quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Apóstolos Hoje – Fevereiro de 2013

NOVA EVANGELIZAÇÃO -
ILUMINAÇÃO DO FUNDADOR

Durante o mês de Outubro de 2012, sua Santidade Bento XVI reuniu quase 300 Cardiais, Bispos e peritos, para a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. O seu objetivo foi o de obter a assistência em discernir o melhor modo para responder pastoralmente aos desafios de hoje radicados na superficialidade da secularização ocidental e (para responder) ao crescente número de católicos que se afastam da Igreja.
Como foi para cada um dos Sínodos precedentes, o Vaticano preparou os participantes deste Sínodo para uma Nova Evangelização, em primeiro lugar através de uma circular para toda a Igreja - um documento preparatório (Lineamenta).  A ressonância desta circular foi registrada em um documento e, em seguida, enviada aos participantes do Sínodo em Junho de 2012. Se Padre Vicente Pallotti, tivesse sido convidado e tivesse uma cópia do Documento, teria sido um colaborador entusiasmado e muito iria contribuir. Como sabemos, o seu ministério ao longo de sua vida foi como aquele de uma "trombeta Evangelica”, proclamando a boa nova de Cristo respondendo aos sinais do seu tempo.

     Vicente estaria unido com a principal proposta do Papa Bento XVI, para chamar todos os católicos, sobretudo os leigos, convidando novamente as pessoas secularizadas ao rebanho dos que verdadeiramente acreditam. O Sínodo para a Nova Evangelização foi endereçado "principalmente  àqueles que, mesmo com o batismo, se afastaram da Igreja e vivem sem qualquer referência à vida cristã ... (Mensagem, artigo 2). Para ser breve, me referirei a este tipo de pessoas chamando-as "secolares".

Portanto, o que torna a evangelização de hoje "nova"? Claramente, a mensagem do Evangelho em si mesma não mudou. Nem o Vaticano, até agora, favoreceu uma nova estratégia. O que é claramente "novo" é o objetivo. Como mencionado acima, o objetivo principal da NE é direcionado àquela grande parte da população de católicos que uma vez estava familiarizada com a mensagem do Evangelho e agora se distanciou. Em particular, como explicitado na Mensagem final do Sínodo, o número crescente de europeus e norte americanos secularizados é a preocupação pastoral da Igreja. Em grau menor, mas também de séria preocupação é o limitado número de Sul Americanos que foram evangelizados em um modo dinâmico e com sucesso por parte dos não católicos.

Vicente não era um estranho ao surgimento do secularismo no seu tempo. A primeira e última década de sua vida foram como "reler os livros”, durante os quais Roma mesma foi ocupada pelas tropas francesas  que expulsaram dos conventos e  dos mosteiros, religiosos e clérigos, e forçaram os Papas ao exílio. A resposta de Vicente, como aquela dos Padres do Sínodo de 2012, foi a de afirmar a total confiança na Providência divina e de redobrar seus esforços para difundir a Boa Nova até os confins da terra.
Sua Santidade o Papa Bento XVI examinará as recomendações do Sínodo e, dentro de um ano, ele escreverá uma Carta Apostólica sobre a Nova Evangelização, orientando a futura linha de ação pastoral da Igreja. Enquanto aguardamos ansiosamente a publicação, nós, como membros da família Palotina, podemos refletir, em oração, sobre as intuições que o fundador ofereceu para a evangelização em seu tempo. Uma, em especial, sempre me pareceu digna de imitação, ou seja, a explícita afirmação de Vicente de que a imagem de Deus está dentro de cada pessoa, antes mesmo do nascimento, do batismo ou evangelização.

Vicente acreditava que cada pessoa é a imagem e semelhança de Deus (Gen 1, 26). Para ele, não era mera exageração ou metáfora, mas uma realidade que expremia o infinito amor do Criador para com cada indivíduo. Ele compreendeu como cada pessoa é imagem viva de Deus e também de todos os seus atributos divinos (cf. Deus Amor Infinito, Meditações VIII-XX, OOCC XIII, 59-115). Uma implicação que segue à intuição de Pallotti é a necessidade que temos em viver um profundo sentimento de respeito com os quais queremos partilhar a Boa Nova.

A Mensagem (artigo 1) conclusiva dos Padres Sinodais indicou como ponto de partida o encontro de Jesus com a mulher Samaritana no poço de Jacó (Jo 4,5ss). Eles afirmaram que Jesus é a autêntica água viva da qual todo coração humano tem sede. E evidenciaram que a Samaritana vai ao poço com uma jarra vazia e, ela como nós hoje, corremos o risco de pegar água de poços poluídos pela sociedade. O Sínodo oferece esta imagem para encorajar-nos a ter confiança na Igreja que é autêntica fonte de água viva de Cristo.

Este nítido contraste entre os verdadeiros crentes e uma cultura antagonista, faz-me lembrar o desafio enfrentado pela primeira geração de cristãos. Eles lutaram para serem evangelizadores eficazes, em primeiro lugar dos judeus e depois dos gentios. Vicente tinha clara consciência dos esforços de São Paulo para convencer São Pedro a aceitar os gentios como parte respeitável de evangelização. O encontro de São Pedro com o Centurião Romano Cornélio (Atos 10) se conclui com Pedro que muda completamente a sua opinião e que, finalmente admite que nada daquilo que vem da mão de Deus pode ser chamado de "impuro". Ainda em Atos (cap. 15), quando os discípulos estão discutindo esta problemática em Jerusalém, Pedro lhes diz que havia mudado a sua idéia inicial porque viu o Espírito Santo ser dado a Cornélio antes que ele, Pedro, tivesse proclamado a boa notícia (15,8-9). A conversão e conclusão de Pedro me lembra da intuição de Vicente: porque viemos das mãos de Deus, nascemos como sua imagem, antes mesmo da imersão nas águas do batismo. O exemplo de São Pedro, Paulo e Vicente nos encoraja a começar a nossa evangelização respeitando todas as pessoas, inclusive aquelas que têm uma fé diferente ou que se afastaram da Igreja.
Seguem algumas questões que poderão ser úteis para uma meditação enquanto procuramos discernir o chamado da nossa Igreja que nos compromete com a Nova Evangelização e também enquanto procuramos identificar o que fez Padre Vicente tornar-se um evangelizador tão eficaz no seu tempo.

Perguntas para reflexão e ação
1. O chamado à conversão pessoal é o centro da mensagem de Jesus. Reconhecendo isso, a Nova Evangelização encoraja todos aqueles que precedentemente rejeitaram em pertencer à Igreja em rever seus pontos de vista em mérito a fé católica. Uma maneira prática de recomeçar é ir ao encontro dos amigos "seculares", os membros da família e os colegas, e perguntar-lhes: o que você espera da fé ou da Igreja? E, se for o caso, o que você achou mais difícil?

2. São Pedro, exortando Paulo, teve uma experiência de conversão sobre o modo de abordar os gentios. Existem aspectos em ti ou na Igreja que trouxeram benefício a partido do discernimento sobre a necessidade de conversão? Exemplos

3. Partilhe as tuas descobertas com os membros de sua comunidade religiosa ou outros membros da União. Pergunta: até que ponto as nossas descobertas confirmam ou desafiam a nossa compreensão do por quê esses membros da Igreja se afastaram dela? Nós, a Igreja, devemos expressar a nossa fé de modo diferente? Sentimos o dever de fazermos um trabalho melhor de catequese para crianças e adultos? Ou ainda: sentimos o desafio de irmos mais no profundo em lugar de simplesmente fazer um trabalho de entrega de mensagem?

4. Para a grande parte de tempo destes dois séculos, a família Palotina comprometeu-se na evangelização de reavivar a fé e reacender a caridade. Quais aspectos deste carisma tu pessoalmente consideras o maior tesouro? Como esses aspectos influenciaram  na tua espiritualidade pessoal e como orientaram o caminho do teu ministério, do teu trabalho ou do teu modo de interagir com os outros?

5. Esta ênfase em ser respeitoso para com aqueles com os quais procuramos re-evangelizar não é uma novidade na família Palotina. Partilhe alguns dos modos com os quais a tua comunidade seguiu uma abordagem respeitosa como San Vicente para com os outros.
  
Andrew Thompson, USA

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