sábado, 8 de junho de 2013

Misericórdia Divina na Vida de S. Vicente Pallotti


São Vicente Pallotti, o Fundador da União do Apostolado Católico e dos Padres e irmãs Palotinos, nasceu mais de 100 anos antes de Santa Faustina Kowalska, numa época completamente diferente do ponto de vista histórico, cultural, geográfico, semântico e teológico. Apesar de tudo isto, é possivel ver muitas semelhancas entre as definições, comparações e até frases inteiras que usavam São Vicente e Santa Faustina, como se tudo isso fosse escrito na mesma época ou ao mesmo tempo. Não há dúvidas de que, o que une estes dois seres, é uma profunda vida Mística no Oceano do Infinito, que é Deus.
Pallotti usa a palavra “misericórdia” centenas e centenas de vezes nos seus escritos, chama Deus de ”Meu Deus, minha Vida, minha Misericordia”. Ao mesmo tempo, está consciente que, sendo um homem imperfeito, sozinho, por si mesmo nada poderá fazer, mas unido a Deus é capaz de fazer coisas impossíveis para as capacidades humanas. “Deus meu, tudo meu. Meu Deus eu Te desejo!”, confessa Pallotti, confiando na Misericórdia de Deus, na intercessão da Virgem Santíssima, nos Anjos e Santos; oferece ele ao Pai Eterno, sangue e água de Jesus Cristo. 
Com os olhos fixos nas divinas chagas de Cristo, Pallotti mergulha, espiritualmente, no lado trespassado de Jesus, como escreve: “no meu mais de que preciosissimo Amante”. Fixar os olhos nas chagas de Jesus, principalmente no seu lado trespassado de onde brotou sangue e agua, significa mergulhar nas próprias fontes da Misericordia Divina. Pallotti está mais do que consciente disso, porque neste contexto ele pede perdão pelos seus pecados e pelos pecados do mundo inteiro, implora a Deus pela salvação imediata das almas santas do Purgatório, e pede também pelas necessidades da Igreja Universal. Em Cristo crucificado admira Pallotti o exemplo de amor e misericórdia mais perfeitos dos perfeitos, para serem imitados ao lado de todas as outras virtudes de Jesus Cristo. Pallotti implora: “Que em mim e em todos, permaneça a plenitude do amor misericordioso de Deus”. Ancorado no infinito amor de Deus, tenta ele nas “asas dos desejos chegar até tal lugar, onde as boas obras humanas não conseguirão chegar”. 
Procurando somente Deus, Pallotti quer evitar tudo aquilo de que Deus não gosta. Por causa do amor de Deus, S. Vicente escolhe para si os sofrimentos e deseja ser desprezado pelos outros. Confiando na Divina Misericórdia e nos merecimentos de Jesus Cristo, ele implora pelo amor a Maria Santíssima, pois quer “amá-la com o mesmo amor com que Deus a ama”.
Confiando na Divina Misericórdia e infinito poder do Santíssimo Sangue de Cristo, ficando grato pela obra da redenção e instituição dos sacramentos e da Igreja, São Vicente está profundamente convencido de que Deus perdoa os pecados dos homens, o que por teólogos é considerado essencial no conteúdo da Divina Misericórdia. Como um meio mais perfeito, para que os homens não caiam no mal e no pecado, Pallotti indica a própria Misericórdia de Deus. Chamando Deus de “Misericórdia sem limites”, Pallotti estava convencido de que Deus ouviria as suas preces com maior eficácia, porque a Misericórdia Divina não conhece limites. Por causa da Divina Misericórdia e infinito poder do Preciosíssimo Sangue de Cristo, Pallotti compromete-se a permanecer no mais profundo louvor ao Santíssimo Sacramento. Pallotti está mais de que certo da presenca real de Jesus no Santíssimo Sacramento como Rei da Misericórdia...como no futuro escreveu Santa Faustina no seu Diário:” Permanece Ele aí no Seu corpo, sangue e água, que jorraram do Seu trespassado coração. Ali espera por todos, convidando-os para que venham ao Seu encontro e mergulhem nos mistérios do Seu Amor”.
Pallotti deseja amar Deus acima de tudo! Do amor a Deus, parte para o amor ao próximo, amor a toda a criatura. Depois do amor às criaturas, ascende para o amor de Deus. Estes dois amores: amor a Deus e amor às criaturas não se excluem, mas um aumenta o outro. “E tudo isso é possivel, apesar da miséria humana - escreve São Vicente - por causa da Sua Misericórdia. Deus permite ao Homem ser por ele sentido” “Deus meu, misericordia minha! Oh!, como Te sinto em mim! Perdoa-me, que as minhas palavras não são capazes de descrever o que sinto em minha alma”..”Oh! Deus meu, Misericórdia minha, misericórdia sem limites, Misericórdia Eterna! Porque me escolhestes como uma expressão do triunfo da Tua Misericórdia sem limites, então peço da minha parte que seja louvada, bemaventurada, e acima de tudo, elevada Tua força, Tua sabedoria, Tua bondade, Tua perfeição, Tua santidade, Tua justica, Teu juízo e tudo... acima de tudo a Tua Misericórdia!” 
Termino aqui esta pequena meditação sobre a Misericórdia de Deus na vida de São Vicente Pallotti com uma oração que eu sempre comparo com o Hino de São Francisco ou com oração da Madre Teresa de Calcutá, mas que na prática é a expressão do seu entendimento da Misericórdia de Deus em prática da vida: “Queria tornar-me alimento para saciar os famintos, roupa para cobrir os nus, bebida para saciar os sedentos, licor para fortalecer o estômago dos fracos, macias penas para dar repouso aos membros cansados dos fatigados, remédio e saúde para curar o sofrimento dos doentes, dos mutilados, dos surdos, dos mudos, luz para iluminar os cegos espirituais e corporais, vida para ressuscitar todas as criaturas mortas ou à graça de Deus ou à vida temporal, para que, ao tornarem elas a viver sobre esta terra, mesmo até o dia do juízo, realizassem aquelas grandes coisas que realizariam para a glória do meu Deus, do meu Pai, do meu Criador, do meu bem, do meu tudo” (São Vicente Pallotti). 
João Pedro Stawicki SAC

Nenhum comentário: