domingo, 10 de novembro de 2013

Apóstolos Hoje - Novembro de 2013

Nova Evangelização junto aos moribundos - uma experiência pessoal - “Senhor, aquele que tu amas está doente” (Jo 11,3)

Eu trabalho na Pastoral da Clínica do Hospital S. Vicente Pallotti em Bensberg desde outubro de 1980. Durante a minha formação percebi que estava seguindo os passos de Vicente Pallotti, frequentemente era chamada no hospital para assistir pessoas doentes que estavam em fase terminal de sua vida.
Durante os primeiros anos do meu ministério, muitas vezes me perguntavam o que estava fazendo, visto que não podia sequer dar uma bênção. Com o passar do tempo descobri meus próprios “sacramentais”: por exemplo, aproximar-me de uma pessoa, consciente daquilo que estava fazendo, olhar com amor alguém, cujo semblante era desfigurado pelo câncer, (mesmo precisando de tempo para aprender e ter condições de fazer isto). Estes encontros quase sempre acontecem em ocasiões especiais, em particular com aqueles que se encontram na fase final de sua viagem nesta terra. As minhas visitas diárias ao Hospital e os momentos de Terapia Intensiva apresentam sempre novos desafios. Nunca sei o que irá acontecer, e muito frequente, sou surpreendida por aquilo que realmente acontece. Por exemplo, após a morte de uma senhora, a filha disse à enfermeira: “Minha mãe abraçou a fé através das visitas da irmã.” Agradeço a Deus por estas grandes graças. Se Ele quer utilizar tais visitas para aproximar-se de uma pessoa, pode contar comigo. Porém, recordo-me também que uma vez não visitei aquela senhora porque não me sentia com coragem de escutar com paciência suas conversas repetitivas. Às vezes, os pacientes rejeitam minha visita, talvez porque através do hábito religioso, eu sou um sinal visível da Igreja. Nestes casos procuro aproximar-me deles mediante algum pequeno gesto concreto de gentileza. Aconteceu certa vez que uma senhora ignorou minha visita, mas mudou completamente quando lhe ofereci uma marmelada de cerejas que desejava muito.
Algum tempo depois, estava quase no final de sua vida, quando percebi que não haviam, nos seus documentos, informações sobre sua religião. Surpreendi-me quando sua amiga acompanhante perguntou-me se seria possível ou não rezar em voz alta. Sabendo que a senhora doente tinha sido taxista, vieram à minha mente diversas imagens ligadas a esta profissão, então procurei utilizá-las numa espécie de oração espontânea de encorajamento: “Se na estrada principal – alguém tem o direito de passar”… e assim por diante. De repente sua amiga exclamou: “Mônica, você está na estrada prioritária, vai adiante!” Neste momento Mônica deu o seu último suspiro. Com frequência, em situações difíceis, lembro-me das palavras de Pallotti: Pela tua infinita misericórdia tenho certeza que o Senhor me ajudará agora.
Um dia a enfermeira pediu-me para visitar uma paciente que tinha manifestado o desejo de “colocar em ordem sua vida.” Quando lhe perguntei o que poderia fazer por ela, a mulher respondeu: “Irmã, ainda jovem deixei de frequentar a Igreja. Naquele momento pensava estar agindo corretamente, porém com o passar dos anos percebi o meu erro. Procurei na internet como poderia voltar atrás, mas achei muito complicado, e assim desisti da ideia. No momento em que soube do meu diagnóstico, novamente senti esta exigência. Como fazer alguma coisa aqui?” Consegui chamar o padre e em pouco tempo voltou de novo a frequentar a Igreja. Sua gratidão e felicidade me comoveram profundamente, mais uma vez pude testemunhar a Misericórdia de Deus e sua paciência infinita para connosco.
Por mim nada posso, com Deus posso tudo, por amor a Deus quero fazer tudo, a Deus a honra! Esta é frequentemente minha oração – e Deus me surpreende sempre com as palavras que Ele me sugere, sobretudo em situações difíceis: na sala de parto por causa de um aborto espontâneo ou um feto nascido morto; no encontro com pacientes depois de um acidente grave ou de uma tentativa de suicídio ou, então, com os parentes depois de um suicídio. Uma vez, no hospital, tive uma experiência com uma paciente muçulmana. Ela irradiava uma grande alegria naquele dia. Perguntei-lhe o porquê. Ela respondeu: “Estava no jardim com meu marido, e vi uma ‘Grande Senhora’. Amanhã iremos novamente naquele local e lhe direi: ‘Grande Senhora, ajuda-me a viver mais dois anos – assim, meus filhos poderão terminar seus estudos, depois poderás vir buscar-me.” Compreendi que ela tinha estado na gruta de Lourdes do jardim. Semanas depois ela estava na fase final de sua vida. Antes de ir para o seu quarto fui à Capela, acendi uma vela diante de Maria e pedi que a assistisse na sua última hora. Chegando ao quarto disse que tinha estado com a “Grande Senhora” e que tinha acendido uma vela para ela… A senhora quase morrendo sacudiu a cabeça dizendo: “Não Grande Senhora – mas Grande Mãe!”. Impressionada com tal experiência, rezei com Pallotti:
Meu Deus, pela tua misericórdia concede a mim e a todos uma profunda e verdadeira veneração por Maria.

Uma vez, sentada no leito de morte de uma senhora ateia, fiz com ela o exercício de respiração e, no seu ritmo, “rezei”: Espira tudo aquilo que é um peso em você… Espira tudo aquilo que não é bom na sua vida … Espira aquilo que você não tem mais necessidade… O novo respiro está lhe ajudando… O novo respiro leva lhe ao seu destino … O novo respiro não engana! Respira Deus… Espira Deus… com um simples olhar para Deus, que está presente em toda a parte.
Durante um retiro de repente ouvi uma frase de Pallotti que me fez refletir sobre nosso modo palotino de ‘fazer apostolado’: A maior parte daquilo que Pallotti fez – o fez através dos outros – no sentido de que os envolvia a serem plenamente apóstolos para colaborar e levar o amor de Deus ao mundo. Há trinta anos, sou a pessoa de referência das assim chamadas “Senhoras Verdes”, um grupo de mais ou menos vinte pessoas identificadas pela sua veste verde que trabalham como voluntárias com os pacientes e os ajudam de muitas maneiras. Uma vez por semana seu trabalho é estar à cabeceira de um doente, para lhe dar conforto. Às vezes é só estar presente. Estas pessoas são uma bênção para muitos doentes, um sinal do amor de Deus, sobretudo para aqueles que não recebem visitas, aqueles que estão em crise ou estão buscando conforto antes de uma séria cirurgia.

A experiência demonstra, que o bem feito isoladamente, ordinariamente é pouco, incerto e de pouca duração, e que os mais generosos esforços de uma pessoa sozinha não podem trazer frutos se não forem dirigidos para um objetivo comum.
Esta é a partilha do meu ministério em colaboração com muitas outras pessoas, no trabalho diurno e frequentemente noturno.

Rezemos com Pallotti:
Meu Deus, estou infinitamente necessitado de pedir-te: Quereria ser esperança para os desesperados, Quereria ser reconciliação para os que estão desviados do caminho, Quereria ser desejo para os desencorajados, Quereria ser alegria para os que estão em luto, Quereria… quereria…

Ir. Maria Reginata Nühlen, SAC
(As palavras de Pallotti foram retiradas de Vinzenz Pallotti, Hunger und Durst, aos cuidados de Josef Danko SAC, 1988)

Sugestões para a reflexão individual e comunitária:
O que posso/podemos fazer como comunidade para ajudar os doentes graves e os moribundos a experimentarem a presença e o amor de Deus?

Como podemos, individual e comunitariamente, em especial neste mês de novembro, ser presença de Deus junto às pessoas enlutadas pela morte de um ente querido, testemunhando nossa esperança na vida eterna?

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