quarta-feira, 24 de março de 2010

MARIA NA VIDA DE VICENTE PALLOTTI, ATÉ SUA ORDENAÇÃO SACERDOTAL: 16.05.1818

Maria ocupa um lugar muito especial na piedade, no estudos e nas aspirações de Vicente Pallotti. E isso, na família, na escola e na sua formação teológica e pastoral, como também nas suas atividades.

1. Maria da vida familiar de Vicente Pallotti

Foi na própria família que Vicente Pallotti descobriu, aprendeu a conhecer, a amar Maria e a valer-se da sua intercessão. Aí cresceu seu grande desejo de amá-la, de torná-la conhecida e amada de todos, e também seu desejo de imitá-la. Sua família era profundamente cristã e mariana. Seus pais eram grandes devotos de Maria. Na casa havia muitas imagens de Cristo e de Maria. Na casa rezava-se diariamente o terço e na casa celebravam-se as festas marianas. Todos os dias os pais levavam os filhos a rezar diante do Santíssimo Sacramento e diante de um altar de Maria. O nome de Maria era pronunciado com grande respeito. O amor à eucaristia e o amor a Maria marcavam a vida da família Vicente Pallotti.

Sobretudo a mãe de Vicente Pallotti exerceu uma grande influência sobre o pequeno Vicente. Quando morreu sua mãe Maria Madalena De Rossi, em julho de 1827, a pedido do seu confessor Vicente Pallotti traçou numa carta o perfil moral da sua grande mãe. Ele a chama sua “boa mãe”. Diz que ela tinha um grande amor a Deus, à sua Palavra, à eucaristia e a Maria Santíssima. Ela venerava de modo especial a Imaculada Conceição e a maternidade de Maria. Ela levava seus filhos a invocarem Maria como Imaculada Conceição. Ela queria que seus filhos fossem puros e transparentes nos seus pensamentos, afetos, palavras e atos. Pedia que Maria Imaculada conservasse puros os seus filhos. A mãe de Vicente Pallotti venerava a maternidade de Maria. Sentia-se fascinada por Maria Mãe de Deus e Mãe dos homens. Gostava de repetir as antífonas marianas: “Bem-aventuradas as entranhas da Virgem Maria que carregaram o Filho de Deus. Bem-aventurados os seios que amamentaram o Cristo Senhor”.

Entre os seus irmãos, Vicente Pallotti era quem mais se sentia atraído por Maria e, ainda bem pequeno, pedia a Maria que o fizesse bom.

Além do ambiente familiar, exerceu uma influência muito grande em Vicente Pallotti o clima mariano da cidade de Roma, expresso nas muitas igrejas e altares marianos, nas imagens de Maria nas casas e nas ruas e praças. As celebrações marianas da cidade, os santuários marianos de Roma e arredores deixaram marcas na piedade mariana de Vicente Pallotti.

2. Maria na escola de Vicente Pallotti

O que Vicente Pallotti recebia em casa era ampliado e aperfeiçoado na escola. Freqüentou a escola de São Pantaleão, dirigida pelos Padres das Escolas Pias, fundados por São José de Calasanz (são também conhecidos como Piaristas). São uma comunidade mariana e eles incutiam nos seus alunos a grande devoção a Maria Santíssima. Nessa escola Vicente Pallotti entrou na Congregação Mariana. Todos os domingos e dias festivos os congregados reuniam-se para rezar o Ofício de Maria, para escutar uma conferência mariana e para a celebração eucarística. Maior ainda foi o influxo mariano recebido por Vicente Pallotti na escola secundária, no Colégio Romano, sede das Congregações Marianas. Foram alunos do Colégio Romano São Luiz Gonzaga e São João Berchmans, cujos corpos são venerados na igreja de Santo Inácio e cujos quartos também podem ser visitados. Os dois santos jovens jesuítas exerceram uma grande influência sobre Vicente Pallotti, que se sentiu sobretudo atraído por São João Berchmans.

A partir de 1816 Vicente Pallotti começou a escrever algo do que lhe ia no coração: os seus propósitos, as suas aspirações, as luzes e iluminações que ia recebendo.

3. Maria na preparação de Vicente Pallotti para o sacerdócio

Aos 16 anos, Vicente Pallotti tomara a decisão de tornar-se sacerdote diocesano, já que não lhe fora possível tornar-se sacerdote capuchinho. Quis preparar-se com todo o esmero para a recepção e o exercício do ministério sacerdotal. Valeu-se da orientação de um sábio diretor espiritual. Mas é a partir dos 21 anos que ele nos faz sentir o que mais o movia, o alegrava, o fazia sofrer, bem como as suas incontidas aspirações de doação a Deus e ao próximo. Quer amar infinitamente a Deus e a todas as suas criaturas, particularmente Maria. Quer destruir todo pecado, salvar todos os homens e consumir toda sua vida a infinita glória de Deus. Aí aparecem também suas aspirações marianas:- o desejo de imitar Jesus Cristo, Maria, os anjos e santos;
- por meio de Maria quer conquistar uma singular pureza em todo o seu ser;
- quer ter um amor infinitamente terno para com Maria;
- quer falar muitas vezes de Maria;
- quer estar sempre no cenáculo com Maria e todas as criaturas;
- quer fazer tudo em obséquio de Maria e fazer também o que fez Maria;
- venerar Maria, nossa senhora e mãe afetuosíssima.
- fazer todas as coisas com a perfeição com que as fez Maria;
- quer ter a pobreza de Cristo e de Maria;
- quer confessar publicamente o privilégio da Imaculada Conceição, defendê-lo publicamente;
- em 1816 fez o voto de crer na Imaculada Conceição;
- faz o propósito de dedicar todas as obras literárias à Imaculada Conceição de Maria Santíssima e faz a intenção de que todas as criaturas dediquem todas as suas ações e obras à Imaculada Conceição, sua mais que afeiçoadíssima Mestra, Mãe, Advogada..., não deixando, porém, de dedicá-las ao mesmo tempo à sua maternidade divina, à sua virgindade incomparável, às suas dores...;
- quer estar agasalhado no seio de Maria;
- quer aprender de Maria a imitar Jesus Cristo;
- quer valer-se da intercessão de Maria, Advogada;
- vê Maria como Mestra;
- quer realizar todas as suas ações com a perfeição com que as realizou Maria Santíssima;
- quer praticar as virtudes com Maria;
- quer ter a modéstia de Maria.

4. Maria na ordenação sacerdotal de Vicente Pallotti

No tempo de Vicente Pallotti a ordenação sacerdotal acontecia em três etapas: subdiaconato, diaconato e presbiterato. Ele recebeu as ordenações na igreja de São João de Latrão:
- subdiaconato: dia 21 de setembro de 1816;
- diaconato: dia 20 de setembro de 1817;
- presbiterato: dia 16 de maio de 1818.
Antes de receber o subdiaconato, Vicente Pallotti considerava-se o mais indigno de todos de receber a ordem do subdiaconato e as demais ordens sacras. Mas para recebê-las faz a intenção de fazer o que fariam Jesus, Maria, os anjos e santos se devessem preparar-se para receber as ordens.

Após ter recebido o subdiaconato, sente mais profundamente o dom de Deus, mas também sua pobreza pessoal e sua incapacidade de aproveitar devidamente os dons recebidos. Confiando, porém, nos merecimentos e na intercessão de Maria, tem a certeza de que Deus lhe dará a graça de aproveitar todas as graças e dons.

Durante o retiro de preparação imediata para o sacerdócio pede a Maria Santíssima que lhe obtenha de Deus todas as graças necessárias para poder cumprir bem todas as obrigações sacerdotais.

Ao receber o sacerdócio, escreveu ao seu amigo São Gaspar del Búfalo que Deus lhe tinha dado a dignidade do sacerdócio, capaz de suscitar admiração e temor na própria Mãe de Deus. Pede-lhe que recite pessoalmente o cântico do Magnificat em ação de graças pelo benefício recebido. E Vicente Pallotti exclama: “Oh que dignidade o sacerdócio, que dignidade”!.

No tempo da sua ordenação, pouco antes ou pouco depois, Vicente Pallotti escreveu uma exortação em que pede aos irmãos e mestres serem apóstolos fervorosíssimos de Maria:

Meus irmãos e mestres, devemos nutrir uma tal devoção à nossa mais que queridíssima Mãe Maria; com as obras e as exortações devemos ser apóstolos fervorosíssimos não somente de Jesus Crucificado, mas também da sua e nossa Mãe Maria. Devemos ser filhos e apóstolos de Nossa Senhora. Devemos procurar, cheios de confiança em Deus, ser de tal modo transformados em Nossa Senhora que, depois de Jesus Cristo o nosso coração seja de Nossa Senhora, os nossos movimentos internos sejam de Nossa Senhora, as nossas palavras, os nossos olhares, os nossos passos e todas as nossas ações, sejam todos de Nossa Senhora. Persuadamo-nos que um verdadeiro devoto de Maria se tornará um grande santo e sua santidade aumentará dia por dia. Esforcemo-nos por isso com sumo empenho em propagar as glórias de Maria (laus Mariae est fons indeficiens), em insinuar no coração de todos um amor, se fosse possível, infinitamente terno à nossa mais que queridíssima Mãe, Senhora e Rainha Maria.

Pe. João Baptista Quaini SAC

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