segunda-feira, 10 de setembro de 2012

XXIª Peregrinação a Pé a Fátima


ORAI, ORAI MUITO!

Foi com este leitmotiv, tendo como referência o pedido feito por Nossa Senhora aos pastorinhos, que o Grupo de Jovens Marianos da Paróquia de Odivelas organizou a XXIª Peregrinação a Fátima, de 4 a 8 de Setembro de 2012. 
Em bom rigor, esta peregrinação começou na reunião onde o diretor espiritual, Padre João Franisco Pietrus SAC, após a Invocação ao Espírito Santo e uma Ave-maria, deu uma definição do conceito, lembrou que “ per Mariam ad Jesum ”, apelando à delicadeza, ao amor fraterno, ao respeito mútuo e incitou a que se recorresse ao Sacramento da Reconciliação. 
No primeiro dia foi entregue uma pequena tarja com os dizeres “felizes os que creem sem terem visto”, e após a Missa de Envio, de manhã cedo, começou a caminhada. 

Estão previstas paragens obrigatórias para distribuição de um texto bíblico ou reflexão, a intervalos de tempo que permitam a recuperação do fôlego aos mais débeis. Para-se para almoçar e fazer um descanso às horas mais quentes do dia. Durante a marcha canta-se, reza-se, ou pura e simplesmente se caminha louvando e pedindo forças e as graças de que cada um se acha necessitado, oferecendo os padecimentos provocados pelo calor e cansaço, à Mãe.

Chegados à noite ao ponto de pernoita, lugar ao jantar, banho, oração com o ensinamento da noite e o sono que o corpo já pede. Há peregrinas que ainda vão ter que tratar das mazelas, das bolhas e queimaduras solares, operação que se repetirá todos os dias.

São sessenta e sete as motivações que unem um grupo heterogéneo numa espécie de organismo em que a complexidade individual se funde no desejo coletivo da demanda do Santuário. São a Igreja que caminha, um cordão que se alonga pelas estradas, e vão alheios ao trânsito, movidos pela Fé quando as pernas parece que já não aguentam, amparando-se os mais fracos e inexperientes aos mais fortes.
Haverá as paragens, a Santa Eucaristia (em capelas improvisadas ou em igrejas), haverá ensinamento. No segundo dia o tema para reflexão, tendo como símbolo um pouco de incenso, foi a oração falada ou silenciosa, a verbalização ou a contemplação e a insistência na necessidade de evitar a rotina, o papaguear sem prestar atenção ao que os lábios proferem. Juntou-se ao grupo um peregrino francês a caminho de Santiago de Compostela, que após partilhar algumas refeições e dormida, acabou por entrar em Fátima trajado com a camisola rosa identificadora dos peregrinos de Odivelas.
No terceiro dia, com uma âncora como símbolo para lembrar os primórdios do cristianismo, quando a cruz ainda não podia ser mostrada, partiram de novo os peregrinos, liderados precisamente pelo portador de uma cruz, já veterana nas peregrinações dos Marianos. Tenta-se cumprir minimamente horários, o que é dificultado pelo calor, pelas dores musculares, pelas bolhas, enfim por tudo o que vale a pena suportar e que ajuda a limpar um pouco mais as almas.
Especialmente para os que fazem os cerca de cento e quarenta quilómetros pela primeira vez, há a maravilha da descoberta de uma energia que os impele a ultrapassar a descrença inicial nas forças próprias, que minimiza as limitações físicas e os leva a entregar tudo nas mãos da Providência. À noite, na oração final, foi entregue uma rosa à imagem de Nossa Senhora, por cada peregrino, veiculando a sua intenção - um pedido ou um agradecimento.
Ao grito de “alvorada”, começa a azáfama – higiene pessoal, arrumação das mochilas e sacos- cama, oração inicial, pequeno-almoço, leitura do Evangelho e últimas recomendações para o quarto dia. O Grupo de Jovens Marianos fica para trás, como sempre, a arrumar e limpar os espaços ocupados -da mesma forma como previamente os preparou para as estadias-, e só depois reenceta a sua caminhada.
(Durante o trajeto, pode acontecer que, desacompanhado de parceiros de jornada, em local mais ermo, sinta o peregrino, a seu lado, uma  Presença que o conduz pela imensa catedral que o sol ilumina. Nesse momento ele sentirá que a sua oração está a ser ouvida e que a Mãe está a interceder por ele/ela junto a Seu Filho…)
O ensinamento da noite versou sobre o silêncio e o perdão que se pede e que se dá, como duas das melhores maneiras de orar.
E se uma Peregrinação é um caminhar em busca dos valores do Alto, uma das melhores formas de a concluir é sair, como em procissão, na frente um estandarte e uma cruz, para fazer os derradeiros e doridos quilómetros e entrar jubilosos no Santuário de Fátima, no dia 8 de Setembro,  Festa da Natividade da Virgem Santa Maria.
Sr. Mario

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