terça-feira, 24 de julho de 2012

São Vicente Pallotti 50 anos da Canonização


Às vezes, a memória daqueles que viviam no meio de nós perdura por muito tempo. Não é raro esquecer-se de alguém durante a vida daquela pessoa. Há tantas pessoas que vivem no anonimato e no esquecimento. Não é raro testemunhar o enterro de alguém que foi sepultado sem a presença de sequer uma pessoa, como indigente. Mas, quando morre alguém querido ou famoso, sua memória pode ser lembrada e guardada por várias pessoas. Porém, com o passar do tempo, esta memória será cada vez menos nítida, até chegar o momento de tornar-se, apenas, mais uma data posta no calendário. Contudo, por outro lado, percebemos que, ao longo dos séculos, surgiram pessoas que, mesmo tanto tempo depois da sua morte, continuam sendo lembradas e, mais ainda, presentes no meio de nós, por aquilo que realizam, ensinaram e vivenciaram ao longo de suas vidas.
Gostaria de mencionar aqui, o Fundador da União do Apostolado Católico – São Vicente Pallotti. No dia 22 de janeiro de 2013, iremos celebrar os cinquenta anos da sua canonização. O que quer dizer este fato para nós, membros da Igreja de Cristo Jesus e, mais ainda, membros da UAC, obra fundada por ele?
A Igreja reconhece que, através deste ato solene e formal, alguém é incluso no catálogo dos Santos da Igreja Católica. Mas não é apenas isso. A vida e os ensinamentos daquele santo são propostos como modelo a ser seguido através dos tempos. Neste ano, que nós nos preparamos para este grande jubileu, temos uma oportunidade única de, uma vez mais, debruçarmos-nos sobre a herança deixada por São Vicente Pallotti, e o seu apelo que ecoa pelos séculos, e a urgência de implementar no mundo de hoje os valores, ensinamentos e carismas dele. Neste artigo, de modo aleatório, gostaria de lembrar alguns fatos pouco conhecidos da vida deste santo.
Certamente, um fato marcante foi a sua postura durante a epidemia de cólera que atingiu Roma a partir de 19 de agosto de 1837 (o reconhecimento oficial por meio do jornal – Diario di Roma). Na Igreja do Espírito Santo, havia uma vaivém dos sacerdotes e dos pobres. São Vicente Pallotti pediu em favor dos seus colaboradores, faculdades ministeriais para casos reservados, a fim de atender a grande quantidade de penitentes. Ele estava sempre muito ocupado com a assistência aos doentes, o socorro às respectivas famílias, e as longas horas de confessionário. Para atender inúmeros apelos que recebia, dividiu a cidade em setores, confiando-os aos membros da União do Apostolado Católico. O próprio Vicente escreveu: “A Pia Sociedade, no tempo da cólera, colocou na porta da entrada da sacristia da igreja uma caixinha. A todos os pobres ficava a oportunidade de ter socorro segundo as precisões. Bastava que num pedaço de papel, os interessados escrevessem o próprio nome, endereço e paróquia e o colocassem na caixinha. Depois, então, os padres, dois a dois, se dirigiam aos casebres dos pobrezinhos”. (OOCC V, 139 – 140).
Procuravam ajudar conforme as necessidades: a alguns, com roupas e cupons para pão e carne, para outros, providenciavam camas e limões, tidos como remédio mais adequado contra a cólera. Os padres da Pia Sociedade, noite e dia, a exemplo de Pallotti, se entregavam à assistência dos enfermos de cólera. Quando, no dia 12 de outubro do mesmo ano, a epidemia foi declarada extinta, só em Roma foi contabilizado o número de 5.419 mortos que correspondia a 3,5 % da população, que era de 156 mil habitantes (Moroni G. Dizionario de Erudizione. cit., LI, 240).
Então, São Vicente Pallotti passou a preocupar-se com o rasto doloroso deixado pela epidemia. Para os primeiros dias de 1839, foi organizada, em favor dos muitos órfãos, uma loteria, cujos prêmios eram objetos doados. A presença de São Vicente, de tal modo influenciava as pessoas, que, alguns ganhadores não retiravam seus prêmios, mesmo tratando-se de algo de grande valor, ajudando assim uma maior arrecadação em beneficio dos órfãos. Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que Te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos pequeninos, foi a mim mesmo que o fizeste” (Mt 25, 38 – 40).
Há muitos outros feitos que poderiam ser citados aqui, e que certamente ainda teremos a oportunidade de recordar, mas achei oportuno citar esse é urgência e a importância de propagar a Misericórdia de Deus através dos gestos concretos de nossas vidas.
Por isso, a memória deste Santo não cairá em esquecimento, pois a vida dele é o reflexo da vida e do ensinamento do nosso Salvador.
Pe. Jorge Chmielecki SAC

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