sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Belém - Dezembro de 2012, nº 75


CURSO SOBRE: São Vicente Pallotti e seus limites humanos
  
No mês de junho de 2012, o Conselho Nacional da UAC, em Ruanda e Congo, organizou dois Encontros sobre a Santidade de São Vicente Pallotti. Estes Encontros foram promovidos por ocasião dos cinquenta anos da sua canonização. O primeiro Encontro aconteceu no Centro Palotino de Formação (CPF), em Goma-Keshero, na República Democrática do Congo; o segundo, em Ruanda, no Santuário Mariano de Kibeho. Ambos os cursos foram animados pelo Pe. Stanislaw Stawicki. Em cada curso, por quatro dias, reuniram-se mais de vinte filhos e filhas espirituais de São Vicente Pallotti: consagrados, sacerdotes e leigos.
A originalidade do curso está na apresentação da santidade de Pallotti sem isentá-lo dos seus “limites”, “falhas” e “imperfeições”. De fato, entre as memórias biográficas escritas por São Vicente Pallotti, há uma que foi dedicada a Carlo Torlonia, um leigo, um grande benfeitor da União do Apostolado Católico. Pallotti teve contatos com toda a família Torlonia, mas especialmente com Carlo. Depois de sua morte, Pe. Vicente publicou, em 1848, notas sobre sua preciosa vida e morte. Na conclusão, pode-se ler: “Note-se que na vida dos Santos não se encontra o capítulo das suas falhas, mas seria o maior capítulo se fosse inserido”. Paul de Geslin, um dos primeiros companheiros de São Vicente Pallotti, também recorda essas mesmas palavras: “Pallotti nos disse uma vez que na vida dos santos sempre falta um capítulo. Qual? Eu perguntei. O mais longo, meu filho, o das suas imperfeições”. Infelizmente, este capítulo também falta nas biografias dedicadas a São Vicente Pallotti. Na verdade, é uma grande deficiência que muitas vezes faz com que o nosso Santo Fundador, na glória celeste, seja quase “inatingível”.
Durante o Curso, tentamos mostrar que Pallotti teve a “coragem de assumir a sua imperfeição”. Apesar de algumas falhas e limitações, não se refugiou resignado em um complexo de inferioridade, mas aspirava e caminhava sempre em direção à santidade. O facilitador do curso apresentou, ainda, algumas experiências da vida de Pallotti, nas quais ele próprio teve de confrontar-se com os seus limites e aprendeu a conhecê-los. Por exemplo:
-          Limites intelectuais: sabemos que Vicente estudou em uma escola renomada dos Padres Escolápios, em São Pantaleão. No entanto, ele não progredia nos estudos. Seu professor, Pe. Ferri, disse a seu respeito: “Vicente é um santinho, pena que com pouco talento”.
-          As difíceis relações com os membros da sua família: trata-se sobretudo da relação com seu irmão Luigi, que não eram sempre boas. Luigi trabalhava no comércio como seu pai e contratou uma empregada. Os dois tiveram um relacionamento amoroso. Esta união irregular de seu irmão e do escândalo suscitado fez com que Vicente sofresse muito. Ele censurou-o, dizendo: “Luigi, mude de comportamento, você não se preocupa com a mão poderosa de Deus? O seu comércio nunca poderá dar certo”. Luigi desapareceu durante um motim, ocorrido em 1849. Desesperado, jogou-se no rio Tibre.
-          Projetos falidos de algumas fundações: Liga Antidemoníaca, aprovada pela autoridade eclesiástica, em agosto de 1818. Por razões desconhecidas, essa fundação deixou de existir em abril de 1820; a Instituição falida de uma comunidade de monjas “Adoradoras do Sagrado Coração de Jesus”. O fundador nunca teve a aprovação eclesiástica para esta fundação; ou ainda, o projeto fracassado da fundação do Colégio das Missões Estrangeiras.
Durante a sua jornada rumo à santidade, Pallotti teve que aprender a conhecer e estar ciente de todas essas limitações, sofrimentos, dificuldades e defeitos. Nosso Fundador descobriu que o amadurecimento acontece não só com as próprias forças e virtudes, mas também com as fraquezas, as falhas, os defeitos. Fora isso, não é possível outro caminho.
Podemos, finalmente, dizer que na tarde de cada curso, os participantes trabalharam em pequenos grupos sobre os textos das homilias, por ocasião da canonização de Pallotti, feitas pelos Papas João XXIII e Paulo VI. Tudo isso para descobrir o caminho da santidade traçado por Pallotti, visto pelos dois Papas. As noites foram marcadas pelos itinerários percorridos por Pallotti em Roma, ilustrados por meio de fotografias dos momentos mais importantes da canonização, principalmente das celebrações ocorridas em Roma, em janeiro de 1963.

Pe. Stanislaw Stawicki

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