terça-feira, 2 de novembro de 2010

Apóstolos Hoje. Reflexão e oração - Novembro de 2010

São Vicente Pallotti  - “Deus Amor Infinito”
XIV MEDITAÇÃO
 “Da obrigação que temos de aperfeiçoar-nos meritoriamente, nós mesmos, como vivas imagens de Deus potência infinito.”
Oh Espírito Santo, doador do dom da sabedoria, iluminai-me.
Oh Espírito Santo, doador do dom da inteligência, instrui-me
Oh Espírito Santo, doador do dom do conselho, guiai-me.
Oh Espírito Santo, doador do dom da fortaleza, fortificai-me.
Oh Espírito Santo, doador do dom do conhecimento, dai-me o dom da perseverança.
Oh Espírito Santo, doador do dom do temor de Deus, libertai-me de todo pecado.
Oh Espírito Santo, doador do dom da paz, dai-me a paz.
Reflexão
Potência de Deus na obra da criação
Nesta breve reflexão, nosso Santo Fundador explica de maneira sintética o objetivo e o centro de nossa chamada à vida de fé.  O caminho de santidade no qual entramos no momento do batismo é um caminho cuja fonte e o fim último é Deus, o Onipotente Senhor e Criador. Sobre a onipotência de Deus, a Sagrada Escritura afirma: “nada é impossível a Deus” (Lc 1, 37) e no livro da Sabedoria  a potência de Deus é comparada à Sua bondade: “Senhor, de vossa força julgais com bondade e nos governais com grande indulgência, porque sempre vos é possível empregar vosso poder, quando quiserdes” (Sab 12,18). E, a vontade de Deus, que flui do Seu infinito amor, foi instrumento que concretizou a obra da nossa criação. Fomos chamados à existência porque ELE QUIS. Somos fruto do amor que Deus quer partilhar com as criaturas e é por isso que o nosso chamado à santidade passa através da via da perfeição e do seguimento a Cristo. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso. Porque provém de Deus e para Ele caminha, o homem só vive uma vida plenamente humana se viver livremente sua relação com Deus. O homem é feito para viver em comunhão com Deus, no qual encontra sua felicidade…” (Cat. 44,45). São Vicente é convicto desta verdade quando nos recorda a necessidade de empenhar-nos para poder alcançar esta comunhão, empregando o dom do livre arbítrio e quando ele explica o objetivo de: glorificar a Deus, santificar a própria alma e aquela dos outros e vencer as tentações do corpo (AIDG, ASA, ADP): "... afim de que fortalecido e feito potente em Deus possa fazer todas as obras para o maior santificação de minha alma e do próximo e viva sempre longe de fazer, dizer ou pensar em tudo aquilo que se opõe à lei santa de Deus e da Igreja ... e não venha jamais a  enfraquecer-me de modo a ceder às tentações do demônio, às seduções do mundo enganador e a atração das paixões brutais ... "
“Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1, 52)
A história da salvação nos apresenta muitos exemplos onde Deus manifesta a Sua Potência. Desde o momento da Criação do mundo, do nada, através do zelo para com o povo eleito, através dos Patriarcas e dos Profetas e enfim do próprio Filho Jesus Cristo (com os seus milagres, o seu ensinamento, a sua paixão, morte e ressurreição), Deus incessantemente mostra a grandeza de Sua infinita potência. Não é porém a atitude de um déspota que, aproveitando do seu poder oprime os seus súditos. O Senhor Deus é bom e paciente e a Sua potência se exprime na sua misericórdia como nos confirma numerosas vezes a Sagrada Escritura. O único desejo do Seu Coração é aquele pelo qual as criaturas que, por amor as chamou à vida, possam responder também com amor. O quanto esta tarefa, na vida prática, seja difícil, sabemos muito bem. Sempre que o nosso orgulho “vence” sobre a humildade, experimentamos um retrocesso em nossa fidelidade e ao Seu seguimento. Quando, ao invés, com humildade, procuramos olhar o mundo com olhos puros e simples, então começamos a ver as coisas assim como são realmente e aceitamos a nossa pequenez diante do Senhor. O verdadeiro sentido da humildade é, todavia, admitir os próprios limites e aceitá-los com serena confiança, abandonados nos braços potentes de Deus Pai. Este confiante abandono, é portanto, a mais eloqüente demonstração da Potência do Senhor que age em nós através de nós. Convictos desta verdade poderemos então exclamar com São Paulo: “Quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,10).
“Conhecer vosso poder é a raiz da imortalidade” (Sab 15, 3)
O homem de hoje compreende o significado de potência de uma forma muito diferente do que sugere o autor inspirado da Sagrada Escritura. No mundo de hoje, tão secularizado, as palavras: potência, força, energia, poder se apresentam à mente, de fato como imagens que destacam o domínio sobre os outros, em todas as áreas: psicofísica, intelectual, militar ou material. Deus, ao invés, através das palavras de São Vicente Pallotti, encoraja-nos a seguir um outro tipo de poder. Criados à imagem e semelhança de Deus, somos chamados a seguí-Lo na Sua potência e no seu agir através do perdão. Podemos percorrer este caminho, se continuarmos na graça santificante e se dela nos servirmos para vencer o pecado. E mesmo que caiamos em pecado, um sincero arrependimento e o perdão recebido mediante o Sacramento da Reconciliação nos dará a força para sermos novamente instrumentos da Sua misericórdia; e a mesma disposição de querer voltar para o Pai é já uma manifestação da Potência de Deus agindo em nós. Sozinhos, de fato, isto é, sem a Sua potente graça, não seremos capazes de nos levantar e de retomar o caminho.
O Beato Padre Michał Sopocko, padre espiritual de S. Irmã Faustina Kowalska, assim escreve sobre aquele extraordinário sinal da Potência de Deus: "A misericórdia de Deus...precede a justificação e dispõe o pecador à conversão. Ela acompanha o pecador em todos os seus atos e sustenta suas fracas forças, perdoando as culpas ... e derramando as suas graças. Ela dá força ao penitente na batalha contra as tentações e guia seus atos de penitência para que ele conquiste as virtudes necessárias. Ela, enfim  derrama sobre o penitente os dons do Espírito Santo para levá-lo a participar da vida Divina. Tendo o poder para destruir os pecadores, ou pelo menos puni-los severamente, ao contrário, Deus os sustenta, como se os levasse nos braços, os alimenta, os plenifica de alegria, pois permite que o sol os aqueça e a chuva caia sobre eles, “para perdoá-los no tempo oportuno”, derramar nas suas almas o Seu amor e colocá-los na mesma dignidade dos justos. Este é de fato o sinal da Sua sublime Potência.” Todos éramos pecadores e temos experimentado a Sua infinita Potência no perdão: de pecadores que éramos, nós nos tornamos santos, de malfeitores, em operadores do bem, de filhos rebeldes, a filhos adotivos de Deus e herdeiros do Seu Reino. Portanto, nós somos testemunhas das grandes obras do Senhor! Trazemos ao mundo a verdadeira imagem de Deus Potência infinita, na qual Ele nos criou e amou, perdoando-nos e predestinando-nos para a vida eterna com Ele.

Testos para reflexão e partilha:
Gn. 1,27;    Salmo 8;    Salmo 18(17),1-4,30.33-36;    Salmo27(26)  
Sab 12,18;   Lc 1,30-33,35.37;   Rm 1,16;   2 Cor 6, 2b-10
Oração final
Meu Deus, misericórdia minha, eu sou infinitamente indigno do Paraíso, mas a vossa misericórdia, pelos merecimentos infinitos de Jesus, pelos merecimentos e intercessão de Maria Santíssima, de todos os Anjos e Santos me asseguram o Paraíso, e, agora e sempre, em união com todas as criaturas passadas, presentes e futuras entendo de oferecer o Sangue preciosíssimo de Jesus Cristo em agradecimento como se já a mim e a todos tivésseis dado o Paraíso sem passar pelo Purgatório…
Meu Deus, operais em mim a modo vosso. Dai-me a graça de agir como quereis Vós. Meu Deus, tudo agora e sempre, infinitas vezes no supremo sofrimento, no infinito amor, na vossa graça sem usufruí-la, gozando somente que Vós sois infinitamente glorificado e eu infinitamente desprezado – este seja o meu Paraíso. Amém (OOCC X, 188-190).

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