segunda-feira, 21 de abril de 2014

Aniversário de São Vicente Pallotti


A vida de Vicente Pallotti desabrochou num belo dia de primavera romana, numa terça-feira, em 21 de abril de 1795. Foi o terceiro filho do casal Pietro Paolo Pallotti e Madalena De Rossi, pequenos comerciantes romanos. Sua infância, adolescência e juventude foram nutridas pelo zelo e testemunho de fé e pelos princípios fundamentais da vida cristã de seus pais. A Serva de Deus Elisabetta Sanna, que teve com Pallotti boa familiaridade, no seu processo de beatificação, declarou que os pais de Vicente Pallotti “pareciam dois santos”, e ele mesmo também disse: “O Senhor deu-me pais santos”.
Tal foi o ambiente familiar em que Vicente Pallotti viveu e onde também sentiu o chamado ao ministério sacerdotal, quando tinha 16 anos. Ele alimentou e cultivou a sua  vocação para o sacerdócio com continuada oração, meditação diária, terna devoção à Virgem Maria e à Eucaristia, dedicação aos estudos e com crescente confiança em Deus.
 E, no dia 16 de maio de 1818, com 23 anos, recebeu a ordenação sacerdotal. E, ao ser ordenado sacerdote, esqueceu-se de si mesmo e,  a exemplo de Cristo, fez-se o servidor de todos os irmãos carentes de ajuda espiritual e material. Possuído, animado e movido pelo espírito de Cristo, tinha a convicção de que o seu apostolado era uma participação no apostolado de Jesus Cristo. Para ele, Cristo era o grande apóstolo do Pai eterno e junto com muitos sacerdotes, religiosos e religiosas e leigos queria reavivar a fé e reacender a caridade cristã e oferecer o dom da fé àqueles que ainda não conheciam Jesus Cristo.
E foi nesta vivência e experiência de Cristo, como Apóstolo do Pai Eterno, que Vicente quis viver o seu ministério, movido unicamente pelo amor a Deus e ao próximo, e que é a eficiência de todo o apostolado cristão. Para ele o amor é o motivo, a força que move quem quer colaborar no apostolado de Jesus Cristo. De fato, são inseparáveis o seguimento de Cristo e a participação na sua missão de salvador. E já que todos somos chamados ao seu seguimento e a participar no seu apostolado, temos todos uma missão ou obrigação apostólica e precisamos, portanto, ser movidos e animados pelo amor de Cristo, como escrevia São Paulo - “O amor de Cristo nos impele” -, e que Pallotti escolheu como lema de sua fundação apostólica.
Um sacerdote incansável
Pallotti exerceu incansavelmente suas atividades apostólicas, e dizia: “Eu peço a Deus que faça de mim um trabalhador incansável”. E de fato ele o foi. Ele envolveu-se todo em tantas atividades pastorais da Igreja de Roma e também do mundo. A partir da vida de Jesus Cristo e de seu projeto de salvação, abriu-se aos pobres e aos desprezados, aos doentes e marginalizados. Ajudou e protegeu espiritualmente os soldados, os encarcerados, os operários, os lavradores, os estudantes estrangeiros, as crianças e os adolescentes órfãos. Foi exímio confessor solicitado por padres, bispos, religiosos/as, seminaristas e pelo povo em geral. Também, por onze anos, foi professor assistente na Universidade de Roma. Pregou missões e retiros em paróquias de Roma e fora de Roma. Organizou a formação cristã dos jovens e adultos e também do clero. Abriu orfanatos e foi sustentador e incentivador das missões populares e estrangeiras. Foi um sacerdote sensibilizado pelos problemas sociais, econômicos, religiosos e culturais de seu país e também de todo o mundo. Já antes de sua ordenação, fez o seguinte programa de sua vida sacerdotal: “Quero ser comida para os famintos, vestimenta para os nus, bebida para os cansados, força para os fracos, remédio e saúde para os doentes, aleijados, coxos, surdos e mudos, luz para os cegos do corpo e do espírito, vida para os que estão mortos para a vida da graça”.
Sua grande obra apostólica
A experiência de Deus, Amor e Misericórdia, abre os olhos do sacerdote Vicente Pallotti para as necessidades fundamentais da Igreja de seu tempo e contexto. É estimulado a dar-lhe uma resposta. E no tempo e no contexto eclesial Pallotti foi capaz de perceber qual era mesmo a vontade de Deus a seu respeito. Qual era mesmo o projeto em que devia colaborar. No dia 09 de janeiro de 1835, iluminado por Deus viu e sentiu que a sua resposta à Igreja de Cristo era despertar e promover o apostolado de todos os cristãos, e em função disto foi levado a fundar a União do Apostolado Católico. O Espírito Santo fez-lhe intuir uma obra em que os batizados participam da missão da Igreja, quando se unem na realização de um objetivo comum cristão. Vicente Pallotti expressa esta intuição com as seguintes palavras: “O apostolado Católico, isto é universal, porque pode ser exercido por todas as classes de pessoas, é cada qual fazer quanto possa e deva, pela maior glória de Deus e pela eterna salvação própria e de seu semelhante”. 
Mas foi no dia 04 de abril de 1835 que a fundação de Pallotti recebeu a bênção oficial da Igreja. Nasceu então a União do Apostolado Católico (UAC). Desde o seu nascimento, a União do Apostolado Católico reuniu diversas comunidades de fiéis de cada estado, leigos, sacerdotes, religiosos, desejosos de plasmar a própria vocação apostólica ou missionária, segundo os ideais apostólicos de São Vicente Pallotti. Ele queria que cada um assumisse a missão de viver e de propagar o Evangelho de Jesus Cristo, a fim de reavivar a fé, de reacender a caridade na Igreja e no mundo e de levar todas as pessoas à união e comunhão com Cristo.
Desde o início, A UAC foi constituída pelo fundador de sacerdotes, religiosos e leigos, e, nos anos sucessivos, teve um desenvolvimento mais orgânico e expandiu-se na comunidade dos sacerdotes e dos irmãos (Sociedade do Apostolado Católico – SAC), nas comunidades das Irmãs Palotinas e numa vasta comunidade de leigos de todo estado de vida e condição. A Padroeira da União do Apostolado Católico, modelo eminente de vida espiritual e de zelo apostólico, é a Bem-aventurada Virgem Maria, a “Rainha dos Apóstolos”.
“Morreu o santo de Roma”
 Em janeiro de 1850, no dia 15, Pallotti ficou repentinamente doente. Parecia que em breve se recuperaria, no entanto, para surpresa de todos, não conseguiu deixar a cama. Pediu o Viático e a Unção dos Enfermos, e, depois de ter dado aos seus filhos espirituais as últimas recomendações, morreu serenamente aos 54 anos, no dia 22 de janeiro, terça-feira, às 21h45min. No dia seguinte, os jornais romanos noticiavam: “Morreu o Santo! O Apóstolo de Roma, o Pai dos Pobres!”.
Ele foi beatificado, depois de um século, em 1950, pelo Papa Pio XII, e foi canonizado em 20 de janeiro de 1963, durante o Concílio Vaticano II, pelo beato e Papa João XXIII. De acordo com o Papa, Pallotti foi “um apóstolo incansável, diretor de almas, inspirador de entusiasmo santo e magnífico em empreendimentos apostólicos”. Sua vida pode ser caracterizada por três obras: Santo, Apóstolo e Fundador.
João Paulo II, numa visita aos palotinos, no dia 22 de junho de 1986, na Igreja São Salvador em Onda, onde repousa o corpo incorrupto de São Vicente Pallotti, exortou todos os seus seguidores: “Continuai a multiplicar o vosso empenho para que aquilo que profeticamente anunciou Vicente Pallotti, e o Concilio Vaticano II com autoridade confirmou, se torne uma feliz realidade, e todos os cristãos sejam autênticos apóstolos de Cristo na Igreja e no mundo!”. 

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