Nos últimos 300 anos, a Igreja não esteve habituada a ver um relicário
com o formato de uma arca, mas a história da Igreja registra que os relicários
desde os primórdios eram feitos assim.
Nosso relicário acondiciona dois objetos raros. Um fragmento do corpo de
São Vicente Pallotti e uma veste usada por ele em seu ofício sacerdotal. O
corpo criado à imagem e semelhança de Deus e a estola, sinal de sua veste
batismal.
Sua forma de arca (tenda ou casa) sugere a figura do templo. A estrutura
de metal indica a resistência; e o vidro, a transparência e o testemunho; o
telhado é a proteção divina, como se fossem as asas de Deus ou suas próprias
mãos.
No telhado, parte mais visível, está a identificação do carisma
(Charitas Christi urget nos). Na parte superior da face transparente,
encontra-se a informação do que o relicário transporta (Ex corpore SVP). Nas
paredes laterais, onde é possível ver o interior do relicário, foram impressas
as datas referentes à vida do santo (AD 1795 – AD 1850) e a referência ao Ano
Jubilar (AD 1963 – AD 2013). Ao redor de toda a peça, chamas foram distribuídas
nas partes superior e inferior, sugerindo as centelhas pentecostais que pousam
sobre toda a Igreja. Isso forma o conjunto com os dois ícones impressos nas
paredes menores da peça: a Pomba, sinal do Espírito Santo e Maria do Cenáculo.
O relicário em formato de arca evoca a própria História da Salvação. Noé
construiu a Arca, que abrigou o povo que deu início a uma nova humanidade
lavada do pecado. A Arca da Aliança, que abrigou as Pedras da Lei e acompanhou
o Povo de Deus pelo deserto a caminho da Terra Prometida, que depois entrou
triunfante em Jericó e foi conservada para ser definitivamente abrigada no
templo de Salomão. Após o período dos Reis, quando o povo viveu um obscuro
tempo de exílio, perseguições e diáspora, a Arca da Aliança desapareceu, mas o
Resto de Israel que conservou, a duras provas, a fé nas promessas feitas a
Abraão, cultivou a linhagem de Davi, donde brotou a mais perfeita mulher,
Maria, a Arca da Nova Aliança, cujo seio trouxe ao mundo, o Messias Salvador.
A peregrinação do relicário pelo território nacional é a Igreja
Peregrina neste mundo em direção à pátria definitiva. O relicário quer ser um
símbolo do Ano Jubilar Palotino, que convida as pessoas à oração, à adoração da Trindade e a acreditar que a Fé Cristã se
baseia na Caridade de Cristo que nos impele.
(Texto elaborado a partir da exposição feita por Cláudio Pastro, na
missa de abertura do Ano Jubilar, na Paróquia Rainha dos Apóstolos – Vila
Monumento em 25.05.2012)
Pe. José Elias
Fadul, SAC
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