Chegamos finalmente ao Domingo da Divina Misericórdia, ou como tradicionalmente se diz, Domingo “in albis”, pois neste dia os recém-baptizados na Páscoa ainda traziam as suas vestes brancas, símbolo da pureza de alma que a Divina Misericórdia, pelo sacramento do Baptismo, lhes tinha conferido.
Com o decreto do Santo Padre João Paulo II no ano 2000, a Igreja só veio a explicitar algo que já existia, ou seja, que este Domingo fosse um dia de especial louvor deste que é o maior atributo de Deus: a Sua Divina Misericórdia. Quando Jesus ordenou a santa Faustina que lutasse pela implantação da Festa da Misericórdia na Igreja, ela respondeu: “Estou muito admirada por me mandares falar da Festa da Divina Misericórdia, visto que esta festividade - dizem-me- já existe. Então por que devo falar dela?” Respondeu-me Jesus: - “E quem é que de entre os homens sabe algo dela? Ninguém! E até aqueles que devem divulgar e ensinar as pessoas a respeito desta Misericórdia, eles próprios, muitas vezes não o sabem. Por isso, desejo que essa Imagem seja solenemente benzida no primeiro Domingo depois da Páscoa e que receba pública veneração, para que todas as almas o possam vir a saber.” (Diário 341) Este quadro de Jesus Misericordioso é como que uma expressão plástica das leituras que a liturgia traz neste dia. Na segunda leitura vem dito: “E este é o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé. E quem é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é Filho de Deus? (1Jo 5,4-5) Esta vitória acontece pois Jesus nos dá duas “coisas” que a lei não dava: A Lei, inclusive os dez mandamentos, nos dão o conhecimento do pecado, que já é uma grande coisa; Mas não dá o que realmente precisamos, que é o perdão dos pecados já cometidos e a força para cumprir os mandamentos de Deus. É isto, precisamente, o que Jesus nos vem dar. Por um lado, o perdão, simbolizado nos raios brancos da imagem de Jesus Misericordioso, símbolo do Baptismo e da Confissão que são os sacramentos que purificam as almas; por outro, a força de cumprir os mandamentos de Deus, de modo especial o da caridade, que nos vem da Eucaristia, simbolizada nos raios vermelhos. Cumpre-se assim o que segue a essa passagem: “Este, Jesus Cristo, é aquele que veio com água e com sangue; e não só com a água, mas com a água e com o sangue. E é o Espírito quem dá testemunho, porque o Espírito é a verdade “(1 Jo 5,6) Com a água, nos dá o perdão, com o sangue (Eucaristia), nos dá a força para cumprir os seus mandamentos.
São Vicente Pallotti escreveu certa vez: “Eterno Pai, em união com todas as criaturas, especialmente com Jesus e Maria Santíssima, eu quisera ter-vos oferecido e oferecer-vos, por toda a eternidade e em cada momento, o Sangue Preciosíssimo do próprio Jesus Cristo, e os méritos de Maria Santíssima e de toda a corte celeste, em agradecimento como se já me tivésseis concedido todas as graças, como se já me tivésseis tornado impecável, e como se já me tivésseis dado o paraíso, sem ir ao purgatório. (OO CC XI) Poderíamos pensar: -“Ir para o céu, sim, tenho firme esperança, mas sem passar pelo purgatório talvez exceda a ambição espiritual da maioria dos fiéis.” Mas recobremos ânimo. Justamente para dar-nos novo alento, Nosso Senhor quis para a Igreja a Festa da Divina Misericórdia e disse sobre este tempo de graça: “Derramo todo um mar de graças sobre aquelas almas que se aproximarem da fonte da Minha Misericórdia. A alma que for à Confissão e receber a Sagr. Comunhão obterá remissão total das culpas e das penas... A humanidade não terá paz enquanto não se voltar para a Fonte da Minha Misericórdia.” (Diário 699) Em Junho de 2002 o Papa João Paulo II regulamentou, para toda a Igreja esse desejo expresso de Nosso Senhor: “Concede-se a Indulgência plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da "Misericórdia Divina", em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti").” (Cf. www.vatican.va) Só podemos dizer como no Salmo de hoje: “Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a sua Misericórdia.” (Sl 117)
Para as Células de Evangelização.
Na primeira leitura com o relato da partilha de bens que existia no início da Igreja, vemos que a Misericórdia é uma via de mão dupla. Recebemos de Deus e precisamos retribuí-la a quem necessita. Quais as realidades de Igreja, nos dias de hoje, em que mais viste este espírito de partilha concreta? Onde ainda precisa crescer?
Pe. Marcelo
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