São Vicente
Pallotti, o Fundador da União do Apostolado Católico e dos Padres e irmãs
Palotinos, nasceu mais de 100 anos antes de Santa Faustina Kowalska, numa época
completamente diferente do ponto de vista histórico, cultural, geográfico, semântico
e teológico. Apesar de tudo isto, é possivel ver muitas semelhancas entre as
definições, comparações e até frases inteiras que usavam São Vicente e Santa
Faustina, como se tudo isso fosse escrito na mesma época ou ao mesmo tempo. Não
há dúvidas de que, o que une estes dois seres, é uma profunda vida Mística no
Oceano do Infinito, que é Deus.
Pallotti
usa a palavra “misericórdia” centenas
e centenas de vezes nos seus escritos, chama Deus de ”Meu Deus, minha Vida,
minha Misericordia”. Ao mesmo tempo, está consciente que, sendo um homem
imperfeito, sozinho, por si mesmo nada poderá fazer, mas unido a Deus é capaz de
fazer coisas impossíveis para as capacidades humanas. “Deus meu, tudo meu. Meu
Deus eu Te desejo!”, confessa Pallotti, confiando na Misericórdia de Deus, na
intercessão da Virgem Santíssima, nos Anjos e Santos; oferece ele ao Pai Eterno,
sangue e água de Jesus Cristo.
Com os
olhos fixos nas divinas chagas de Cristo, Pallotti mergulha, espiritualmente, no
lado trespassado de Jesus, como escreve: “no meu mais de que preciosissimo
Amante”. Fixar os olhos nas chagas de Jesus, principalmente no seu lado trespassado
de onde brotou sangue e agua, significa mergulhar nas próprias fontes da
Misericordia Divina. Pallotti está mais do que consciente disso, porque neste
contexto ele pede perdão pelos seus pecados e pelos pecados do mundo inteiro,
implora a Deus pela salvação imediata das almas santas do Purgatório, e pede também
pelas necessidades da Igreja Universal. Em Cristo crucificado admira Pallotti o
exemplo de amor e misericórdia mais perfeitos dos perfeitos, para serem imitados
ao lado de todas as outras virtudes de Jesus Cristo. Pallotti implora: “Que em
mim e em todos, permaneça a plenitude do amor misericordioso de Deus”. Ancorado
no infinito amor de Deus, tenta ele nas “asas dos desejos chegar até tal lugar,
onde as boas obras humanas não conseguirão chegar”.
Procurando
somente Deus, Pallotti quer evitar tudo aquilo de que Deus não gosta. Por causa
do amor de Deus, S. Vicente escolhe para si os sofrimentos e deseja ser desprezado
pelos outros. Confiando na Divina Misericórdia e nos merecimentos de Jesus
Cristo, ele implora pelo amor a Maria Santíssima, pois quer “amá-la com o mesmo
amor com que Deus a ama”.
Confiando
na Divina Misericórdia e infinito poder do Santíssimo Sangue de Cristo, ficando
grato pela obra da redenção e instituição dos sacramentos e da Igreja, São
Vicente está profundamente convencido de que Deus perdoa os pecados dos homens,
o que por teólogos é considerado essencial no conteúdo da Divina Misericórdia.
Como um meio mais perfeito, para que os homens não caiam no mal e no pecado,
Pallotti indica a própria Misericórdia de Deus. Chamando Deus de “Misericórdia
sem limites”, Pallotti estava convencido de que Deus ouviria as suas preces com
maior eficácia, porque a Misericórdia Divina não conhece limites. Por causa da
Divina Misericórdia e infinito poder do Preciosíssimo Sangue de Cristo,
Pallotti compromete-se a permanecer no mais profundo louvor ao Santíssimo Sacramento.
Pallotti está mais de que certo da presenca real de Jesus no Santíssimo
Sacramento como Rei da Misericórdia...como no futuro escreveu Santa Faustina no
seu Diário:” Permanece Ele aí no Seu corpo, sangue e água, que jorraram do Seu
trespassado coração. Ali espera por todos, convidando-os para que venham ao Seu
encontro e mergulhem nos mistérios do Seu Amor”.
Pallotti
deseja amar Deus acima de tudo! Do amor a Deus, parte para o amor ao próximo,
amor a toda a criatura. Depois do amor às criaturas, ascende para o amor de
Deus. Estes dois amores: amor a Deus e amor às criaturas não se excluem, mas um
aumenta o outro. “E tudo isso é possivel, apesar da miséria humana - escreve São
Vicente - por causa da Sua Misericórdia. Deus permite ao Homem ser por ele
sentido” “Deus meu, misericordia minha! Oh!, como Te sinto em mim! Perdoa-me,
que as minhas palavras não são capazes de descrever o que sinto em minha alma”..”Oh!
Deus meu, Misericórdia minha, misericórdia sem limites, Misericórdia Eterna! Porque
me escolhestes como uma expressão do triunfo da Tua Misericórdia sem limites,
então peço da minha parte que seja louvada, bemaventurada, e acima de tudo,
elevada Tua força, Tua sabedoria, Tua bondade, Tua perfeição, Tua santidade,
Tua justica, Teu juízo e tudo... acima de tudo a Tua Misericórdia!”
Termino
aqui esta pequena meditação sobre a Misericórdia de Deus na vida de São Vicente
Pallotti com uma oração que eu sempre comparo com o Hino de São Francisco ou
com oração da Madre Teresa de Calcutá, mas que na prática é a expressão do seu
entendimento da Misericórdia de Deus em prática da vida: “Queria tornar-me
alimento para saciar os famintos, roupa para cobrir os nus, bebida para saciar
os sedentos, licor para fortalecer o estômago dos fracos, macias penas para dar
repouso aos membros cansados dos fatigados, remédio e saúde para curar o
sofrimento dos doentes, dos mutilados, dos surdos, dos mudos, luz para iluminar
os cegos espirituais e corporais, vida para ressuscitar todas as criaturas
mortas ou à graça de Deus ou à vida temporal, para que, ao tornarem elas a
viver sobre esta terra, mesmo até o dia do juízo, realizassem aquelas grandes
coisas que realizariam para a glória do meu Deus, do meu Pai, do meu Criador,
do meu bem, do meu tudo” (São Vicente Pallotti).
João
Pedro Stawicki SAC