quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MISSÃO CONTINENTAL NO ESTILO PALOTINO

Através deste artigo, queremos dar uma oportunidade de um olhar renovado para o Carisma Palotino e sua atualidade no mundo de hoje e nos desafios da Igreja.

O Documento conclusivo da V Conferência de Aparecida, recordando o mandato do Senhor de “ir e fazer discípulos entre todos os povos,” deseja despertar um grande impulso missionário na Igreja da América Latina e do Caribe. Esta é, sem dúvida alguma, uma das principais conclusões deste grande encontro eclesial. Este impulso missionário pode dividir-se em quatro conseqüências práticas de acordo com o Carisma Palotino:

1. Aproveitar intensamente esta hora de graça através da leitura dos sinais dos tempos.
2. Implorar e viver um novo Pentecostes em todas as comunidades cristãs fazendo delas os Cenáculos a imagem do Cenáculo de Jerusalém de onde nasceu a Igreja.
3. Despertar a vocação e a ação missionária dos batizados para reavivar a fé e reacender a caridade e animar todas as vocações e ministérios que o Espírito dá aos discípulos de Jesus Cristo na comunhão viva da Igreja;
4. Sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para comunicar-lhes e partilhar o dom do encontro com Cristo que plenificou nossas vidas de “sentido”, de verdade e amor, de alegria e de esperança.



O Espírito Santo nos precede neste caminho missionário. Por isso, confiamos que este testemunho da Boa Nova constitui, por sua vez, um impulso de renovação eclesial de transformação da sociedade.

Como Palotinos que fazem parte da União do Apostolado Católico somos impelidos de contribuir com o carisma do nosso Fundador, São Vicente Pallotti, para a realização desta Missão Continental.

O elemento mais característico do Pallotti era uma certa estrutura que poderia ajudar na Missão Continental, um certo tipo de sistemática, que pode ser chamada como a estrutura 12+1 dando a cada um o nome de um dos Apóstolos.

São Vicente escreve em sua obra sobre 13 modos da atividade apostólica, que ele mesmo chama de Procuras (procuradorias). Usando a linguagem de hoje, pode se traduzir de seguinte forma:

1. Espiritual, intelectual e pastoral preparação dos Clérigos para o trabalho pastoral.
2. Direção das missões e retiros populares entre os fieis da Igreja.
3. Empenho pelos trabalhos das Missões ad gentes.
4. Coordenação das obras caritativas para os pobres.
5. Educação e criação das crianças e jovens.
6. Busca dos contatos e colaboração com os outros grupos e movimentos da Igreja.
7. Trabalho pastoral com população rural.
8. Trabalho caritativo e pastoral entre os presos.
9. Ajuda material e espiritual para os doentes, principalmente os terminais.
10. Formação de uma cultura espiritual e moral entre os nobres e outros grupos da sociedade (para isso instituiu o Oitavario da Epifania)
11. Propagação de varias formas da devoção aceitas pela Igreja.
12. Imediata e direta ajuda caritativa para os necessitados (órfãos,jovens dependentes etc.)
13. Coordenação e organização de ajuda para os 12 grupos anteriores.
Podemos constatar que esta visão das 13 procuradorias de Pallotti é uma visão completa, que tenta tocar em todos os níveis, as dimensões e os patamares do trabalho pastoral-missionario numa paróquia, forania, vicariato ou diocese.

Como hoje se adaptaria tais procuradorias para o nosso Brasil?

A. Formar, a imagem do dia de Pentecostes, os Cenáculos, compostos por 13 pessoas, das quais a cada uma caberia uma área diferente de uma das 13 procuradorias.

B. O grupo seria enviado de uma paróquia territorial, dois em dois, para percorrer todas as ruas e recolher todas as informações a respeito de todas as dimensões das 12 procuradorias.

C. Estas informações seriam sistematizadas pelo Coordenador do Cenáculo, que entregaria a cada um dos 12 membros do grupo missionário a lista das necessidades das pessoas visitadas.

D. A partir deste momento, cada uma das dimensões seria tratada pessoalmente por pessoa titular da devida procuradoria de acordo com o seu conteúdo, acompanhando permanentemente os visitados a ela confiados.

E. Finalmente os membros de todos os Cenáculos de uma paróquia, forania, vicariato ou diocese poderiam se encontrar para visualizar a situação da área da missão, estabelecer métodos e metas dos seus trabalhos.
Vamos sonhar com uma adaptação das 13 procuradorias de Pallotti para os Cenáculos da Missão Continental no Brasil:

1. São Pedro: despertar e formar as vocações sacerdotais, consagradas e laicais, promover a formação permanente dos vocacionados.

2. Santo André: missões populares, retiros e encontros.

3. São Tiago Maior: despertar o zelo, pelas missões ad gentes.

4. São João: obras caritativas com os pobres.

5. São Tomé: educação e formação religiosa de crianças e jovens.

6. São Tiago Menor: busca de contato e colaboração com as pastorais, movimentos e grupos da Igreja.

7. São Filipe: ajuda aos imigrantes e emigrantes, vindos do nordeste ou outra região do país ou do estrangeiro.

8. São Bartolomeu: trabalho espiritual e caritativo nas prisões.

9. São Mateus: ajuda espiritual e material aos doentes terminais e idosos.

10. São Simão: promoção da cultura religiosa e moral.

11. São Judas Tadeu: propagação de todas as formas de devoção aceitas pela Igreja.

12. São Matias: ajuda imediata aos dependentes, pessoas de rua, perdidos.

13. São Paulo: coordenação de todos os demais membros das procuradorias

No espírito de serviço, somos todos convidados a nos envolvermos no trabalho missionário, como dizia Pallotti no Apelo ao Povo Romano: "...grandes e pequenos, formados, estudantes, operários, ricos e pobres, padres, leigos, religiosos e seculares, comerciantes e empresários, funcionários, artistas e artesões, comunidades e indivíduos, cada qual no próprio estado, na própria condição, de acordo com os próprios dons, podem dedicar-se...." para que a Missão Continental seja cada vez mais assumida pelas comunidades cristãs do Brasil, dialogando com toda a sociedade. Neste sentido, compreendemos que o ardor missionário e colaboração de todos os carismas darão à Igreja um dinamismo próprio, caracterizado pelo espírito de abertura, universalidade, diálogo ecumênico, itinerância, serviço e radicalidade cristã.

Que a Maria, Rainha dos Apóstolos continue a inspirar nossos Cenáculos e fecundar o Projeto do Brasil na Missão Continental. Impulsionados pelo Espírito, sentimos que este tempo de graça da Missão Continental está aí para ser vivido plenamente. Com a coragem e a alegria, vamos todos à missão: “ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram corajosamente a Palavra de Deus”.

“Esse despertar missionário, na forma de Missão Continental (...) exigirá a decidida colaboração das Conferências Episcopais e de cada Diocese em particular. (...) Levemos nossos navios mar adentro, com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas” (D Ap 551).
Pe. João Pedro Stawicki SAC

Nenhum comentário: