A paciência misericordiosa de Nosso Senhor para connosco é expressa de forma explícita na primeira leitura de hoje: “Mas Tu, que dominas a tua força, julgas com bondade e nos governas com grande indulgência, pois podes usar o teu poder quando quiseres. (Sab 12,18) Também o Salmo o diz: “Mas Tu, Senhor, és um Deus misericordioso e compassivo, paciente e grande em bondade e fidelidade.”(Sl 86,15)
Isso também vem insinuado no Evangelho: Entre a parábola do joio e do trigo e a sua explicação, existem duas parábolas interpostas: a do “grão de mostarda” e a do “fermento”.
A presença do joio no meio do trigo, ou na linguagem que Jesus explicou, a presença dos filhos do demónio entre os filhos do reino produzem dois efeitos possíveis: “O escândalo, que é quando alguém peca devido aos maus exemplos dados por alguém. Sobre isso Jesus disse palavras muito fortes: “Mas, se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos! São inevitáveis, decerto, os escândalos; mas ai do homem por quem vem o escândalo! (Mt 18,6-7); ou uma santificação ainda maior: quando em meio à degradação Deus suscita santos. Foi o caso de São Vicente Pallotti e de São Bento no seu tempo. A parábola do trigo e do joio, e as outras duas parábolas (Fermento e grão de mostarda) que se interpõem entre esta primeira e a sua explicação, dá a entender que no campo da vida pode ocorrer o que no campo da natureza não ocorre: O trigo pode vir a tornar-se joio e o joio pode vir a tornar-se trigo. Não vemos isto tantas vezes? Uma pessoa de quem esperávamos tudo, que estava francamente no caminho da perfeição, de repente decepciona-nos tão fortemente; outra pessoa pelo qual não dávamos nada, de repente torna-se óptima com uma conversão fulgurante. Foi o caso de São Camilo de Lelis que a Igreja comemorou nesta semana, de Santo Agostinho e tantos outros. Por um misterioso desígnio, trigo e joio crescem juntos neste mundo. Sobre isso dizia Santo Agostinho: “Mas onde deverá então o cristão refugiar-se para não gemer no meio de irmãos falsos? Para onde irá ele? Fugirá para o deserto? As ocasiões de queda para lá o seguirão. Distanciar-se-á, ele que progride bem, até não ter de suportar mais nenhum dos seus semelhantes? E se ninguém tivesse querido suportá-lo antes da sua conversão? Se, por conseguinte, sob o pretexto de que progride, não quer suportar ninguém, por isso mesmo é evidente que ainda não progrediu. Escutai bem estas palavras: «Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor. Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Ef 4, 2-3). Não há em ti nada que o outro tenha de suportar?”
A separação será no final: “…o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, oiça!» (Mt 13, 41-43)
Uma outra interpretação possível da parábola do trigo e do joio é a doutrinal. Depois de uma grande onda de cientificismo da era moderna assiste-se, hoje em dia, no pós-modernismo, uma nova onda de volta do religioso. Mas porque as fontes de onde isso tem vindo não são puras, o que assistimos é uma salada mista de religião, onde, como no supermercado, cada um retira das “prateleiras” o que lhe apetece e vai formando o seu “carrinho religioso”. O povo cristão tem tomado contacto com costumes nitidamente pagãos, exotéricos e da chamada New Age (Nova Era). Quantos cristãos unem o seu catolicismo, por exemplo com a Yoga, meditação transcendental, controle mental, Reique, Rosa Cruz, Maçonaria, budismo, espiritismo, doutrina de reencarnação, uso de pedras, amuletos ou incenso (para atrair amor, paz dinheiro, etc…), astrologia, leitura de mão, taro (deitar cartas), feitiçaria em doses “homeopáticas” para crianças e adultos com o Harry Potter, etc…
Isso não é novo na humanidade. Quando o povo de Israel ia entrar na posse da terra prometida e , claro, ia entrar em contacto com povos pagãos que viviam nessa região, Deus exortou o povo por meio de Moisés: “Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te há-de dar, não imites as abominações daquelas gentes. Ninguém no teu meio faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha; ou se dê a encantamentos, aos augúrios, à adivinhação, à magia, ao feiticismo, ao espiritismo, aos sortilégios, à evocação dos mortos, porque o Senhor abomina todos os que fazem tais coisas. Por causa dessas abominações é que o Senhor, teu Deus, desaloja da tua frente essas gentes. Entrega-te inteiramente ao Senhor, teu Deus! De facto, essas gentes que tu vais desalojar acreditam em agoureiros e adivinhos, mas a ti o Senhor, teu Deus, não o permite. (Dt 18, 9-14) Todas essas práticas que mencionamos acima são actualizações desse “joio doutrinal” de que fala o livro do Deuteronômio. Os entendidos dizem: “A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo". Este pode ser venenoso e uma pequena quantidade de joio colhida e processada junto ao trigo pode comprometer a qualidade do produto obtido.” (ver wikipédia) Sejamos exigentes. Exijamos para nós e nossas famílias o Trigo puro da Palavra de Deus.
Para as células de Evangelização:
Quem entra em nossas casas pode, através de algum quadro ou crucifixo identificar que naquela casa mora um cristão? Temos em nossas cestas, revistas sobre horóscopo, reique, yoga, chacras, Nova Era? Sabemos distinguir o joio do trigo?
Pe. Marcelo
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