sábado, 6 de fevereiro de 2010

COOPERAÇÃO, SEGREDO DO APOSTOLADO

Na segunda leitura da semana passada, o Apóstolo Paulo falava da excelência da caridade cristã. Hoje fala da fonte de onde ela provém, que é o mistério Pascal do Senhor Jesus, onde ele foi : “… entregue por causa das nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação.” (Rm 4,25)

Próximo do lugar onde meus avós moravam no Estado do Espírito Santo, foi descoberto, há poucos anos, o segundo melhor lugar do mundo, como dizem, para certo tipo de voo livre. Inclusive uma etapa do campeonato mundial realiza-se ali. Este lugar é abundante de rochedos altos que aquecem com os raios solares. Quando a asa delta está a perder altura, simplesmente aproxima-se do rochedo e aproveita o vento quente ascendente que ali existe e ganha facilmente altitude para mais tempo de voo. Também é na rocha do Amor Misericordioso de Cristo que cada vocacionado encontra renovação de forças para um Apostolado fecundo. Desde sempre as pessoas admiraram as escolhas de Deus para seus Apóstolos dentre pessoas que precisavam muito do seu Amor Misericordioso. Foi assim com Isaías na primeira leitura de hoje: “Ai de mim, estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, que habita no meio de um povo de lábios impuros, e vi com os meus olhos o Rei, Senhor do universo!» Um dos serafins voou na minha direcção; trazia na mão uma brasa viva, que tinha tomado do altar com uma tenaz. Tocou na minha boca e disse: «Repara bem, isto tocou os teus lábios, foi afastada a tua culpa, e apagado o teu pecado!» (Is 6,5-7); Foi assim com o Apóstolo Paulo: “É que eu sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou e a graça que me foi concedida, não foi estéril.” (1 Cor 15, 9-10); Foi assim com Pedro no Evangelho de hoje: “«Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.» …. Jesus disse a Simão: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.” (Lc 5, 8. 10)

Em todos estes textos, nota-se bem a clareza da vocação, mas ao mesmo tempo a fragilidade do chamado. Por isso sempre foi necessário o dom da cooperação. No final do Evangelho de São Marcos diz que o Senhor cooperava com os Apóstolos: “Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.” (Mc 16,20)

Estamos em pleno ano sacerdotal, em que Nosso Senhor, mais uma vez escolhe a barca de Pedro para falar. Como no Evangelho de hoje, Jesus quer falar da barca dos Apóstolos. Que mais uma vez os ordenados, purificados pela brasa do altar, que é o Amor Misericordioso e Eucarístico de Cristo, sejam a Sua voz para a multidão como diz São Paulo no Capítulo 14 da Carta aos Coríntios, afirmando que depois da caridade, o dom da profecia deve ser buscado com ardor para a edificação da Igreja. Mas na nossa insuficiência, nós sacerdotes dizemos que precisamos não só da cooperação do Senhor, mas também da cooperação da “outra barca”, que pode muito bem representar o Apostolado dos leigos. Especialmente nos dias de hoje, a barca de Pedro não conseguiria resistir “na sua pesca” sem o precioso auxílio do Apostolado dos leigos. Se essas duas barcas forem bem unidas, com certeza a pesca do Apostolado será abundante e o Senhor repetirá tanto a nós ordenados como aos leigos que vivem o seu Baptismo: “«Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.» (Lucas 5,10)

Partilha uma experiência positiva em que notaste esta colaboração entre a graça de Nosso Senhor, o Apostolado dos fiéis leigos e o Apostolado dos ordenados?
Pe. Marcelo

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