SÃO VICENTE PALLOTTI
PRECURSOR DO APOSTOLADO DOS LEIGOS
(Reflexão sobre a homilia do Papa Paulo VI durante a sua visita à Frascati para venerar o corpo de São Vicente Pallotti, exposto na Catedral)
«Seria interessante examinar como Vicente Pallotti possuía tudo quanto possuíam os Santos: uma atenção que se torna neles dolorosa e quase dramática em um primeiro momento; a percepção do mal, das necessidades, das faltas, da difusa infidelidade à misericórdia e à graça de Deus» (Homilia de Paulo VI)
Convido-vos a refletir sobre este trecho da homilia do Papa Paulo VI. Inicialmente vos convido a usar um pouco da vossa imaginação: colocando-vos no tempo de Pallotti e nos lugares onde ele viveu. Tentemos sentir novamente aquilo que ele mesmo poderia ter experimentado dentro de si.Ele viveu em Roma, uma belíssima cidade: olhemos as belas cores do céu azul. Imaginemos as águas do rio «Tevere» e ao seu redor os palácios e outros monumentos que mostram a beleza da arquitetura romana. Caminhamos sobre as pedras, algumas são testemunho dos primeiros séculos do cristianísmo, como aquelas que permanecem na estrada ao lado do Coliseu.
Na sua alma nasce e se fortifica a convicção que: «Deus infinitamente feliz, no seu amor infinito e na sua misericórdia infinita criou tudo o que existe no universo para doar-se totalmente às suas criaturas».
No coração, Pallotti sente o fascínio e a admiração por Deus: Admira Deus; «não o intelecto mas Deus; não a vontade mas Deus (...) Deus sempre, em tudo. Deus, meu Deus».
No seu coração, também sente a dor que se intensifica, se torna mais forte, não consegue suportá-la. A dor grande, a dor forte... por quê?
Existem pessoas do seu tempo que levantam a cabeça não para olhar a beleza do céu mas para nutrir o próprio orgulho e para reforçar a própria grandeza; olham o «Tevere» ... e dizem os nomes das pessoas que se jogaram tirando-se a própria vida no rio; as pessoas se maravilham olhando a beleza da arquitetura da cidade de Roma admirando a genialidade do homem ... e somente do homem; as pessoas correm sobre as pedras das estradas ... para fugir da responsabilidade pelo patrimônio, caminham rápido ... para não sentir a voz da própria consciência e a dos outros.
Sente a dor também por causa da realidade que vê: os órfãos, as viúvas, as prostitutas, os soldados bêbados, os ladrões, os políticos orgulhosos, os ricos que não possuem sensibilidade para com os pobres; os cristãos frios, indiferentes homens espirituais ... divisões entre as pessoas, falta de fé e de amor ...
Medito as palavras do Papa Paulo VI e percebo sua dor e suas preocupações pelos cristãos como Pallotti sentia: «Muitos cristãos continuam sendo passivos, esquecidos, para não dizer até desertores, algumas vezes, do grande chamado que Deus, com o cristianísmo concedeu ao mundo. Ele Chamou todos a serem filhos, a serem os seguidores de Cristo, a professarem a sua fé e a exercitarem a sua caridade. Essa humanidade que acolheu a grande vocação cristã, não poucas vezes, infelizmente, se esqueceu, caiu no torpor, ou retornou às atitudes temporais e se «enterrou» nos interesses imediatos da vida exterior. Estes interesses imediatos, eles os retém como «prevalentes», positivos, capazes de saciar os desejos humanos e superiores ao grande convite emanado do Céu com a Revelação Evangélica»
Sintamos no coração as palavras de São Vicente:
“Iluminados pela fé, dou-me conta, meu Deus que nos criastes com amor à tua imagem e semelhança, nos deste o lívre arbítrio a fim de que nos aperfeiçoássemos como tua imagem no mundo que merece o teu prêmio. Mas quantas almas – podemos contar milhões e centenas de milhões – não alcançaram esta perfeição por causa de seus pecados. (...)
Diante de tal situação pergunto: é pessimismo? Desespero? Depressão? Não!!!
Medito as palavras do Santo: “Meu Deus, Tu és a Misericórdia infinita. Tu no-la concedes sempre mais, lá onde existe mais miséria humana. (...) Creio e estou certo que a Tua misericórdia destrói toda a minha miséria e preenche a minha alma com todos os teus dons, de modo tal que, se em Maria Santíssima, as gerações admirarão o milagre da tua graça por todos os séculos, em mim deverão admirar o milagre da Tua misericórdia”.
Sentimos no coração o chamado: coloquemo-nos a trabalhar!
«Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas!» (Rm 10, 14-15).
E a minha resposta? «Quero ser alimento para os famintos, vestimenta para vestir os nús, bebida para saciar os sedentos ...».
E pergunto: Deveria fazer tudo sozinho?
O que nos sugere São Vicente? «A experiência nos diz que o bem que fazemos sozinhos é limitado, incerto e que os mais nobres esforços das simples pessoas não podem produzir frutos se não unidas e orientadas a um fim comum».
«Todos, grandes e pequenos, ricos e pobres, (…) sacerdotes e leigos, religiosos e o clero Diocesano, quem vive em comunidade ou sozinho, os negociantes e empregados, todos os que realizam qualquer trabalho. Todos, anciãos e jovens, os de boa saúde e os doentes, os presos e os livres, todos, cada qual no seu estado de vida podem dedicar-se nas obras do apostolado de Jesus Cristo. Todos, seja na própria casa ou fora de casa, estudando ou no trabalho, todos podem encontrar o modo para se ocupar pela salvação eterna do próximo».
«Todos podem aproveitar dos dons de Deus para propagar a fé»
Deus nos chama para trabalharmos juntos e convidarmos outros!
«A graça de colaborar para a salvação das almas é uma das graças que Deus doa às suas criaturas. De todos os dons divinos essa é a mais divina, a maior, a mais nobre por diversas razões. A primeira razão é esta - que todos os que a recebem e a aproveitam são os maiores imitadores de Jesus Cristo que veio à terra para cumprir a obra de salvação para a glória do Pai Celeste; a segunda razão é que, quem aproveita desta graça aperfeiçoa em si mesmo a imagem da Santíssima Trindade e se torna mais semelhante a Deus; a terceira razão é aquela em que esta graça não somente nos assemelha a Jesus Cristo e a Deus Pai e Espírito Santo, como suas imagens, mas que nos faz semelhantes a Eles na glória»
Façamos nossa a convicção de nosso Fundador, que esta convicção se torne minha, se fortifique dentro de mim, no meu coração e adquira nova força, a convicção que - «Deus Pai que me criou, está presente em tudo que vivo e encontro, Deus Filho que me redimiu, está presente em tudo o que me circunda; Deus Espírito que me santificou está presente com a sua força renovadora. Estou em companhia das Três pessoas da Santíssima Trindade, qual maravilhosa companhia».
Peçamos a graça que se fortifique em nós a admiração e a gratidão para com Deus e que se intensifique o nosso empenho pela obra do nosso santo Fundador, São Vicente Pallotti e peçamos também pela fidelidade de todos os que seguem os passos de S. Vicente levando Deus no coração deste mundo, às vezes, desenraizado do bem.
Rezemos juntos
São Vicente Pallotti, Fundador da União do Apostolado Católico, impulsionado pelo amor dado gratuitamente a nós pelo Espírito Santo, caminhamos nos teus passos para sermos testemunhas da unidade, de comunhão e de paz neste mundo cheio de divisões. Desejamos com todo o coração, cheios de zelo, proclamar a todos os povos a Boa Nova de salvação, assim como tu proclamaste a fim de que haja um só rebanho sob um só Pastor. São Vicente, interceda por nós, por nossas atividades apostólicas para que possamos colaborar com Deus e com os nossos irmãos e irmãs para que cresça o Reino de Deus no mundo em que vivemos.
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