sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

SINAIS DE ESPERANÇA E DE VITÓRIA PASCAL

A itinerário quaresmal que estamos a começar é uma caminhada rumo à vitória Pascal de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Esse caminho quaresmal sempre inicia-se, no primeiro Domingo, com o episódio das tentações de Nosso Senhor no deserto. Trazendo os detalhes destas tentações, os Evangelhos de São Mateus e de São Lucas (anos A e C da liturgia) reforçam a ideia de prova, como que advertindo cada baptizado: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação.” (Bem Sirá 2,1) O Evangelho de São Marcos, que é o que nos acompanha durante este ano, é muito conciso. Sem descer aos detalhes de tais tentações, como que insinua que quer enfatizar a vitoria de Cristo, como diz Santo Agostinho: “O Senhor Jesus era tentado pelo demónio no deserto. Mas em Cristo, também tu eras tentado, porque Ele tomou sobre Si a tua condição humana, para te dar a salvação; para si tomou as tuas tentações para te dar a Sua vitória.”

Nenhum soldado luta com a bravura que é devida se não tem a firme esperança da vitória final. No livro dos Macabeus vemos isto claramente, como antes de cada batalha Judas Macabeu estimulava os soldados com palavras de ânimo como estas: “Esta gente vem contra nós com impiedade e orgulho, para nos aniquilar juntamente com as nossas mulheres e os nossos filhos, e nos saquear. Nós, porém, lutamos pelas nossas vidas e pelas nossas leis. O próprio Deus esmagá-los-á diante dos nossos olhos. Não tenhais medo deles.” (1 Mc 3,20-22)

As batalhas do povo de Israel no Antigo Testamento são uma imagem da batalha espiritual que a Igreja deve travar. Nas leituras de hoje aparecem dois sinais importantes de vitória que devem encher-nos de ânimo para o combate. O primeiro aparece na leitura do Antigo Testamento: o arco-íris. Foi o sinal escolhido por Deus para mostrar a sua aliança com Noé e os seus descendentes. Certa vez Nossa Senhora revelou a Santa Brígida, que é padroeira da Europa, que este sinal, dizia respeito a Ela mesma: “Este arco-íris sou Eu mesma que, por minhas preces, abaixo-Me e Me debruço sobre os bons e os maus habitantes da terra. Inclino-Me sobre os bons para ajudá-los a permanecer fiéis devotos na observância dos preceitos da Igreja; e sobre os maus para impedi-los de irem adiante na sua malícia e se tornarem piores.” Assim como o arco-íris vem normalmente depois de uma tempestade, assim a santidade de Nossa Senhora não é independente, mas é fruto da “tempestade” que foi a Paixão de seu Divino Filho. De facto, Ela foi santificada em previsão desses mesmos méritos. Quando vemos a harmonia dos seus pensamentos, vemos os méritos da coroação de espinhos de seu Filho; quando contemplamos o seu imenso amor materno por toda a humanidade vemos os méritos do Coração de Seu Filho aberto na Cruz pela lança do soldado. Nossa Senhora é o grande sinal da vitória, já agora, de Deus na humanidade, sobre o maligno, o pecado e a morte. Ela é, para nós, um vivo sinal de esperança.

Um outro sinal de esperança e de vitória do povo de Deus é a presença dos anjos. Os Evangelhos afirmam que Jesus, nos momentos cruciais de provação e tentação experimentou essa presença reconfortante, a saber, durante as tentações no deserto e no Horto das Oliveiras, antes da sua Paixão. De facto esta protecção e consolo não foi somente para o Senhor Jesus, mas também para cada fiel. Diz o Catecismo da Igreja Católica: “Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. «Cada fiel tem a seu lado um anjo como protector e pastor para o guiar na vida». Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus.” (Catecimo nº 336) Dizia São Bernardo a esse respeito: “Mas apesar de sermos como crianças e de nos faltar ainda um caminho tão longo e tão perigoso, que havemos de temer sob o patrocínio de tão excelsos custódios? Não podem ser vencidos nem enganados e muito menos enganar-nos aqueles que nos guardam em todos os nossos caminhos. São fiéis, prudentes, poderosos; porquê recear? Basta segui-los e acolhermo-nos a eles e habitaremos sob a protecção do Deus do Céu.” Agora um testemunho interessante: Enquanto estava a elaborar este texto, recebi um SMS de um amigo de Odivelas. Sem que ele soubesse que estava a escrever sobre esse assunto, mandou-me uma mensagem com a seguinte passagem bíblica que ele disse ter-lhe sido inspirada na oração: “Eis que Eu envio um anjo diante de ti, para te guardar no caminho e para te fazer entrar no lugar que Eu preparei. Mantém-te atento na sua presença e escuta a sua voz. Não lhe causes amargura, porque ele não suportará a vossa transgressão, porque está nele a minha autoridade. Mas se escutares a sua voz e se fizeres tudo o que Eu falar, Eu serei inimigo dos teus inimigos e serei adversário dos teus adversários, pois o meu anjo caminhará diante de ti e te fará entrar na terra do amorreu, do hitita, do perizeu, do cananeu, do heveu e do jebuseu, e Eu exterminá-lo-ei.” (Exodo 23, 22-22) Empreendamos com confiança o nosso bom combate da fé nesta Quaresma e sempre, pois como diz o profeta Eliseu: “Não temas! Aqueles que estão connosco são mais numerosos do que os que estão com eles.” (2Rs,6,16)

Para as células de Evangelização
Diante das batalhas da vida, em meio às crises económicas e morais que estamos a viver, muitos são tentados ao desânimo. No entanto Nosso Senhor insiste em consolar-nos e nos estimular para a luta. A presença de Nossa Senhora e dos Santos anjos são um sinal de esperança para nós. O que já experimentaste desses dois sinais de esperança que o Senhor coloca em nossos caminhos?

Pe. Marcelo

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