Como é bom, na época de Natal, ver o lindo presépio na Praça
de São Pedro no Vaticano, uma tradição que foi esquecida pela Igreja, por
muitas décadas, e que foi resgatada pelo Papa João Paulo II, em 1982. Os
Vaticanistas, consternados com o pedido do Sumo Pontífice, ficaram aflitos por
causa da falta de um presépio em Roma. Foi graças aos Palotinos, que colocaram
à exclusiva disposição do Papa este belo presépio, que podemos apreciar até ao
dia de hoje as imagens da quadra natalícia. Até à reforma litúrgica,
oficializada pelo Concílio do Vaticano II, em 1963, todas as grandes festas
eram comemoradas durante os oito dias depois da Solenidade. Entre estas festas
estava a Epifania do Senhor. São Vicente Pallotti considerava a Epifania como a
festa da Vocação Cristã dos Povos.
De facto, no Natal, Jesus manifestou-se ao povo de Israel,
representado pelos pastores que o adoraram. Na Epifania, o Salvador
manifestou-se aos povos gentios representados pelos Magos vindos do Oriente,
que o adoraram e ofereceram os seus dons. De onde surgiu a ideia de Pallotti do
Oitavário da Epifania? Em 1833, São Vicente tornou-se diretor espiritual do
Colégio Urbano (um tipo de Seminário internacional). Neste colégio existia a
Festa das Línguas que tinha por objetivo mostrar a riqueza das culturas e ritos
nas Igrejas Cristãs. Pallotti sentiu-se inspirado por esta festa e quis que ela
tomasse proporções bem maiores, ao nível da Igreja Universal. Por isso, desde
1836 até 1969, os Palotinos festejaram, de maneira solene, o Oitavário da
Epifania. Nos primeiros anos as celebrações eram feitas na Igreja do Espírito
Santo dos Napolitanos, que logo se tornou pequena para acolher a multidão que
sempre aumentava. A partir de 1841, os Padres Teatinos cederam a Pallotti a
espaçosa Igreja de San Andréa della Valle onde, por mais de um século,
anualmente, se apresentou ao povo romano e ao mundo cristão, um empolgante
espetáculo de fé.
São Vicente não media
esforços para atrair, não apenas os cristãos fiéis, mas também os indiferentes
e curiosos. O templo era iluminado e enfeitado ao máximo. Um maravilhoso
presépio, em tamanho maior que o natural, mostrava a infinita misericórdia de
Deus, profundamente sensível, na Encarnação e Nascimento do Salvador. Era um
convite fortíssimo para, à imitação dos pastores e dos magos, irem todos
reconhecer e adorar o Verbo de Deus feito carne e salvação. No final do
Oitavário, era apresentado para o beijo amoroso de todos, o encantador “Gesù
Bambino”, a bela imagem de Jesus Menino conservada ainda hoje na igreja
palotina de São Salvador in Onda. Eram convidados os melhores pregadores das
mais diversas nacionalidades e o povo podia “ouvir nas suas próprias línguas, a
publicação das grandezas de Deus” (At 2,11). Bispos e cardeais presidiam às
cerimónias. Em 1847 e 1848, até o Papa Pio IX participou das celebrações. Em
cada dia, além da solene Missa no rito latino, havia celebrações nos diversos
ritos orientais e ocidentais. Fiéis, de diversas partes do mundo,
apresentavam-se com os seus trajes típicos. O Oitavário não era apenas o
movimento de massas com aparatos externos e símbolos sensíveis. Era também
ocasião de conversões individuais atingindo as realidades interiores,
desabrochando a fé e a caridade. São Vicente queria, antes de tudo, salvar
almas e tudo fazia para atrair os homens para Deus. Por isso, em diversos
pontos da cidade, os padres começavam a pregar, chamando atenção dos
transeuntes que paravam para ouvir, e que no final eram convidados para irem,
em procissão, até à igreja participar do Oitavário.
Muitos padres colocavam-se
à disposição para ouvir as confissões. No final do Oitavário eram milhares os
que comungavam, dando um expressivo sinal de unidade, pois o Sacramento do Amor
une, em um só coração, todos os comungantes, como estão unidos, num só pão,
inúmeros grãos de trigo, e, no vinho, incontáveis bagos de uva. Como festa da
unidade, reunia e estreitava a amizade entre clero diocesano e religioso, e, entre
clero, religiosos e leigos, dando ao mundo um sinal de força e unidade. Como
festa da caridade, procurava acender, no coração de todos, o zelo apostólico,
levando a compreender que a maior caridade que podemos fazer a alguém, é
ajudá-lo a salvar-se. A Epifania é a festa da vocação dos povos ao Cristianismo
e à salvação. Pallotti queria que todos escutassem este chamamento, se
convertessem e fossem salvos. Ele queria que o Oitavário continuasse
eternamente, queria que fosse celebrado a cada ano e no mundo inteiro. Dizia: “Bem-aventurado
aquele que será escolhido por Deus para promover esta obra de Deus, o Oitavário
da Epifania”. Desde 1998, o Oitavário ressurgiu em vários países do Mundo, tais
como: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, EUA, Polónia, entre os outros. Em Portugal
celebrámos o Oitavário com muito êxito, pela primeira vez, no ano 2013. Já
estamos a programar a segunda vez, de 5 a 12 de janeiro, em Febres e Odivelas.
Quem estiver interessado, apareça ou entre em contato pelo e-mail: joao7@wp.pl.
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