terça-feira, 1 de novembro de 2011

Apóstolos hoje – novembro de 2011

Deus, Amor Infinito

Meditação 26 (OOCC XIII, pp. 132-137)

Deus, movido pelo seu Amor infinito e pela sua infinita Misericórdia, não impediu o pecado de Adão, também para que a nossa vida fosse toda enobrecida, santificada e enriquecida pelos méritos da vida de nosso Senhor Jesus Cristo.

Introdução
 “Iluminado pela santa fé, tenho presente que Deus, Perfeição e santidade por essência, quando deixa de impedir o pecado permite que ele aconteça por motivos dignos de si e de todas as suas infinitas Perfeições. Eu não sou  capaz de compreender todos os santíssimos motivos, cheios de amor e de misericórdia, os quais Deus não impediu o pecado de Adão, mas a razão mais importante a santa fé me faz descobrir. Ele nos queria dar Nosso Senhor Jesus Cristo! Não é por nada que a  liturgia do sábado santo da Páscoa da ressurreição, a santa Igreja canta: “Ó feliz culpa que mereceu tal e tão grande Redentor”!
Maior motivo temos, entretanto, para pasmar. Se Deus não nos tivesse dado o seu divino Unigênito, feito homem por nós, mesmo que nem Adão, nem qualquer outro nunca tivesse pecado, mesmo que todos não tivessem feito outra coisa senão boas obras, essas boas obras não teriam sido enriquecidas, aperfeiçoadas e enobrecidas pelos méritos infinitos e pela perfeição e santidade da vida santíssima de Jesus Cristo. Nossas boas obras teriam permanecido como são por si mesmas, isto é, quase como um nada diante de Deus. Teriam sido, até, diante da infinita perfeição de Deus, monstros de imperfeição. Jesus Cristo é que, mediante seus méritos infinitos, santifica, aperfeiçoa e enriquece todos os pensamentos, palavras e obras da nossa vida. Enriquece e santifica também nossas ações chamadas, em si mesmas, indiferentes, quando por nós praticadas por amor de Deus, em estado de graça. O santo profeta Isaías nos assegura que até as nossas boas ações são como um pano imundo, [Pano imundo são todos os nossos atos de injustiça]” (Is 64, 5).  
Ah, meu Deus, não sou digno de contemplar os excessos do vosso amor infinito e da vossa infinita misericórdia! Como foi isso de chegardes a permitir que Adão vos ofendesse infinitamente, para, depois, dar-nos o vosso divino Filho? Ele não nos foi dado para redimir a nossa alma da escravidão do pecado e para destruir em nós a toda deformidade que, por causa do pecado, a nossa alma contraiu. Ele veio também para que todos os pensamentos da nossa mente, todos os afetos não desordenados do coração, para que todas as palavras, obras e passos, para que o uso das potências da alma e dos sentimentos do corpo, para que o uso de todas as coisas por vós criadas a nosso serviço, para que tudo, tudo fosse santificado, enobrecido e enriquecido pelos méritos infinitos, pela santidade infinita, pela perfeição dos pensamentos, palavras, desejos, ações, respirações, passos de N. S. Jesus Cristo. Para que o uso que fez N. S. Jesus Cristo das coisas criadas, o exercício de todas as potências de sua santíssima alma e do seu imaculado corpo santificassem, nobilitassem, enriquecessem nosso agir e nosso proceder.
Com efeito, pela comunicação e aplicação dos méritos infinitos de Jesus Cristo, destrói-se toda a deformidade das nossas obras, também das que se dizem obras boas. Essas, diante de vós, por si mesmas, sem a aplicação dos méritos, da santidade e da perfeição da vida de Jesus Cristo – perfeição por essência! – são tais que podem se dizer horrendíssimos monstros. Pela aplicação dos méritos de Jesus Cristo, pela santidade e perfeição da sua vida, destrói-se a deformidade não só das obras boas mas também das obras indiferentes feitas por amor de Deus. Essas obras se tornam santificadas, aperfeiçoadas e enriquecidas pela santidade, perfeição e méritos infinitos de Jesus Cristo. É, então, que posso dizer que a santidade, a perfeição, os méritos de Jesus Cristo são meus e toda a vida de Jesus Cristo é minha.

Meditação
S. Vicente nos convida a refletir sobre o pecado através dos olhos da fé. Iluminados pela fé” - estas palavras nos convidam e nos oferecem a oportunidade de refletir sobre a fé e descobrir como ela nos ajuda a nos transformar em pessoas que devemos ser. A fé não é estática, mas uma realidade viva que nos guia mais profundamente na realidade de Deus e do seu plano divino para nós e para toda a criação. Pallotti assegura-nos que o pecado de Adão foi permitido por Deus a fim de revelar a missão de Jesus para nós. A Escritura nos mostra os diversos elementos sobre a possível vinda de Jesus na terra para a nossa redenção. No Antigo Testamento, sua vinda foi plenamente pré-anunciada por séculos. Embora esta promessa tenha sido denominada de diversas maneiras, a fé continuou a encorajar os crentes a acreditar nela. O Novo Testamento abre nossos olhos para o anúncio da vinda de Jesus. O capítulo 1 do Evangelho de João é uma maravilhosa reflexão sobre o plano de Deus para o seu povo através de Jesus,  O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus... Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça” (Jo 1, 9-16).
Esta passagem da Escritura nos ajuda a esclarecer melhor o que Pallotti está tentando nos dizer no texto escolhido para este mês?
O que é pecado? É qualquer pensamento, comportamento ou omissão que enfraquece ou causa interrupção do nosso relacionamento amoroso com Deus. A consequência do pecado de Adão é a herança de todos os seres humanos desde o primeiro instante de sua existência. Jesus tornou-se o novo Adão e através de sua paixão, morte e ressurreição, nos deu a salvação do pecado e felicidade eterna que Adão perdeu por nós a causa do seu afastamento de Deus. Em sua carta aos Romanos, (5, 12-21), São Paulo reflete sobre como o pecado entrou no mundo através de Adão, mas também explica como Jesus mudou a situação – Portanto, como pelo pecado de um só, a condenação se estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a justificação que dá a vida”( Rm 5, 18). A nossa esperança de redenção é fundada sobre a fé que nos conduz a Deus pelo batismo. Paulo pergunta: Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte?” (Rm 6, 3). O capítulo 6 continua a refletir sobre a relação entre pecado a morte, a graça e a relação existente entre eles que serve para libertar-nos da tentação de pecar. Em Rm 6, 14 encontramos: O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a lei, e sim sob a graça”.
Pallotti, o místico, refletiu de modo semelhante sobre o pecado, sobre nossa indignidade e sobre nossa incapacidade de agir sem a graça que Jesus quer compartilhar conosco. A graça é dom gratuito de Deus, pela qual nós, seus filhos, podemos nos beneficiar por estarmos abertos a sua ação através de nossos esforços para viver a vida cristã e, de modo particular através da frutuosa aceitação dos sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Reconciliação”.  A oração é parte essencial da vida de cada um de nós e realizando-a deixando esse espaço diário fixo em nossa agenda para o relacionamento com a Trindade por meio de uma vida de oração ativa, seremos beneficiados de várias maneiras. Nos ajudará a reconhecer o pecado dentro de nós que nos leva a fazer escolhas que nos prejudicam, assim como, prejudica nosso relacionamento com Deus e com os outros. Nos ensina que somente o dom gratuito da graça de Deus, recebido através da oração, poderá nos dar a força e a coragem para purificar as nossas vidas e que só a ação da graça dentro de nós pode efetuar uma verdadeira e duradoura conversão e crescimento. O amor e o exemplo de nossas famílias e de nossos irmãos e irmãs na fé pode nos oferecer coragem e sustento quando a tentação ameaça separar-nos de Nosso Senhor que nos ama sempre e deseja que vivamos como videira verdadeiramente abençoada. Se tivermos sempre em nossa mente a necessidade de continuarmos sendo iluminados pela fé”, cresceremos a tal ponto de compreender e experimentar em primeira pessoa a complexidade do pecado, pois somente pelos méritos de Jesus Cristo poderemos nos tornar à imagem de Deus, não importa o quão imperfeitos somos. Deus ama o pecador e nunca deixa de aplaudir os nossos esforços para tornar-nos mais divinos”.

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