Além do louvor, devemos usar rectamente os dons que Deus nos deu. São João Bosco dizia: “Deus colocou-nos no mundo para os outros”. Certamente ele aprendeu com Nosso Senhor o que resumiu nesta frase. Jesus no-lo mostra no Evangelho com as tentações que vence. Como insinua o trecho do prefácio da Missa citado acima, o egoísmo é a principal tentação que Jesus vence.
A primeira tentação: “«Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» (Lc 4,3-4) Mais tarde, durante o seu ministério público, pelo menos por duas vezes Jesus multiplicou os pães para o povo faminto. Usou o poder como um dom de amor. Isso tem aplicações práticas na vida da Igreja. Por exemplo, um sacerdote pode absolver aos outros dos seus pecados, mas não pode absolver-se a si mesmo. É um dom para os outros; Uma pessoa casada vive para os outros, especialmente o cônjuge, e assim se realiza. Assim a intimidade do casal, vivido de “forma natural”, como um dom de si ao outro e aberto à possibilidade da vida, é uma realidade santa e santificadora. Quantas tentações egoístas rondam os nossos casais…
A segunda tentação: “Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.»” (Lc 4,9-12) Se nosso Senhor cedesse a esta tentação, seria um facto prodigioso, que atrairia fama para ele, mas sem proveito algum para ninguém. Nosso Senhor rejeitou-o. Mais tarde, na vida pública, movido pela compaixão, fez muitos actos prodigiosos em favor dos enfermos. Às vezes tirando-os da multidão, às vezes pedindo segredo da cura, e só permitindo que se falasse quando isso redundava em glória a Deus e salvação das almas com o aumento da fé: “Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.” (Mc 5,19)
Por fim, a tentação de cultuar o “príncipe deste mundo” com vista a proveitos temporais. Isto o fazem ainda que muitas vezes inconscientemente, ou conscientemente todos os que recorrem a “bruxedos” ou outras práticas ocultistas. «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» (Lc 4,6-8)
A existência do demónio é uma doutrina segura em toda a Sagrada Escritura, na Tradição da Igreja e no seu Magistério. Se tentou ao Senhor Jesus, não tentará a nós? Mas nosso Senhor faz-nos vitoriosos consigo. Para isso sejamos um povo de louvor e um povo que usa rectamente os dons recebidos de Deus, pois Ele não se deixa vencer em generosidade. Não esqueçamos também nesta matéria as obras próprias deste tempo de Quaresma, como expressão concreta da nossa penitência, os Sacramentos, como o da Reconciliação, e sacramentais como os objectos bentos em nossas casas, que são muito de acordo com a sã doutrina da nossa Igreja.
Oremos: Obrigado Senhor, pois a Vossa Palavra nos ilumina. Faz de nós um povo cheio de gratidão e um povo que foi colocado no mundo para os outros. E se cuidamos também de nós, ou melhor, deixamos que cuideis de nós, que seja para sermos um dom mais perfeito para Vós e para os irmãos. Louvado seja o Vosso Santo Nome agora e para todo o sempre. Amém.
Para as Células de evangelização.
Partilha uma ocasião em que experimentaste a frase: “Deus não se deixa vencer em generosidade.”
Pe. Marcelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário