quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A NECESSIDADE DE CURA INTERIOR

Partilha de VII Domingo tempo comum ano B

No Paralítico do Evangelho de hoje, nós vemos a realização daquilo que Nosso Senhor diz no Livro do Apocalipse: “5O que estava sentado no trono afirmou: «Eu renovo todas as coisas.»” (Ap 21,5) Naquele homem em que tudo era velho, se fez presente o que São Paulo escreveu: “17Por isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas”. (2Cor 17) Ele saiu renovado daquele encontro com Cristo: Corpo, psique, e espírito. Jesus fê-lo novo espiritualmente pelo perdão dos pecados e fisicamente pela cura de seu corpo; os seus amigos fizeram-lhe novo no seu coração afectivo pela fé e caridade que tiveram para com ele.

Fazendo alguma conjectura, pois isso só vem insinuado no Evangelho, aquele homem deveria ser um “chato”, deveria reclamar por tudo e por nada. Imaginemos a sua situação: paralítico e cheio de pecados. Tanto assim, que Jesus antes de curá-lo no corpo, teve de curar-lhe o espírito: “Filho, os teus pecados estão perdoados.” (Mc 2,5) Ele deveria ser literalmente um peso para os seus familiares. Porém eles tiveram a coragem de colocar em prática o que Nosso Senhor disse: “16Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. 17É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.” (Jo 15,16-17)

Aquele homem se sentiu amado pelas quatro pessoas que o carregavam. Já imaginaste: querer tanto o bem de alguém que diante de uma multidão que impossibilitava de eles colocarem aquele homem aos pés de Jesus, inventarem de subir ao tecto, tirar as telhas da casa e descerem assim aquele homem. Só ai este homem já deve ter experimentado uma grande cura: a cura interior do coração. A cura de se sentir amado pelos seus companheiros. Ele deve ter descido já chorando daquele telhado abaixo. Ele que tinha sido um “chato”, um peso, um pecador paralítico, se sentir alvo de tanta caridade por parte daquelas quatro pessoas que a Bíblia não diz sequer serem seus parentes. Aqueles quatro homens cumpriram o que São Paulo nos disse: “Carregai as cargas uns dos outros e assim cumprireis plenamente a lei de Cristo.” (Gl 6,2) São Paulo diz na segunda leitura: “20Nele todas as promessas de Deus se tornaram «sim» e é por isso que, graças a Ele, nós podemos dizer o «ámen» para glória de Deus.” (2 Cor 1,20) Porque é então que nem sempre vemos as nossas orações respondidas pelo Senhor? A resposta, muitas vezes, é que nós precisamos todos de cura interior. Na Bíblia não existem apenas promessas, mas também princípios eternos e mandamentos. Por exemplo, na promessa citada acima, ela vem associada a um mandamento: “…e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. 17É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.» (Jo 15,17)

A cura interior não é questão de sentimentalismo barato. É suportar o irmão e colocá-lo aos pés de Jesus por mais que isso nos custe. Os amigos desse homem paralítico não falaram-lhe coisas bonitas, mas expressaram a sua caridade em um gesto muito concreto: carregaram aquele homem, suportaram o seu peso e colocaram-no aos pés de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesse gesto concreto eles foram os primeiros a serem curados, pois o amor dado nos cura. Basta ver o Salmo de hoje: “2Feliz daquele que cuida do pobre; no dia da desgraça, o Senhor o salvará. 3O Senhor o guardará e lhe dará vida e felicidade na terra; não o abandonará à mercê dos seus inimigos. 4O Senhor o assistirá no leito do sofrimento; quando estiver de cama, o restabelecerá da doença.” (Sl 40,2-4) Jesus vendo a fé daquelas pessoas, não do paralítico, foi ao encontro das suas necessidades: a cura espiritual e física, coisa que seus amigos não poderiam nunca fazer.

Ouvi de um sacerdote palotino, que ele rezava muito frequentemente, senão até diariamente, um terço de Nossa Senhora, em que, cada Ave-Maria era destinada a um dos seus irmãos de congregação. Assim a cada dia ele colocava aos pés de Nossa Senhora os seus coirmãos. Muitos podem dizer: “Eu não tenho tempo para isso”. Mas fazemos uma pergunta: Para a novela temos tempo? Lá eles ensinam o contrário: Tem alguém que é pecador: descarta-o; alguém errou contigo: não tem mais volta; seu marido errou: arruma outro; teu filho é um problema: separa-te e deixa-o com o marido… e nossas famílias ao invés de suportar e levar os nossos “paralíticos” ao pé de Jesus pela oração, tem aprendido a descartar as pessoas. Só que vamos descartando, descartando, descartando, até que acabamos por ficar sozinhos. Esse mundo novelesco muitas vezes é oposto ao Evangelho.

Oremos: Virgem Maria Mãe de Misericórdia, nós todos precisamos de muita cura interior. O Teu Divino Filho quer fazer em nós uma obra nova, como nos diz na primeira leitura de hoje: “18«Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado, 19pois vou realizar algo de novo, que já está a aparecer: não o notais? (Is 43,18-19) Mas muitas vezes Mãe, o passado é pesado, e a tentação insiste em fazer-nos relembrar coisas antigas e dolorosas. Dá-nos a coragem de trilharmos o caminho da cura interior que é o colocar-nos a nós mesmos e aos nossos, com todo o peso do nosso passado e dos demais aos pés do Coração Amoroso e Misericordioso do Vosso Divino Filho e permitir que Ele realize em nós uma obra nova, inteiramente nova. Obrigado Nossa Mãe. Amém.

Para as Células de Evangelização:
Esses quatro homens do Evangelho fizeram uma “loucura” de fé para colocar aquele paralítico aos pés de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que acções ou orações podemos fazer ou já fazemos, para pôr os nossos irmãos aos pés de Jesus Misericordioso?

Pe. Marcelo Nespoli SAC

Nenhum comentário: