deus e a
sua correspondência a essa graça, assim como sabe reconhecer em certos sofrimentos
e humilhações, as consequências dos próprios pecados e dos pecados dos outros.
Essa
era a leitura que os profetas fizeram mais de uma vez da história do povo de
Israel. O cristão maduro sabe encarar esses sofrimentos com serenidade e
humildade, e enquadrá-los num caminho sereno de penitência e reconciliação.
Tudo isso só pode acontecer abrindo-se sem
medidas à Graça e Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Exemplo pujante
disso é a comunidade de Corinto , que, no “balanço” que dela fez o Apóstolo São
Paulo, foi achada fiel ao seu Senhor à graça “carismática” com a qual ela tinha
sido agraciada. De fato, o Apóstolo atesta: “Não vos falta dom algum, a vós que
aguardais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Que beleza de Igreja estava em Corinto! Não
lhes faltava nenhum dom do Espírito Santo. Mesmo suas faltas, como São Paulo
vai denunciar no Capítulo 11, por exemplo,
não puderam apagar essa verdade.
Essa atitude realista e de contínua
conversão, Nosso Senhor chama no Evangelho de “estar desperto”. Não “dormir” no
próprio pecado. “46Feliz esse servo a quem o senhor, ao
voltar, encontrar assim ocupado. 47Em verdade vos digo:
Há-de confiar-lhe todos os seus bens. 48Mas, se um mau
servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor está a demorar’,
49e começar a bater nos seus companheiros, a comer e a beber com os ébrios, 50o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e
à hora que ele desconhece; 51vai afastá-lo e dar-lhe um
lugar com os hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 24,46-50)
Esta “casa de Deus” que deve ser bem
servida e arrumada por nós, servos inúteis, com a força do Espírito Santo é
antes de tudo a nossa alma, mas também as nossas famílias, a Igreja e o mundo.
Entre as funções que os servos desenvolvem,
o Evangelho de hoje sublinha a do porteiro. Que faz um porteiro? Deixa entrar o
dono da casa e todos os que são seus amigos ou que de alguma forma lhe prestam
algum serviço e barra a entrada dos espiões, ladrões e inimigos do seu senhor. Que
portas são essas de que Deus nos fez porteiros?
A porta de nossas almas são os nossos
sentidos. Por ela devem passar as boas
companhias, bons livros, boa música, bons filmes, etc...Devem ser barrados as
más companhias, maus livros, músicas indecentes, filmes perniciosos....; a
porta de nossa família é a porta mesmo de nossas casas. Por ela devem entrar os
verdadeiros discípulos de Cristo, a vida sacramental da igreja, alimentos
saudáveis; devem ser barrados, falsos profetas, hereges, drogas, alimentação não
sadia... ; Já as portas da Igreja devem estar abertas aos pecadores e fechadas
para o pecado; as portas de nossa vida social devem estar abertas para a
colaboração com os homens de boa vontade e fechadas para os que só querem
implantar uma cultura anti-cristã, pagã e devassa.
Quais os inimigos de Nosso Senhor que
devemos barrar? Quais os seus amigos que devemos acolher? Certamente os pobres
e necessitados, nesse tempo de crise econômica, que, para além de seu aspecto
difícil, pode ser, para nós, uma escola de partilha.
Que Jesus Eucarístico, que daqui a pouco
vamos receber, ele que é o dono da casa que é a nossa alma, nos ensine , já
nessa vida, a sermos bons porteiros, e
um dia, recebermos a recompensa dos servos fiéis.
Para partilhar:
1- O Senhor nos mandou vigiar. Esta
vigilância é sobretudo de nós mesmos, mas também sobre as pessoas que o Senhor
nos confiou. O porteiro é assim instituído para deixar entrar o dono da casa e
não deixar entrar os ladrões.
Temos deixado entrar o “Dono da casa”,
através da oração, da Eucaristia, do rosário? Quais são os “ladrões” que os
pais e educadores não devem deixar em
suas casas?
Pe. Marcelo Nespoli
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