terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Epifania de São Vicente Pallotti


O Oitavário da Epifania foi criado por São Vicente Pallotti, com o intuito de que, assim como os Reis Magos que saíram do Oriente para contemplar e adorar o Menino Jesus, a fé católica pudesse chegar aos povos pagãos e também àqueles que se viam afastados da Igreja, fazendo com que todos os povos fossem chamados de volta à unidade cristã.
A Epifania é a festa da vocação dos povos ao cristianismo e à salvação.
O Oitavário da Epifania, idealizado por São Vicente Pallotti por volta de 1840, foi inspirado no vasto estilo de ritos litúrgicos e nacionalidades existentes em Roma e tinha por objetivo fazer com que cada uma delas compreendesse e revelasse como se manifesta o encontro dos Reis Magos com o Deus Menino.
São Vicente queria antes de tudo salvar almas e tudo fazia para atrair os homens para Deus, não media esforços para atrair não apenas os cristãos fiéis, mas também os indiferentes e curiosos. O templo era iluminado e enfeitado ao máximo. Um maravilhoso presépio em tamanho natural mostrava a infinita misericórdia de Deus profundamente sensível na Encarnação e Nascimento do Salvador.
Era um convite fortíssimo para, à imitação dos pastores e dos magos, irem todos reconhecer e adorar o Verbo de Deus feito carne e salvação. No final do Oitavário, era apresentado para o beijo amoroso de todos, a bela imagem de Jesus Menino conservada ainda hoje na igreja palotina de São Salvador in Onda.
Em primeiro lugar, a Oitava era uma festa das liturgias. Em cada manhã, celebravam-se missas solenes, nos diversos ritos da Igreja católica. Não só nos diversos ritos da Igreja latina, mas também nos chamados orientais. Durante ao Oitavário, havia pregações especiais nos principais idiomas europeus: francês, inglês, alemão. Espanhol, polonês.
Pela tarde, a Oitava assumia o caráter de uma grande missão popular, com sermões em italiano, pronunciados pelos mais célebres oradores sacros da Itália. Concluíam-se os ofícios, todas as tardes, com uma grande procissão e bênção do Santíssimo Sacramento. Era presidida por um cardeal, ajudado pelos alunos dos grandes colégios e seminários de Roma, cada um no seu turno.
As cerimônias dos ritos orientais atraíam a muitos turistas. Mas Vicente Pallotti não queira preparar um espetáculo para deleitar os curiosos. A sua intenção era unir na oração litúrgica todos os fiéis, para demonstrar, em forma de drama, a unidade do catolicismo, no conjunto das suas curiosidades históricas. São as formas vivas em que os diversos povos cristãos adoram o Deus universal. Os sermões nas diversas línguas eram muito mais que uma homenagem às culturas encerradas nesses idiomas.
Vicente Pallotti queria que os estrangeiros, os turistas e os peregrinos tivessem a possibilidade de escutar, cada um em sua língua, a mensagem evangélica de todos os tempos, durante sua estadia na cidade universal. A missão popular pregada ao povo de Roma refletia o seu intenso espírito missionário que exigia que a conversão dos corações fosse precedida pela apresentação das verdades da fé. E as grandes procissões cardinalícias manifestavam a glória e a dignidade que deve sempre cercar o culto público que os fiéis tributavam à divindade.
O oitavário insistia no tema da renovação da fé e da caridade como fatores imprescindíveis para o progresso da religião entre os homens. A fé é comunicada e aprofundada nos corações humanos pela comunicação da Palavra. A caridade cresce, quando a mola da vontade é movida pela graça aceite pelos que escutam, de boa vontade, a eterna mensagem divina. Essa é a mensagem que os célebres pregadores, por mais de um século, proclamaram desde o púlpito do grande templo de Santo André della Valle, onde se desenrolavam as cerimônias do Oitavário. Finalmente, o oitavário ilustrava a cooperação entre o clero, pois os prelados, o clero secular, as ordens religiosas, os seminaristas e membros dos colégios eclesiásticos se uniam para simbolizar não só na teoria mas na realidade concreta, a unidade de ação que devia existir na Igreja de Deus entre todas as ordens do clero.
O Oitavário foi celebrado, pela primeira vez, no ano de 1836, e desde então, só foi omitido em duas ocasiões: uma por causa da revolução romana de 1848 e outra por causa da inundação de Roma em 1871.

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