sábado, 31 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO E NOVA EVANGELIZAÇÃO

1 - Nova missão evangelizadora e emergência social contemporânea
Neste breve texto tentamos suscitar uma reflexão sobre a relação existente entre a proposta da “nova evangelização”, o pensamento palotino e as necessidades da sociedade contemporânea nas mais diversas áreas, em especial na área da educação e juventude a fim de reacender a fé cristã.
Muitos são batizados, porém, ainda necessitam de um maior discernimento e de profunda reflexão sobre os fundamentos de suas convicções cristãs, além disso, a difusão dos valores presentes no Evangelho deveriam permear a vida e as ações do educador, bem como do fiel católico, permitindo assim a formação de uma juventude coerente com uma proposta de vida de amor e caridade claramente necessária nos dias atuais – isto inclui sua missão individual como cristão e também como uma necessidade histórico-social.

Os grandes encontros mundiais da juventude, as peregrinações aos lugares de culto antigos e modernos, a primavera dos movimentos e dos grupos eclesiais são o sinal visível de um sentimento religioso que não se apagou. A “nova evangelização”, neste contexto, exorta a Igreja a saber discernir os sinais do Espírito na ação, dirigindo e educando as suas expressões, em vista de uma fé adulta e consciente «até chegar à medida da plenitude de Cristo» (Ef. 4, 13).

2 – Reavivar a fé, uma missão palotina
A proposta de reavivar a fé em Cristo nos convida a realizarmos ações inspiradas à luz dos ensinamentos do Evangelho. Esta é uma missão especial para educadores formais ou informais que fundamentam suas vidas na fé da Palavra, tendo como referência o Evangelho e como um exemplo de ação apostólica, São Vicente Pallotti. Além disso, é fundamental nos questionarmos: Quanto nossas propostas e ações atendem efetivamente a necessidade de nossos educandos e demais pessoas envolvidas? Qual o nosso real comprometimento com as novas propostas e plataformas para a “nova evangelização”? Nossas propostas atendem a necessidade de continuação dos processos de evangelização, de acordo com as especificidades culturais e realidade de cada situação que nos envolvemos?
Os Padres sinodais que fundamentaram as orientações mais recentes da nova evangelização afirmaram que “em toda parte se sente a necessidade de reavivar a fé que corre o risco de ofuscar em contextos culturais que obstaculizam o enraizamento pessoal e a presença social, a clareza dos conteúdos e os frutos coerentes. Não se trata de começar tudo do início, mas – com o ânimo apostólico de Paulo, o qual chega a dizer: Ai de mim se eu não anuncio o Evangelho!” (1 Cor 9, 16) [02].
Esta proposta presente na nova evangelização atende aos desejos de Pallotti – a necessidade da educação e dos missionários de Jesus como instrumentos para aproximação dos homens à sua “origem primeira” através do Evangelho e da caridade. Cada cristão, cada qual a seu tempo vivenciou e vivenciará os desafios lançados aos missionários e pastores. São Vicente Pallotti, fundador da União do Apostolado Católico, nos deixou como herança espiritual a breve fórmula: “reavivar a fé e reacender a caridade” que no seu tempo usou como um remédio aos problemas da fé e da caridade. Ele percebeu que naquele tempo, a fé dos cristãos se tornara insípida e fria a caridade. Para ajudar a Igreja a afrontar este problema, Pallotti via a urgência de reavivar a fé e de reacender a caridade entre os católicos. Assim como Pallotti, nós educadores católicos e palotinos, comprometidos direta ou indiretamente nos processos educacionais, devemos refletir, questionar e renovar nossas ações práticas cotidianamente, muitas vezes tarefa árdua, porém, uma emergência social. O que fazemos cada dia para reavivar nossa fé e caridade?

3 - Um “novo mundo” e uma nova evangelização.
O termo nova evangelização foi empregado a partir do final da década de 1970. O Papa João Paulo II orientou os pastores da Igreja a atuarem de maneira inovadora, e de acordo com as necessidades concretas das pessoas com as quais se relacionavam. Este período foi marcado por profundas e constantes mudanças, assim como muitas foram as tensões decorrentes do momento histórico em que a proposta foi elaborada. Desde o anúncio da nova evangelização ficou clara a consonância com o Concílio Vaticano II. Os dias atuais apresentam características peculiares, quando comparadas às décadas de ‘70 e ‘80, porém a necessidade de agir para reavivar a fé e por uma vida iluminada pela Palavra neste mundo conflituoso que busca respostas, se apresenta como uma emergência para todos nós, educadores. Se o exposto nas últimas linhas acima não pode ser considerado uma regra, há fortes indícios que apontam a urgente necessidade de uma reflexão sobre as ações e os métodos que tem comprometido a qualidade não somente da evangelização, mas também da própria existência humana em nosso planeta. Temos necessidade também de discernir quais são as melhores formas e meios de comunicação para o processo de evangelização contemporânea.

Em períodos de transformação e questionamentos é fundamental a ação dos cristãos na expressão e propagação do Evangelho segundo as necessidades da sociedade em que estão inseridos. Atentos à Palavra como fonte de inspiração e condução da existência humana, Pallotti é um exemplo de dedicação para reavivar a fé nos homens à luz do Evangelho. A sua biografia é prova viva da busca pelo melhor ideal para reavivar a fé em uma sociedade em transformação. Como apóstolo, confrontou-se com os elementos que dificultavam a vivência da fé em sua época, portanto, era necessário reacendê-la, o que, sem dúvida alguma, teve significativa influência no desenvolvimento do apostolado palotino até os dias atuais. Os cristãos devem estar atentos à orientação da Igreja no projeto de evangelização através da aproximação a Deus. Com a celebração do Concílio Vaticano II a Igreja Católica redescobriu que esta transmissão da fé, entendida como encontro com Cristo, realiza-se mediante a Sagrada Escritura e a Tradição viva da Igreja, sob a orientação do Espírito Santo [03]
A educação tem papel preponderante na revitalização do processo de evangelização contemporâneo. O Evangelho, livro máximo para os cristãos, se faz presente na condição e realidade humana, portanto, a vontade de Jesus é concretizada no processo de continuidade da Palavra na vida de cada cristão. A orientação para a nova evangelização é muito clara na necessidade de acolher a Palavra de Deus, reavivar a fé, como pilares fundamentais da vida cristã. Para Pallotti, reavivar a fé é exercitar de maneira comprometida a caridade cristã - é na caridade que Deus se torna visível.
O que chamamos de nova evangelização não é um manual prático e objetivo, ou seja, uma teoria do que deve ser feito e como deve ser feito o processo de evangelização, no entanto, aponta um caminho claro, porém não menos desafiante, para os que estão comprometidos como pastores deste processo de evangelização. Todos nós somos convidados para reavivar de forma intensa o amor por Jesus Cristo através da Palavra, da fé e do exercício da caridade.
A sociedade atual indica a clara necessidade de adoção de novos métodos e experiências tanto na propagação teórica dos valores cristãos como nas ações concretas dentro e fora do universo educacional tradicional. Neste sentido cabe aos cristãos o dever de refletir sobre a qualidade de nossa caridade e como ela pode marcar nossa vida cotidiana no encontro pessoal com Cristo, pois, o cristianismo propõe particularmente uma amizade pessoal com Jesus e com cada uma das Pessoas da SS. Trindade.

Assegurar aos jovens uma educação efetivamente na fé e caridade é um dos maiores desafios a serem enfrentados pela comunidade católica mundial; sem dúvida nenhuma o momento exige um espírito inovador, talvez até “revolucionário”, porém, sem perder a essência dos ensinamentos de Cristo e de toda sua dimensão histórica e social.

Parte da oração oficial para JMJ

Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo.
Amém!

[01] XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Lineamenta "A nova evangelização para a trasmissão da fé cristã", n. 8.
[02] Messaggio al popolo di Dio della XIII Assemblea Generale Ordinaria del Sinodo dei Vescovi, Roma, 26 ottobre 2012, n. 2.
[03] Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição dogmática sobre a revelação divina Dei verbum, 7s.


Ir. Roseli da Encarnação, CSAC

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