sábado, 5 de dezembro de 2009

PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR

Cada ano, nesta altura do Advento, são-nos apresentados dois modelos que são ajuda para nossa caminhada para o Natal do Senhor. Uma é a Santíssima Virgem Maria, que Deus escolheu e tornou digna de ser morada do Altíssimo, Templo vivo do Espírito Santo, Casa de Ouro, e por isso Porta do Céu. Ela é a Imagem da Igreja renovada a quem o Senhor continua a falar como na primeira leitura de hoje: “Jerusalém, tira as vestes de luto e de aflição; reveste-te para sempre dos adornos da glória que te vem de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e põe sobre a tua cabeça o diadema da glória do Eterno, porque Deus vai mostrar o teu esplendor a todos os que vivem debaixo do céu. Eis o nome que Deus te dará para sempre: «Paz da Justiça e Glória da Piedade!» (Baruc 5,1-4) Também à Igreja, como a toda alma fiel, o Senhor quer dar um “nome novo”. Na cultura judaica, o nome quer dizer o “ser” de alguém. Para que o Senhor possa dar este nome novo a cada um de nós - «Paz da Justiça e Glória da Piedade!» - é necessário que o Dom da Piedade que já recebemos em nosso Baptismo e de forma mais forte em nossa Crisma encontre espaço em nossa vida. Este Dom desperta em nós um profundo gozo de estar na presença de Deus e de, com isso, chamá-lo “Abba- Pai” (Papá). Com o dom da piedade fluindo em cada um de nós, consequentemente a Justiça que nos vem pela fé se fará também presente. É tanto assim que o Apóstolo São Paulo na sua segunda Carta aos Coríntios não opõe justiça à injustiça, mas justiça à impiedade, pois a primeira injustiça é não dar a Deus a glória que é devida: “Não vos prendais ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a impiedade ou que há de comum entre a luz e as trevas?” (2 Cor 6,14)

João Batista, como Nossa Senhora, soube ouvir a voz do Senhor. Foi no deserto que esta Voz se fez ouvir, ou seja, na solidão, na oração e no estudo da palavra de Deus. Isso não tem nada de alienação, mas pelo contrário, influencia a sociedade inteira. Por esse motivo o Evangelista Lucas faz questão de situar esse facto em um momento histórico e social muito preciso: “No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilena, sob o pontificado de Anás e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto.” (Lc 3,1-2) O facto de João Baptista ter se retirado no deserto para escutar o Senhor repercutiu misteriosamente na sociedade de seu tempo. E nós, temos tempo para escutar a voz do Senhor que sussurra em nossos corações: “Vós não recebestes um Espírito que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai!” (Rom 8,15) Escreveu São Vicente Pallotti: “Para ensinar-nos a praticar o silêncio, o Verbo Encarnado, Sabedoria Infinita, quis nascer no silêncio profundo de uma noite escura e na solidão de uma estrebaria. Ele manifestou-se aos homens como os recém-nascidos que não falam. Devemos esforçar-nos por imitar o silêncio do Menino Jesus, razão porque devemos dirigir a Deus todas as orações da União e da Sociedade a fim de obter de Deus, para todos, o dom de amar, observar e aproveitar o sagrado silêncio.” (OO CC II, 24-25)

Hoje em dia temos tantos meios de comunicação, não é mesmo? Mas o que não pode acontecer é trocarmos os meios pelos fins. Eles são apenas meios e devem estar a serviço do bem e da verdade.

Para as Células de Evangelização:
Como a João baptista o Senhor nos chama neste Advento ao deserto da oração e ao Baptismo de penitência no sacramento da reconciliação. Um dos exames que precisamos fazer é este: os meios de comunicação tem estado, em nossas vidas, a serviço da verdade e do bem? Tenho conseguido escutar a voz do Senhor que me convida a preparar os seus caminhos? Como fazer para isso?
Pe. Marcelo

Nenhum comentário: