CURSO SOBRE: São Vicente Pallotti e seus limites
humanos
No mês de junho de 2012, o Conselho Nacional da
UAC, em Ruanda e Congo, organizou dois Encontros sobre a Santidade de São
Vicente Pallotti. Estes Encontros foram promovidos por ocasião dos cinquenta
anos da sua canonização. O primeiro Encontro aconteceu no Centro Palotino de
Formação (CPF), em Goma-Keshero, na República Democrática do Congo; o segundo,
em Ruanda, no Santuário Mariano de Kibeho. Ambos os cursos foram animados pelo
Pe. Stanislaw Stawicki. Em cada curso, por quatro dias, reuniram-se mais de
vinte filhos e filhas espirituais de São Vicente Pallotti: consagrados,
sacerdotes e leigos.
A originalidade do curso está na apresentação da
santidade de Pallotti sem isentá-lo dos seus “limites”, “falhas” e
“imperfeições”. De fato, entre as memórias biográficas escritas por São Vicente
Pallotti, há uma que foi dedicada a Carlo Torlonia, um leigo, um grande
benfeitor da União do Apostolado Católico. Pallotti teve contatos com toda a
família Torlonia, mas especialmente com Carlo. Depois de sua morte, Pe. Vicente
publicou, em 1848, notas sobre sua preciosa vida e morte. Na conclusão, pode-se
ler: “Note-se que na vida dos Santos não se encontra o capítulo das suas falhas,
mas seria o maior capítulo se fosse inserido”. Paul de Geslin, um dos primeiros
companheiros de São Vicente Pallotti, também recorda essas mesmas palavras: “Pallotti
nos disse uma vez que na vida dos santos sempre falta um capítulo. Qual? Eu
perguntei. O mais longo, meu filho, o das suas imperfeições”. Infelizmente,
este capítulo também falta nas biografias dedicadas a São Vicente Pallotti. Na
verdade, é uma grande deficiência que muitas vezes faz com que o nosso Santo
Fundador, na glória celeste, seja quase “inatingível”.
Durante o Curso, tentamos mostrar que Pallotti teve
a “coragem de assumir a sua imperfeição”. Apesar de algumas falhas e
limitações, não se refugiou resignado em um complexo de inferioridade, mas
aspirava e caminhava sempre em direção à santidade. O facilitador do curso
apresentou, ainda, algumas experiências da vida de Pallotti, nas quais ele
próprio teve de confrontar-se com os seus limites e aprendeu a conhecê-los. Por
exemplo:
-
Limites intelectuais: sabemos
que Vicente estudou em uma escola renomada dos Padres Escolápios, em São
Pantaleão. No entanto, ele não progredia nos estudos. Seu professor, Pe. Ferri,
disse a seu respeito: “Vicente é um santinho, pena que com pouco talento”.
-
As difíceis relações com os
membros da sua família: trata-se sobretudo da relação com seu irmão Luigi, que não
eram sempre boas. Luigi trabalhava no comércio como seu pai e contratou uma
empregada. Os dois tiveram um relacionamento amoroso. Esta união irregular de
seu irmão e do escândalo suscitado fez com que Vicente sofresse muito. Ele
censurou-o, dizendo: “Luigi, mude de comportamento, você não se preocupa com a
mão poderosa de Deus? O seu comércio nunca poderá dar certo”. Luigi desapareceu
durante um motim, ocorrido em 1849. Desesperado, jogou-se no rio Tibre.
-
Projetos falidos de algumas
fundações: Liga Antidemoníaca, aprovada pela autoridade eclesiástica, em agosto
de 1818. Por razões desconhecidas, essa fundação deixou de existir em abril de
1820; a Instituição falida de uma comunidade de monjas “Adoradoras do Sagrado
Coração de Jesus”. O fundador nunca teve a aprovação eclesiástica para esta
fundação; ou ainda, o projeto fracassado da fundação do Colégio das Missões
Estrangeiras.
Durante a sua jornada rumo à santidade, Pallotti
teve que aprender a conhecer e estar ciente de todas essas limitações,
sofrimentos, dificuldades e defeitos. Nosso Fundador descobriu que o
amadurecimento acontece não só com as próprias forças e virtudes, mas também
com as fraquezas, as falhas, os defeitos. Fora isso, não é possível outro
caminho.
Podemos, finalmente, dizer que na tarde de cada
curso, os participantes trabalharam em pequenos grupos sobre os textos das
homilias, por ocasião da canonização de Pallotti, feitas pelos Papas João XXIII
e Paulo VI. Tudo isso para descobrir o caminho da santidade traçado por
Pallotti, visto pelos dois Papas. As noites foram marcadas pelos itinerários
percorridos por Pallotti em Roma, ilustrados por meio de fotografias dos
momentos mais importantes da canonização, principalmente das celebrações
ocorridas em Roma, em janeiro de 1963.
Pe. Stanislaw Stawicki
Nenhum comentário:
Postar um comentário