NOVA EVANGELIZAÇÃO -
ILUMINAÇÃO DO FUNDADOR
Durante o mês de Outubro de 2012, sua
Santidade Bento XVI reuniu quase 300 Cardiais, Bispos e peritos, para a XIII
Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. O seu objetivo foi o de obter
a assistência em discernir o melhor modo para responder pastoralmente aos
desafios de hoje radicados na superficialidade da secularização ocidental e
(para responder) ao crescente número de católicos que se afastam da Igreja.
Como foi para cada um dos Sínodos
precedentes, o Vaticano preparou os participantes deste Sínodo para uma Nova
Evangelização, em primeiro lugar através de uma circular para toda a Igreja -
um documento preparatório (Lineamenta).
A ressonância desta circular foi registrada em um documento e, em
seguida, enviada aos participantes do Sínodo em Junho de 2012. Se Padre Vicente
Pallotti, tivesse sido convidado e tivesse uma cópia do Documento, teria sido
um colaborador entusiasmado e muito iria contribuir. Como sabemos, o seu
ministério ao longo de sua vida foi como aquele de uma "trombeta Evangelica”,
proclamando a boa nova de Cristo respondendo aos sinais do seu tempo.
Vicente estaria
unido com a principal proposta do Papa Bento XVI, para chamar todos os
católicos, sobretudo os leigos, convidando novamente as pessoas secularizadas ao
rebanho dos que verdadeiramente acreditam. O Sínodo para a Nova Evangelização
foi endereçado "principalmente àqueles
que, mesmo com o batismo, se afastaram da Igreja e vivem sem qualquer
referência à vida cristã ... (Mensagem, artigo 2). Para ser breve, me referirei
a este tipo de pessoas chamando-as "secolares".
Portanto, o que torna a
evangelização de hoje "nova"? Claramente, a mensagem do Evangelho em
si mesma não mudou. Nem o Vaticano, até agora, favoreceu uma nova estratégia. O
que é claramente "novo" é o objetivo. Como mencionado acima, o
objetivo principal da NE é direcionado àquela grande parte da população de
católicos que uma vez estava familiarizada com a mensagem do Evangelho e agora se
distanciou. Em particular, como explicitado na Mensagem final do Sínodo, o número
crescente de europeus e norte americanos secularizados é a preocupação pastoral
da Igreja. Em grau menor, mas também de séria preocupação é o limitado número de
Sul Americanos que foram evangelizados em um modo dinâmico e com sucesso por parte
dos não católicos.
Vicente não era um estranho ao
surgimento do secularismo no seu tempo. A primeira e última década de sua vida
foram como "reler os livros”, durante os quais Roma mesma foi ocupada
pelas tropas francesas que expulsaram
dos conventos e dos mosteiros,
religiosos e clérigos, e forçaram os Papas ao exílio. A resposta de Vicente,
como aquela dos Padres do Sínodo de 2012, foi a de afirmar a total confiança na
Providência divina e de redobrar seus esforços para difundir a Boa Nova até os
confins da terra.
Sua Santidade o Papa Bento XVI examinará
as recomendações do Sínodo e, dentro de um ano, ele escreverá uma Carta
Apostólica sobre a Nova Evangelização, orientando a futura linha de ação
pastoral da Igreja. Enquanto aguardamos ansiosamente a publicação, nós, como
membros da família Palotina, podemos refletir, em oração, sobre as intuições
que o fundador ofereceu para a evangelização em seu tempo. Uma, em especial,
sempre me pareceu digna de imitação, ou seja, a explícita afirmação de Vicente de
que a imagem de Deus está dentro de cada pessoa, antes mesmo do nascimento, do
batismo ou evangelização.
Vicente acreditava que cada pessoa é a
imagem e semelhança de Deus (Gen 1, 26). Para ele, não era mera exageração ou
metáfora, mas uma realidade que expremia o infinito amor do Criador para com cada
indivíduo. Ele compreendeu como cada pessoa é imagem viva de Deus e também de
todos os seus atributos divinos (cf. Deus Amor Infinito, Meditações VIII-XX,
OOCC XIII, 59-115). Uma implicação que segue à intuição de Pallotti é a
necessidade que temos em viver um profundo sentimento de respeito com os quais
queremos partilhar a Boa Nova.
A Mensagem (artigo 1) conclusiva dos
Padres Sinodais indicou como ponto de partida o encontro de Jesus com a mulher
Samaritana no poço de Jacó (Jo 4,5ss). Eles afirmaram que Jesus é a autêntica água
viva da qual todo coração humano tem sede. E evidenciaram que a Samaritana vai
ao poço com uma jarra vazia e, ela como nós hoje, corremos o risco de pegar
água de poços poluídos pela sociedade. O Sínodo oferece esta imagem para
encorajar-nos a ter confiança na Igreja que é autêntica fonte de água viva de
Cristo.
Este nítido
contraste entre os verdadeiros crentes e uma cultura antagonista, faz-me
lembrar o desafio enfrentado pela primeira geração de cristãos. Eles lutaram
para serem evangelizadores eficazes, em primeiro lugar dos judeus e depois dos
gentios. Vicente tinha clara consciência dos esforços de São Paulo para convencer
São Pedro a aceitar os gentios como parte respeitável de evangelização. O
encontro de São Pedro com o Centurião Romano Cornélio (Atos 10) se conclui com
Pedro que muda completamente a sua opinião e que, finalmente admite que nada
daquilo que vem da mão de Deus pode ser chamado de "impuro". Ainda em
Atos (cap. 15), quando os discípulos estão discutindo esta problemática em
Jerusalém, Pedro lhes diz que havia mudado a sua idéia inicial porque viu o
Espírito Santo ser dado a Cornélio antes que ele, Pedro, tivesse proclamado a
boa notícia (15,8-9). A conversão e conclusão de Pedro me lembra da intuição de
Vicente: porque viemos das mãos de Deus, nascemos como sua imagem, antes mesmo da
imersão nas águas do batismo. O exemplo de São Pedro, Paulo e Vicente nos
encoraja a começar a nossa evangelização respeitando todas as pessoas,
inclusive aquelas que têm uma fé diferente ou que se afastaram da Igreja.
Seguem algumas questões que poderão ser úteis
para uma meditação enquanto procuramos discernir o chamado da nossa Igreja que
nos compromete com a Nova Evangelização e também enquanto procuramos
identificar o que fez Padre Vicente tornar-se um evangelizador tão eficaz no seu
tempo.
Perguntas para reflexão e ação
1. O chamado à conversão pessoal é o
centro da mensagem de Jesus. Reconhecendo isso, a Nova Evangelização encoraja
todos aqueles que precedentemente rejeitaram em pertencer à Igreja em rever
seus pontos de vista em mérito a fé católica. Uma maneira prática de recomeçar
é ir ao encontro dos amigos "seculares", os membros da família e os colegas,
e perguntar-lhes: o que você espera da fé ou da Igreja? E, se for o caso, o que
você achou mais difícil?
2. São Pedro, exortando Paulo, teve uma
experiência de conversão sobre o modo de abordar os gentios. Existem aspectos
em ti ou na Igreja que trouxeram benefício a partido do discernimento sobre a
necessidade de conversão? Exemplos
3. Partilhe as tuas descobertas com os
membros de sua comunidade religiosa ou outros membros da União. Pergunta: até
que ponto as nossas descobertas confirmam ou desafiam a nossa compreensão do
por quê esses membros da Igreja se afastaram dela? Nós, a Igreja, devemos expressar
a nossa fé de modo diferente? Sentimos o dever de fazermos um trabalho melhor de
catequese para crianças e adultos? Ou ainda: sentimos o desafio de irmos mais no
profundo em lugar de simplesmente fazer um trabalho de entrega de mensagem?
4. Para a grande parte de tempo destes dois
séculos, a família Palotina comprometeu-se na evangelização de reavivar a fé e
reacender a caridade. Quais aspectos deste carisma tu pessoalmente consideras o
maior tesouro? Como esses aspectos influenciaram na tua espiritualidade pessoal e como orientaram
o caminho do teu ministério, do teu trabalho ou do teu modo de interagir com os
outros?
5. Esta ênfase em ser respeitoso para
com aqueles com os quais procuramos re-evangelizar não é uma novidade na
família Palotina. Partilhe alguns dos modos com os quais a tua comunidade seguiu
uma abordagem respeitosa como San Vicente para com os outros.
Andrew Thompson, USA
Nenhum comentário:
Postar um comentário