segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O primeiro bispo palotino indiano

O dia 8 de janeiro de 2017 será uma data importante para a história dos palotinos indianos: dia em que Pe. Thomas Thennat, SAC foi consagrado bispo da diocese de Gwalior – o primeiro de nossa Sociedade na Índia. Ele é membro da Província Epifania do Senhor, natural do estado de Kerala.
A presença palotina na Índia foi estabelecida em 1951 com a chegada dos dois primeiros missionários da Província alemã Sagrado Coração. O começo humilde – “como uma semente de mostarda” – tornou-se, com o passar dos anos, uma frondosa árvore. Atualmente, a Índia é o único país no mundo palotino com cinco províncias, 3 da Sociedade e duas, uma de cada, das Congregações das Irmãs Palotinas. Além disso, há o instituto secular das Khristevikas, uma recente fundação chamada “Cenáculo das Irmãs do Sagrado Coração” e um grande número de leigos, membros da União, que fizeram seu empenho apostólico. Os palotinos indianos, ainda, não só estabeleceram várias missões estrangeiras, como Zâmbia, Taiwan e Filipinas, mas também, trabalham em colaboração com muitas outras entidades ao redor do mundo. Estes fatos são mencionados não para ostentar suas realizações, mas sim, para apresentar como Deus tem sido bom e generoso para conosco.
Não obstante todas essas bênçãos, faltava ainda um bispo palotino indiano! Ter um bispo não para a glória humana, mas para ter a voz de um palotino também no nível da hierarquia. Eu sempre disse “sim” toda vez em que minha opinião foi requisitada a respeito de um dos meus confrades se tonar bispo – dada, é claro, que o candidato fosse digno – porque, afinal, todos nós estamos a serviço da Igreja. Nós não somos para nosso próprio Instituto religioso. Todo o carisma é um dom do Espirito Santo para a edificação da Igreja e sua missão. Alguns de nossos melhores provinciais foram nomeados bispos, principalmente, no Brasil. Em julho de 2016, o provincial da Província de Santa Maria, Pe. Edgar Xavier Ertl, foi nomeado bispo; Dom Julio Akamine, recentemente nomeado Arcebispo, foi provincial da Província São Paulo Apostolo, no Brasil. Eles foram excelentes confrades e daí o porquê de eles terem sido escolhidos para serem bons pastores da Igreja. Não é uma perda, como alguns podem dizer, mas um benefício para a Igreja e para nossa família Palotina.
Dom Thomas foi consagrado na presença de 21 bispos, numerosos membros da família Palotina, padres, religiosos e leigos. No pequeno agradecimento que me foi permitido dar como representante da família Palotina, eu destaquei duas qualidades do recém-consagrado bispo: a naturalidade de seu ser pastor e  de seu ser palotino.
Eu conheço D. Thomas muito bem desde o tempo de seminário, clérigo sempre humilde e generoso que amava o povo. Deus exaltou este homem humilde, como a serva do Senhor, Maria. Ele foi e continuará um Palotino com um profundo amor por nosso Fundador e seu carisma. Sua longa experiência em trabalhar com os leigos e as famílias, inspirada em São Vicente, o fará um autêntico representante da família Palotina em toda a Igreja.
A Diocese de Gwalior tem aproximadamente 5000 católicos. Seu principal apostolado está ligado à educação: são aproximadamente 13 escolas com não menos de 3000 estudantes cada uma. Isto significa que nosso confrade terá que lidar principalmente com pessoas de outras religiões como o Hinduísmo e o Islamismo. Felizmente, ele não é estranho a essa realidade já que trabalhou por anos em regiões predominantemente não-cristãs no norte da Índia.
Frequentemente, em minhas visitas a outros países, sou perguntado sobre a perseguição dos cristãos na Índia. Eu certamente reconheço que tem havido injustiças em relação aos cristãos em algumas áreas. Mas há mais por detrás destas questões. Para quem vive em um ambiente predominantemente cristão e católico, a simples menção de um mulçumano ou hindu pode provocar receio ou mesmo antipatia. Alguns católicos demasiadamente zelosos resistem em vê-los como pessoas também criadas à imagem e semelhança de Deus. Este é o lugar onde o carisma palotino tem que entrar. Como frequentemente ouvimos, para Pallotti, a visão de igualdade de todo o povo de Deus vai além do batismo; para ele, ela está enraizada no mais profundo fundamento antropológico da realidade humana: todos nós somos criados à imagem e semelhança de Deus.
Talvez, valha a pena mencionar aqui que a Índia é o único país onde nós temos um colaborador, totalmente empenhado na União, hindu. Quantos hindus e mulçumanos maravilhosos trabalham conosco na escola de engenharia e nas outras 30 ou mais grandes escolas dirigidas por nós em todo o país.
Apesar das muitas viagens ao redor do mundo, eu nunca fui capaz de ver se uma criança era cristã ou não-cristã só de olhar em seu rosto. No rosto de cada pessoa, nós vemos Deus em seu grande esplendor e beleza.
Este é o meu desejo para o novo bispo: que ele se torne um instrumento da paz e harmonia entre o povo de Deus, independentemente, de sua casta ou religião. Esta é a necessidade do momento. Quanto sangue tem sido derramado em nome da religião através dos séculos. Por que todas essas guerras e violência no mundo de hoje? Como o Papa Francisco frequentemente tem dito, elas nada têm a ver com religião ou verdadeira liberdade. Ultimamente, elas têm muito mais a ver com o deus dinheiro, que, por sua vez, está intimamente relacionado com o poder e a dominação.
Felicitando, ainda, Dom Thomas, desejo também que ele reflita, em seu ministério, este importante aspecto da visão profética de São Vicente Pallotti, precisamente, o chamado a ser instrumento de unidade não somente entre as denominações cristãs, mas também entre as pessoas de todas as religiões. Nossa oração sempre acompanhá-lo-á.

Como celebramos a solenidade de nosso fundador em 22 de janeiro, que todos vocês se sintam felizes e orgulhosos de serem palotinos. Vamos reavivar nosso entusiasmo e compromisso ser “trombetas evangélica”.

Feliz dia de festa!

Jacob Nampudakam sac – RomeITALY

19.01.17

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