Falando do extraordinário conhecimento das Sagradas Escrituras de Pallotti, Francesco Moccia atesta que Vicente tinha reservado um lugar particular para S. Paulo. Com efeito, as epístolas paulinas são as que Pallotti mais freqüenta. Ele não faz, é verdade, exegese desses textos. Algumas vezes as cita sem comentário algum como, por exemplo, esta da carta aos Filipenses: “Posso tudo com aquele que me fortalece” (Fl 4,13). “O Santo recolhedor de textos” não encontra tempo para os comentar. Deve se ocupar de coisas mais urgentes, constata Moccia. No entanto, S. Paulo vibra nos escritos de Pallotti, principalmente nas suas Cartas latinas. Elas testemunham eloqüentemente a profunda assimilação do pensamento paulino. Pode-se dizer que a estrutura mesma do pensamento palotino nessas Cartas é de inspiração paulina.
É também significativo que na Ratio studiorum, escrita para a sua Congregação de padres e irmãos coadjutores, Vicente peça a todos seus estudantes que aprendam de cor mais ou menos vinte e cinco versículos das epístolas paulinas por semana, e isso desde o primeiro ano de filosofia até a conclusão dos estudos. Pallotti convida igualmente todos os membros da União do Apostolado Católico, leigos e clérigos, a imitar o zelo apostólico de Paulo, seu zelo universal e sua solicitude por todas as Igrejas, seu espírito de sacrifício, seu desejo de tudo fazer para a glória de Deus etc.
A maioria das vezes, porém, S. Paulo é citado no seu Hino à caridade (1Cor 13,1-13), que Vicente considera mais importante do que as suas próprias leis. Assim, por exemplo, ao descrever as “Regras e Método a serem observados inviolavelmente em todos os Congressos ou Consultas de todas as obras presentes e futuras da Pia Sociedade do Apostolado Católico”, Pallotti pede que sempre se comece com uma leitura de 1Cor 13: “Ao sinal da campainha, todos se levantarão e se sentarão em perfeito silêncio e, com sentimento devoto e religioso como se escutasse o Apóstolo Paulo, se lerá o capítulo treze da Primeira carta aos Coríntios (...) Tudo está contido nesses treze versículos”.
Sublinhamos finalmente que Pallotti confiou à proteção de S. Paulo a última procuradoria, a mais importante das treze, porque a serviço de todas as outras. Ao responsável dessa Procuradoria, Vicente pedia, antes de tudo, que imitasse nosso Senhor Jesus Cristo e também São Paulo, o apóstolo dos Gentios. Confia-lhe, em seguida, tarefas bem delicadas como, por exemplo: vigiar para que as pessoas zelosas não se encontrem diante de trabalhos grandes demais; impedir que elas se tornem tíbias ou que sejam esmagadas pelas dificuldades e contradições; promover a oração incessante para os sustentar espiritual e moralmente; sobretudo, e isso é o mais importante em nosso ponto de vista, o dever de promover a unidade e a cooperação entre todas as outras Procuradorias.
Em S. Paulo, Vicente vê o modelo de colaborador por excelência: “o décimo terceiro será como a Alma dos Doze, a imitação do Apóstolo S. Paulo, que considerava preciosa a solicitude por todas as Igrejas (2Cor 11,28)”. É, portanto, nas exortações paulinas em favor da unidade, da comunhão fraterna e da cooperação que Pallotti encontra sua fonte de inspiração para iluminar sua própria eclesiologia.
Pe. Stanislaw Stawicki SAC
2 comentários:
Muito interessante. Mas percebi que em muitas imagens de São Paulo, ele usa uma espada. O que ela significa, o que simboliza?
muitas vezes martires apresenta se com instrumento da sua morte, por isso são paulo é com espada, são sebastião com flexas...
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