sexta-feira, 16 de julho de 2010

HOSPEDAR CRISTO

Neste tempo de verão, temos a oportunidade de praticar ou receber de outros a virtude da hospitalidade. A Sagrada Escritura, nas leituras de hoje, fala-nos desta virtude. Vemos Abraão que hospeda com alegria os três misteriosos personagens que são uma figura de Deus Uno e Trino; no Evangelho, Marta e Maria que hospedam Nosso Senhor Jesus Cristo. Na Bíblia, existem outras passagens que exaltam esta virtude: “Que permaneça a caridade fraterna. Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, porque também vós tendes um corpo.” (Heb 13,1-3); “Exercei a hospitalidade uns com os outros, sem queixas. Como bons administradores das várias graças de Deus, cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu.” (1 Pd 4,9-19)  Em certas culturas como a Polaca, existem provérbios que incitam também a esta virtude: “Hóspede em casa, Deus em casa.”


Para além desta virtude humana e cristã que os textos da Palavra de Deus de hoje nos apresentam, existe uma forma mais profunda ainda de acolhermos a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo em nossas casas: quando abrimos as nossas portas para que ali se realizem reuniões da Igreja de Deus. Foi o próprio Senhor quem o disse: “«Digo-vos ainda: Se dois de entre vós se unirem, na Terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la de meu Pai que está no Céu. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» (Mt 18,19-20)

Nos inícios da Igreja, as reuniões dos cristãos eram nas sinagogas judaicas e nas casas dos cristãos. Não havia ainda templos cristãos, e nem poderiam haver, pois a Igreja era perseguida. Recordamos a reunião da Igreja em casa dos pais do Evangelista Marcos quando o Apóstolo Pedro estava preso: “Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele.”… “E, depois de reflectir, dirigiu-se a casa de Maria, mãe de João, de sobrenome Marcos, onde numerosos fiéis estavam reunidos a orar.” (Act 12,5.12) Somente com o Édito de Milão (313 D. C.) é que os cristãos tiveram liberdade de culto e puderam, sem problemas, construir igrejas e catedrais. Por um lado foi bom, mas por outro, foi-se perdendo a leveza e a agilidade de uma Igreja doméstica que perseguida em uma terra ia para outra com as famílias com uma grande força apostólica. Alguns movimentos, como as Células de Evangelização têm resgatado esta dinâmica essencial da Igreja primitiva, que deve voar com duas asas e não somente com uma: “nas casas e nos templos” (Cf. Act. 5,42). Este é o carisma das Células de Evangelização.

Se já hospedar alguém é acolher Jesus: “…a Mim mesmo o fizestes.” (Cf. Mt 25,40), muito mais acolher em nossa casa uma reunião da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa família se alegrará e nos sentiremos mais activos no apostolado; um apostolado que não acontece no proselitismo ou no fundamentalismo, mas no alargamento das relações de amizade, que acabam por fazer com que a Igreja seja cada vez mais “família de Deus”. Há pouco tempo, telefonando para o meu pai no Brasil, tive um bonito testemunho disto. Com as reuniões, lá em casa, do movimento Neo-Catecumenal, frequentado por minha mãe, meu pai ficou muito amigo de determinado senhor. Agora este senhor está internado no hospital e a sua esposa não aguentava mais ficar com ele o tempo todo, ao que meu pai se ofereceu para tanto. É um alargamento de família…. Igreja, família de Deus. São Paulo, tocado por este espírito estava disposto a tudo para o bem desta alargada família: “Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja.” (Cl 1,24)

Estamos a encerrar o ano pastoral das Células. Várias delas estão com mais membros do que o recomendável. Isso significa que para o ano, vão-se multiplicar, se Deus quiser. Que muitas famílias de nossa comunidade possam fazer a experiência de acolher Nosso Senhor Jesus Cristo que visita a sua casa, pois foi ele quem prometeu: “…onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» (Mt 18,20) Vossa família certamente, não será mais a mesma.

Para as células de Evangelização:

1-      Em que circunstâncias sentistes tua família alargada por participares da Igreja de Cristo?

Pe. Marcelo

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