sábado, 20 de novembro de 2010

JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

Estamos a celebrar o encerramento do ano litúrgico com a solenidade de Cristo Rei. No Evangelho, usa-se a expressão “Reino de Deus” mais de uma centena de vezes; a maior parte delas, saem da boca do próprio Senhor Jesus. Porém, durante a sua vida pública quando o queriam fazer rei, Jesus sempre se esquivava e se retirava na solidão com o Pai para a oração. Só uma vez ele aceitou o título de Rei: Na presença de Pilatos, durante o seu julgamento, e mesmo assim disse que o seu reinado não era deste mundo.
Para percebermos e vivermos o mistério deste Reino vale a pena recorrer ao Antigo Testamento, pois é o que a primeira leitura de hoje o faz. Deus tinha feito uma promessa a David, que pareceu por muitos anos ter falhado. A promessa era a seguinte: Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a David, meu servo: ‘Estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há-de manter-se eternamente” (Salmo 89,4-5). Ora, sabemos que depois do ano de 587 AC, Israel perdeu a autonomia política. Mas Deus é fiel às suas promessas. Como então se deu essa fidelidade do Senhor? A Canaéia com a filha pocessa e o cego Bartimeu intuíram: “«Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!»” (Mc 10,47) Em Jesus, descendente de David segundo a carne, eles viram o Messias, Salvador. Jesus é Aquele, através do qual, Deus cumpria aquela promessa feita a David.
Já que “…não é deste mundo”, como disse Jesus diante de Pilatus, qual a característica do Reino de Deus? A segunda leitura de hoje nos fala: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados” (Cl 1,13). Certa vez, enquanto Santa Faustina, querendo que Jesus fosse realmente o Rei de toda a sua vida, estava a fazer uma entrega de si mesma, de suas boas obras, de seus sacrifícios, etc…, Jesus lhe disse que ela ainda não havia entregado o que realmente lhe pertencia. Santa Faustina estranhou e ficou a pensar o que ela ainda não havia entregado. Jesus então disse: “-Entrega-me a tua Miséria.”
 Se pensarmos bem é mesmo assim, pois a segunda leitura de hoje disse-nos que: “É Ele a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura; porque foi nele que todas as coisas foram criadas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, os Tronos e as Dominações, os Poderes e as Autoridades, todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas elas subsistem nele” (Cl 1, 15-17).  Assim, quando oferecemos algo de bom ao Senhor ou aos irmãos, estamos a fazer uma coisa certa, meritória, e até necessária, mas no fundo é uma restituição e não uma verdadeira entrega, pois isto recebemos d’Ele. Ainda não estamos a oferecer algo de totalmente nosso, pois como diz São Paulo: “… quem te faz superior aos outros? Que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias, como se não o tivesses recebido? (1 Cor 4,7).  Assim, quando queremos oferecer algo de realmente e totalmente nosso ao Senhor, devemos oferecer o nosso pecado. É justamente isso que o Senhor quer que nós o entreguemos, e, às vezes, é o que as pessoas não querem dar.
Pensemos nos feudos antigos onde toda a terra em volta do castelo pertencia ao rei. Imaginemos a situação: esse rei convidou, certa vez, os seus servos para uma grande festa. Na entrada do castelo, estava o porteiro. Os servos, pensavam então em trazer grandes presentes para poderem entrar nesta festa. O porteiro agradecia os presentes mas dizia: –“Nosso rei agradece os presentes de todo o coração e se alegra com a vossa generosidade. Mas sabem, no fundo o que vocês trouxeram já é dele, pois vocês trabaharam nas terras de sua majestade. Na verdade, a principal condição que sua majestade coloca para que vocês entrem na festa é dar a única coisa que realmente vos pertence, que são as vossas roupas velhas e sujas, tomar um banho e receber gratuitamente dele uma veste nupcial nova e entrar para a festa.” Mesmo sendo gratuita a recepção da veste nova, haverá alguns que, por orgulho ou outra razão, preferirão tentar entrar sujos e esfarrapados nas bodas. A consequência Jesus diz em uma passagem do Evangelho. “Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. E disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele emudeceu. O rei disse, então, aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt22,11-13).
Assim,com relação aos bens desse mundo: o louvor a Deus e a partilha. Com relação àquilo que é verdadeiramente nosso, o pecado: entrega pronta àquele que morreu na Cruz para tirar os pecados do mundo. E dizemos ao coração agonizante de Jesus na Cruz: “Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino” (Lc 23,42). O Senhor nos responde: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43).
Para as células de Evangelização:
Esta semana tive conhecimento da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores: Cristãos empenhados em estabelecer o Reino de Deus com a lógica da caridade no mundo do trabalho. Mesmo o Reino de Deus “não sendo deste mundo”, que outros sinais vês do  “…venha a nós o Vosso Reino”?
Pe. Marcelo

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