O dia de todos os santos que estamos a celebrar, longe de
ser uma festa melancólica ou saudosista, pelo contrário é uma festa cheia de
alegria e encanto. Podemos dizer que é a nossa festa.
Sim, pois numa época em
que os cristãos eram ainda muito poucos São João teve, na Ilha de Patmos, a seguinte visão: “Depois disto, apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia
contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas
brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão.
( Ap 7,9 ss.) Ou seja, em profecia, João já no início do
Cristianismo, teve a visão de Jesus ressuscitado, Senhor da história a
Jerusalém Celeste que o louvava formada
de povos de todas as nações e linguas. A
confirmar que esta é uma festa que nos diz respeito, o próprio São Paulo chama,
por exemplo, os cristãos vivos de Filipos de santos: “Paulo e Timóteo, servos
de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com
seus bispos e diáconos” (Fil 1,1) E isto ele o faz, em suas cartas, cerca de
trinta vezes.
Em sentido estrito, porém, celebramos neste dia, aqueles
que já se encontram de posse daquele bem por excelência e que se encontram
unidos a nós pelos vínculos da caridade que Nosso Senhor foi criando durante a
nossa vida terrena e que é aperfeiçoado na vida Eterna. Muitos santos como
Santa Faustina e Santa Teresinha do Menino Jesus, inclusive, disseram que
sentiam que a sua missão verdadeira começaria com a sua partida deste mundo,
tal o realismo com que sentiam em si o mistério da Comunhão dos Santos.
Contemplar essas realidades nos faz: “…
alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração.” (Rm
12,12)
Dizia o Papa Bento XVI na sua Encíclica sobre
a Esperança Cristã: “Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é
que se torna vivível também o presente.” (Spes Salvi, nº 2)
Daí vemos a importância fundamental do que escutamos em
cada Santa Missa: “Corações ao alto” (Sursum corda). Sem contar os
santos canonizados pela Igreja, que são mais de vinte mil, temos ai uma
multidão anónima de fiéis, inclusive nossos familiares que já gozam daquele
plenitude de amor e vida que lhes comunica a visão de Deus sem mediação de
criatura alguma. Somente esperam o Dia do Senhor, onde também seus corpos participarão
da Ressurreição de Cristo.
O dia 31 de Outubro era justamente a festa pagã dos povos
Celtas que pensavam que, na época das colheitas, as almas dos mortos vinham se
alimentar e por isso era necessário espantá-los com imagens aterrorizantes...
Quando estes povos foram evangelizados, a Igreja teve a delizadeza de
substituir esta festa pagã pela festa de todos os Santos no dia 1 de Novembro.
Quem não se converteu, continuou a celebrar tal festa pagã, e por isso, é lógico
que não se coaduna com o verdadeiro espírito cristão, e não deve ser estimulada
como uma espécie de “folclore”. Isto, sem dizer que algumas seitas satânicas
aproveitam deste dia para fazer os seus desmandos. Pelos terrores que se
promovem neste dia em alguns lugares, parece até uma “festa dos condenados’,
que não tem motivo nenhum para festejar.
Já no dia dois, celebramos uma realidade correlata à
de Todos os Santos. Nos diz também o catecismo: “Os que morrem na graça e na
amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação
eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade
necessária para entrar na alegria do céu. A Igreja chama Purgatório a
esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos
condenados…” (Catecismo nº 1030 e 1031)
Nós podemos ajudar estes nossos irmãos que a tradição
da Igreja chamou de Igreja padecente. Esta ajuda consiste na oferta do
Sacrifício da Santa Missa e também das indulgências, que são concessões que a
Igreja, em posse das “chaves do Reino” que lhe entregou Jesus Cristo, faz para
os seus fiéis em algumas circunstâncias. Um desses tempos de graça é justamente
este início de Novembro. Quem visita, com o
coração sincero e espírito de fé, um cemitério e nele ore pelos fiéis defuntos,
lucra indulgência em favor das almas do purgatório. Dos dias 1 a 8 de Novembro esta indulgência é
plenária e nos demais dias do ano é parcial. As condições para a indulgência
plenária são bem conhecidas: Ter se confessado ou se confessar em breve (estar
em estado de graça), Receber a Eucaristia, rezar na intenção do Santo Padre e
fazer a obra prescrita, no caso a visita ao cemitério com oração pelos
falecidos. Vamos fazer amigos no céu? É o convite que a Santa Igreja nos faz.
Para os Cenáculos:
1-
Em meio aos
sofrimentos desta vida, que importância tem a Esperança cristã?
Pe. Marcelo
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