domingo, 25 de outubro de 2009

SÃO PAULO E SÃO VICENTE

O apóstolo Paulo ocupa um lugar de predileção na vida e nos escritos de Vicente. Pallotti, por exemplo, foi associado a Pia União de S. Paulo Apóstolo fundada em Roma em 1790. Essa União promovia a formação espiritual e intelectual do clero romano e, ao mesmo tempo, as atividades pastorais nos variados campos apostólicos. Tudo isso se apoiando evidentemente no exemplo de S. Paulo. Pe. Faller realizou uma longa pesquisa sobre a participação de Pallotti nessa União recolhendo uma rica documentação. Resulta que Vicente Pallotti conheceu essa União durante os estudos feitos na Sapienza, uma vez que a direção espiritual dos estudantes tinha sido confiada a ele. Foi nela que Vicente estreitou relações de amizade com muitos eclesiásticos que mais tarde se tornarão seus mais próximos colaboradores: Carlo Odescalchi, Gaspar Del Bufalo, Antonio Muccioli, Giuseppe Palma, Belisario Cristaldi etc. Além disso, sabemos que Pallotti não somente participava dos encontros da Pia União e se engajava, em seu nome, em diversos campos apostólicos, mas também a propagava em outras dioceses da Itália dando-lhe uma marca propriamente palotina.

Falando do extraordinário conhecimento das Sagradas Escrituras de Pallotti, Francesco Moccia atesta que Vicente tinha reservado um lugar particular para S. Paulo. Com efeito, as epístolas paulinas são as que Pallotti mais freqüenta. Ele não faz, é verdade, exegese desses textos. Algumas vezes as cita sem comentário algum como, por exemplo, esta da carta aos Filipenses: “Posso tudo com aquele que me fortalece” (Fl 4,13). “O Santo recolhedor de textos” não encontra tempo para os comentar. Deve se ocupar de coisas mais urgentes, constata Moccia. No entanto, S. Paulo vibra nos escritos de Pallotti, principalmente nas suas Cartas latinas. Elas testemunham eloqüentemente a profunda assimilação do pensamento paulino. Pode-se dizer que a estrutura mesma do pensamento palotino nessas Cartas é de inspiração paulina.
É também significativo que na Ratio studiorum, escrita para a sua Congregação de padres e irmãos coadjutores, Vicente peça a todos seus estudantes que aprendam de cor mais ou menos vinte e cinco versículos das epístolas paulinas por semana, e isso desde o primeiro ano de filosofia até a conclusão dos estudos. Pallotti convida igualmente todos os membros da União do Apostolado Católico, leigos e clérigos, a imitar o zelo apostólico de Paulo, seu zelo universal e sua solicitude por todas as Igrejas, seu espírito de sacrifício, seu desejo de tudo fazer para a glória de Deus etc.

A maioria das vezes, porém, S. Paulo é citado no seu Hino à caridade (1Cor 13,1-13), que Vicente considera mais importante do que as suas próprias leis. Assim, por exemplo, ao descrever as “Regras e Método a serem observados inviolavelmente em todos os Congressos ou Consultas de todas as obras presentes e futuras da Pia Sociedade do Apostolado Católico”, Pallotti pede que sempre se comece com uma leitura de 1Cor 13: “Ao sinal da campainha, todos se levantarão e se sentarão em perfeito silêncio e, com sentimento devoto e religioso como se escutasse o Apóstolo Paulo, se lerá o capítulo treze da Primeira carta aos Coríntios (...) Tudo está contido nesses treze versículos”.

Sublinhamos finalmente que Pallotti confiou à proteção de S. Paulo a última procuradoria, a mais importante das treze, porque a serviço de todas as outras. Ao responsável dessa Procuradoria, Vicente pedia, antes de tudo, que imitasse nosso Senhor Jesus Cristo e também São Paulo, o apóstolo dos Gentios. Confia-lhe, em seguida, tarefas bem delicadas como, por exemplo: vigiar para que as pessoas zelosas não se encontrem diante de trabalhos grandes demais; impedir que elas se tornem tíbias ou que sejam esmagadas pelas dificuldades e contradições; promover a oração incessante para os sustentar espiritual e moralmente; sobretudo, e isso é o mais importante em nosso ponto de vista, o dever de promover a unidade e a cooperação entre todas as outras Procuradorias.

Em S. Paulo, Vicente vê o modelo de colaborador por excelência: “o décimo terceiro será como a Alma dos Doze, a imitação do Apóstolo S. Paulo, que considerava preciosa a solicitude por todas as Igrejas (2Cor 11,28)”. É, portanto, nas exortações paulinas em favor da unidade, da comunhão fraterna e da cooperação que Pallotti encontra sua fonte de inspiração para iluminar sua própria eclesiologia.

Pe. Stanislaw Stawicki SAC

2 comentários:

Lucas Francisco disse...

Muito interessante. Mas percebi que em muitas imagens de São Paulo, ele usa uma espada. O que ela significa, o que simboliza?

Artur disse...

muitas vezes martires apresenta se com instrumento da sua morte, por isso são paulo é com espada, são sebastião com flexas...