Em alguns lugares ou círculos de amizade,
pensa-se que a fé cristã é coisa de mentes pobres e ingênuas; de pessoas que,
por não encontrar nas próprias forças caminho de aperfeiçoamento, o buscam no
sobrenatural. Os Reis Magos do Evangelho são uma resposta para essas mentes
soberbas.
Os
pastores foram até à gruta de Belém por conta de uma revelação extraordinária
dos anjos. Já os Reis Magos chegaram à gruta de Belém através da Revelação do
Antigo Testamento (Fé) e da observação dos fenômenos naturais, no caso a
estrela (Razão). Fé e razão: as duas asas do espírito humano de que tanto fala
o Papa São João Paulo II na sua encíclica “Fides et Ratio”.
Assim como eles, muitos outros souberam
voar alto com essas duas asas dadas por Deus ao ser humano. Vejamos alguns
deles:
Conta-se na Biografia do pesquisador
Francês Pasteur:
"Um jovem universitário entrara num
compartimento do trem e sentou-se ao lado dum homem de idade. Entre as mãos
deste deslizavam as contas dum grande rosário e o seu rosto refletia a devoção
intensa com que rezava. Intrigado, o jovem exclamou: O senhor parece que ainda
acredita nessas velharias!?. . .
Sim.
E tu, não?
O estudante soltou uma estrepitosa
gargalhada e respondeu:
Eu?
Se o senhor quiser seguir o meu conselho, atire esse terço pela janela e
aprenda o que diz a nova ciência.
A nova ciência?... Fez o velho com espanto.
Não consigo compreender essa ciência. Talvez tu me pudesses ajudar.
Dê-me a sua direção, acrescentou o rapaz cheio
de importância, e eu lhe enviarei alguns livros que o podem ilustrar.
O homem tirou do bolso um cartão de visitas
e entregou-o ao rapaz. Liam-se nele estas palavras: Louis Pasteur, Instituto de
Pesquisas Científicas, Paris.
O jovem universitário baixou a cabeça e não
teve coragem de dizer uma só palavra. Agora sabia em frente de quem estava.
O fato acima, descrito na biografia de
Pasteur, teria ocorrido em 1892."
Vida e Obra de Louis Pasteur (Autoria
desconhecida).
É dele a célebre frase: “Um pouco de
ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima."
(Louis Pasteur)
(http://www.sitequente.com/frases/ciencia.html)
Esta frase de Pasteur parece confirmar-se
por outros célebres cientistas:
“A
probabilidade de ter-se a vida originado por acaso é comparável à probabilidade
de um dicionário completo resultar da explosão de uma tipografia”. (O Dr.
Edward Cooling, biólogo americano)
Max Planck (1858-1947), prêmio Nobel de
Física: “O impulso de nosso conhecimento exige que se relacione a ordem do
universo com Deus”.
Albert Einstein (1879-1955), Nobel de
Física em 1921: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus”. “O
universo é inexplicável sem Deus”.
Guglielmo Marcone, inventor da comunicação
sem fios, Prêmio Nobel de 1909: “Declaro com ufania que sou homem de fé. Creio no
poder da oração. Creio nisto, não só como fiel cristão, mas também como
cientista”.
Voltaire (1694-1778), racionalista e
inimigo sagaz da fé católica, foi obrigado a dizer: “O mundo me perturba e não
posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro”.
Todos estes cientistas, podemos dizer, são
como os vários Reis Magos ao longo dos séculos. Os magos do oriente que, a um
sinal visto na natureza, uma estrela diferente, vieram adorar o Rei Menino que
acabava de nascer, no colo de Maria, são o prenúncio de homens de boa vontade
de todos os povos da terra, que buscam a Deus com sinceridade de coração e que
não são cegos aos sinais que o próprio Criador colocou neles mesmos e na
natureza. Essas pessoas, se são dóceis, são conduzidas, pelos sinais de Deus na
natureza, pelo testemunho das Escrituras
e dos cristãos, à gruta de Belém, onde encontram o Deus Menino, o Verbo
que se fez carne e habitou entre nós.
Já dizia São Paulo: ““Porquanto, o que de
Deus se pode conhecer está à vista deles, já que Deus lho manifestou. 20Com
efeito, o que é invisível nele - o seu eterno poder e divindade - tornou-se
visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras. Por isso, não
se podem desculpar.” (Romanos 1,19)
Na pessoa dos Reis Magos, vemos um também
um prenúncio da Igreja, que é formada por povos de toda a terra e de todas as
culturas, que adoram o Deus verdadeiro e ao seu Filho Jesus Cristo no Espírito
Santo. Este culto dos magos foi bem concreto, e expressa também o nosso culto
cristão quando é “em verdade”.
Os
magos trouxeram ouro ao Deus Menino. Se aquele menino é o Criador do universo,
a ele pertence a realeza. Por isso, em sinal de gratidão pelas riquezas que
Dele receberam, os magos trouxeram ouro. Provavelmente este ouro foi
providencial para São José. Provavelmente, com este, ele comprou ferramentas e
construiu uma casa para a Sagrada Família obrigada a deixar tudo e emigrar às
pressas para o Egito. Jesus não precisa, pois ele é Rei de tudo, mas os pobres
e a evangelização precisam ainda hoje da nossa colaboração e ajuda espontânea
como gratidão por tudo o que de Deus recebemos.
Os magos ofereceram incenso, símbolo do
culto de adoração devido a Deus. Deus igualmente, não precisa dos nossos
louvores, mas o poder louvá-lo, nada acrescentando à sua glória, contribui para
a nossa salvação.
Enfim eles ofereceram mirra, símbolo
daquele que sendo impassível, tornou-se passível para sofrer por nós na cruz
para a remissão dos nossos pecados. Em Fátima nossa Senhora ensinou aos
pastorinhos a oferecerem a gota do seu sofrimento em união com o oceano do
sofrimento de Cristo para a salvação do mundo: “Sacrificai-vos pelos pecadores,
e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: “Oh Senhor, é por vosso amor, pela conversão
dos pecadores e pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.”
Sejamos como os magos do oriente: guiados
pela luz de Deus na natureza e nas Escrituras, cheguemos ao menino Jesus e lhe
prestemos um culto em espírito e verdade.
Para partilhar em grupo:
Como se concretiza, hoje em dia, a frase de
Pascal: “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima."
Pessoas simples e aparentemente sem muita instrução podem também chegar a uma
grande sabedoria Divina? Como?
Pe. Marcelo Nespoli