quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II À SOCIEDADE DO APOSTOLADO CATÓLICO

Caríssimos Padres e Irmãos da Sociedade do Apostolado Católico!
1. Estou contente de acolher-vos nesta Audiência especial e de enviar através de vossas pessoas uma cordial saudação a todos os membros de vosso Instituto, como também àqueles que partilham convosco, na Igreja, o mesmo carisma de São Vicente Pallotti. Estais vivendo vossa Assembléia Geral, em cujos trabalhos estais empenhados há já duas semanas. Trata-se de um acontecimento espiritual e eclesial, que se desenvolve no segundo ano de preparação para o Grande Jubileu do ano 2000, dedicado ao Espírito Santo. Convosco invoco o Espírito divino, para que vos ilumine no discernimento dos sinais dos tempos e vos leve a guardar e a desenvolver em nosso tempo a riqueza do vosso carisma.
De modo oportuno quisestes que os debates da Assembléia tratassem o tema da fidelidade, expresso no slogan “Fiéis ao Futuro... tendo fixo o olhar em Jesus, autor e consumador da fé” (Hb 12,2). O tema expressa, efetivamente, o desejo de renovar a fidelidade ao empenho apostólico, sobretudo na perspectiva do Terceiro Milênio. É um desejo que merece ser encorajado, recordando, porém, que a fidelidade supõe a fé, na qual se coloca o fundamento da existência cristã. A fé constitui o horizonte do caminho espiritual e apostólico. É de fato Jesus que acompanha os fiéis durante toda a sua vida, sustentando-os na dedicação apostólica e cumprindo todo bom propósito.Caríssimos, olhai com esperança para o futuro e acolhei com confiança os desafios do Terceiro Milênio, conscientes de que Cristo está junto a vós e é o mesmo “ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8). Ele vos dá o seu Espírito que sabe guiar-vos à plenitude da verdade e do amor. Que Cristo seja o motivo da vossa esperança: com Ele nada deveis temer, porque Ele é o suporte de toda a existência humana.
2.Viver a fé significa inserir-se na existência de Cristo. Em Jesus nos é dado descobrir a nossa verdadeira natureza e valorizar plenamente a nossa dignidade pessoal. Anunciar Cristo para levar cada um a reentrar plenamente na imagem de Deus e no objetivo final da “nova evangelização”. Vós de modo particular, chamados por força do vosso carisma a reavivar a fé e a recender a caridade em todo ambiente, tende bem clara diante de vós a opção preferencial pela “imagem de Deus’, que aguarda ser descoberta na existência de cada irmão e de cada irmã. Reconhecei em cada um o rosto de Cristo, valorizando cada ser humano sem considerar sua condição ou seu estado.
Assim agia S. Vicente Pallotti, unicamente preocupado com a renovação interior dos homens, em vista da sua santificação. Para imitar o seu ardor apostólico, deveis, antes de tudo, tender pessoalmente à santidade. Só assim podereis promovê-la nos outros, recordando muito bem a vocação universal à santidade, que o Concílio Vaticano II recordou com clareza. É desta consciência que deveis ser animados para contribuir para a obra da nova evangelização. Desta maneira estareis eficazmente preparados para entrar no Milênio, cooperando ativamente para a realização da missão que o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo confiou a toda a Comunidade cristã.


3.O empenho pela santificação pessoal deve ser vivido no interior das vossas comunidades nas diversas partes do mundo: trabalhai unidos e concordes para serdes autênticas testemunhas do Evangelho para os que encontrais em vosso cotidiano ministério. Na Exortação Apostólica “Vita consecrata” escrevi que “a Igreja confia às comunidades de vida consagrada a missão particular de fazerem crescer a espiritualidade da comunhão, primeiro no seu seio e depois na própria comunidade eclesial e para além dos seus confins, iniciando ou retomando incessantemente o diálogo da caridade, sobretudo nos lugares onde o mundo de hoje aparece dilacerado pelo ódio étnico ou por loucuras homicidas” (n. 51). É testemunhando a vida fraterna, concebida como vida partilhada no amor, que vos tornais sinal eloqüente da comunhão eclesial (cf. VC 42).Esta profunda concórdia entre vós ajudar-vos-á a viver “a unidade em Cristo” e vos tornará aptos e dispostos para corresponder às necessidades espirituais e materiais de cada um. Quanto a isto, o vosso Fundador gostava de repetir que “o dom de cooperar para a salvação das almas é o mais divino de todos” (Opere complete XI, p. 257).
Este dom é partilhado, além do interior do vosso Instituto, com os leigos, os cotidianos colaboradores de vosso apostolado. Envolvei-os e acolhei-os na vossa vida de comunhão. “Hoje não poucos Institutos - escrevi na citada Exortação Apostólica “Vita consecrata”..., chegaram à convicção de que o seu carisma pode ser partilhado com os leigos” (n. 54). “Não raras vezes, a participação dos leigos traz inesperados e fecundos aprofundamentos de alguns aspectos do carisma, reavivando uma interpretação mais espiritual do mesmo e levando a tirar daí indicações para novos dinamismos apostólicos”(n. 55). Desta maneira, a União do Apostolado Católico, idealizada e fundada por S. Vicente Pallotti, permitir-vos-á não apenas coordenar os diversos recursos das vossas comunidades, mas também de inserir-vos no próprio coração da missão apostólica da Igreja no mundo de hoje.
Que vos ajude Maria, serva fiel e obediente do Senhor e exemplo excelente de fidelidade ao empenho apostólico! Unida em oração com os discípulos no Cenáculo de Jerusalém à espera do dom do Espírito Santo, ela vos oferece um exemplo de oração incessante, de disponibilidade e de engajamento ativo na missão da igreja. Graças à sua materna intercessão, renove Deus em vós e na vossa Sociedade os prodígios do Pentecostes.

Renovando-vos o meu apreço pelo serviço apostólico que prestais à Igreja, dou-vos de coração uma especial Bênção Apostólica que de bom grado estendo a todos os membros das comunidades palotinas.

Do Vaticano, 1 de outubro 1998

João Paulo II

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