JUBILEU PALOTINO: 50O ANIVERSÁRIO DA
CANONIZAÇÃO DE
S. VICENTE
PALLOTTI
A família palotina está
em festa! É bom, justo e salutar comemorar e celebrar um evento que deu tanta
alegria e grande impulso espiritual aos membros da UAC e a cada uma das
Instituições.
Recordar é também
reviver um evento de graça e de grande júbilo.
S.S. João XXIII assim
introduziu a homilia de canonização: "Mirabilis Deus in sanctis suis” (Sl
67, 36) “Exultabunt sancti in gloria; laetabuntur in cubiculum suis”(Sl 149,
5).
Repleta de fiéis,
naquele memorável dia, na Basílica S. Pedro, os presentes escutaram quanto
segue: "Depois de ter invocado a abundância dos dons do Espírito Santo,
... declaramos e definimos que o beato
Vicente Pallotti é Santo e o escrevemos no álbum dos santos, dispondo que a
sua memória, seja em todos os anos devotamente venerada no dia do aniversário
da sua morte, dia 22 de Janeiro.
TESTEMUNHO
Sinto alegria em
partilhar com vocês, embora de forma sintética, aquela experiência inesquecível
da canonização de S. Vicente Pallotti, ocorrido no dia 20 de Janeiro de 1963.
Não
poderei porém introduzir-me neste evento de graça sem fazer uma breve
referência àquilo que o precedeu, ou seja, à Beatificação de S. Vicente ocorrida
no dia 22 de Janeiro de 1950, cem anos da sua morte, enquanto era Papa S. S.
Pio XII. Considero grande graça ter estado presente e gozado deste privilégio.
Retornar
com a mente e com o coração a este evento particularmente significativo para
toda a Igreja e em especial para os seguidores de Pallotti, quer significar um reviver
emoções, sentimentos e recordações que não somente se tornaram parte da vida,
mas a marcaram, a enriqueceram e se tornou um programa para o caminho de vida
cristã. O S. Padre Pio XII havia apenas aberto a Porta Santa dando início ao
ano santo da Redenção, que para nós, foi oferta uma feliz e santa coincidência.
Assim
também considero grande dom ter assistido a exumação do corpo de S. Vicente do
local preparado na parede ao lado esquerdo da Igreja "SS. Salvatore in
onda”. Uma simples inscrição assinalava o humilde sepulcro onde por cem anos
repousou o corpo de Pe. Vicente à espera da hora de Deus. O corpo estava
intacto. Deixo imaginar qual foi a emoção que suscitou nos presentes este fato.
Verdadeiramente
foi digno de memória a participação na solene celebração do rito de
Beatificação do Ven. V. Pallotti na Basílica vaticana, toda esplendente de luz
e de beleza. Tudo suscitou alegria e emoções, mas mais ainda parece-me ver
cheio de alegria o Rev. Pe. Giuseppe Ranocchini, postulador geral, o qual por
longos anos trabalhou e esperou por esta etapa importante para depois proceder
à canonização.
Agora
é necessário passar para os treze anos que separam os dois acontecimentos da
Beatificação e da Canonização do nosso santo: 1950-1963.
Mas
é verdadeiramente agradável retornar com o pensamento, recordar e reviver
aquele dia soleníssimo de 20 de Janeiro e tornar participantes aqueles que não
tiveram a alegria de estarem presentes, mas que afetuosamente são interessados.
Pareceu-me
um dever acenar também aos preparativos dos vários compromissos sabiamente distribuídos.
A nós, Irmãs, foi confiado a delicada e agradável tarefa de preparar as
"relíquias” do santo: dentro de pequenas teças eram colocados fragmentos
de pele tiradas do corpo do santo, ou de minúsculos retalhos de vestes usadas
por ele. Tudo vinha confeccionado com pequenas pérolas e fios dourados bem
dispostos. Em muitas relíquias de tecido vinham aplicadas as pequenas imagens
com o rosto do santo para serem distribuídas para o povo.
Outro
compromisso foi o de preparar os cantos para as solenes celebrações realizadas depois
da canonização nas várias Igrejas e comunidades palotinas e também preparar coros
com hinos apropriados. Uma tarefa mais trabalhosa foi assumida pelas Irmãs da
Comunidade da Pia Casa de caridade de Roma, junto com as alunas. Além de
preparar muitíssimas relíquias sobre as pequenas imagens para dar às pessoas, bordaram
em fio de ouro o "travesseiro" colocado de baixo da cabeça do
Fundador e também a casula que é visível e que reveste o corpo do santo que
repousa sob o altar na Igreja do "SS. Salvatore in Onda".
Finalmente
chega o momento de entrar na Basílica de S. Pedro no Vaticano. Muita gente se
encaminhava para a Basílica. Nós tínhamos bilhetes especiais de ingresso e
lugares reservados na Basílica nas diversas tribunas: S. Longino, S. Andréa, S.
Helena; sentíamos nossa a festa e gozavamos desta consciência. A Basílica estava
verdadeiramente revestida de festa, adornada como uma esposa pronta para as
núpcias, esplendidamente iluminada: uma visão de céu, observada e "saboreada"
com indescritível emoção. As cadeiras preparadas para os Padres do Concílio
dispostas em fila nos dois lados da nave central da Basílica.
Também a feliz coincidência da celebração do
Concílio Ecumênico Vaticano II, permitiu a tantos Padres Conciliares de estarem
presentes à canonização e se mostraram visivelmente contentes. Uma nota festiva
si notava também nos funcionários do vaticano colocadas a serviço da vigilância
do ambiente; suas vestes coloridas e os uniformes elegantes contribuíram para
tornar a atmosfera mais alegre.
Na
cadeira gestatória o S. Padre João XXIII percorreu a nave central da Basílica, de
maneira festiva e sorridente, saudando os fiéis presentes, os quais o aclamavam
com gestos e cantos de alegria. O órgão entanto preenchia o ambiente de música
sacra, suscitando devotos sentimentos nos corações. Assim também as vozes
angélicas dos “meninos cantores” contribuíam para elevar os ânimos, já visivelmente
comovidos como que suspendidos entre o céu e a terra.
O
ritual iniciou e procedeu segundo o estabelecido desde os mínimos detalhes; o
S. Padre pronunciou sua homilia rica de conteúdo estimulante, especialmente
para nós, seguidores de Pallotti. Momento particular cheio de emoção foi quando
vimos descobrir o quadro com a pintura retratando o santo na "glória de
Bernini". O quadro retratava São Vicente elevado sobre as nuvens espessas
e ladeado por dois anjos. Os braços do santo "docemente” abertos.
Segundo
minha interpretação pessoal, o braço esquerdo direcionado para baixo, apoiava a
mão no anjo que o acompanhou na sua peregrinação terrena, (recordemos que
Vicente tinha uma grande devoção aos anjos), a mão direta elevada para o alto,
para indicar o anjo que o devia introduzir e apresentá-lo ao Pai. Vicente, de
rosto humilde e sorridente parece querer esconder-se diante de tanta glória.
No
final dos ritos sagrados, uma inesperada explosão de contentamento desencadeou
toda a alegria contida durante a celebração. Verdadeiramente expressão de
jubilo e exultação foram expressos onde "tudo canta e grita de alegria".
Seguem as saudações e as congratulações. A multidão se dispõe para sair da Basílica
e também nós com o coração cheio de emoções voltamos às nossas comunidades.
A
casa que acolhe todas as Irmãs vindas de várias partes do mundo e também das
comunidades italianas, foi a Casa Mãe, a casa geral na "Via di Porta
Maggiore". Aqui, como se pode imaginar, tudo era preparado para a festa e
alí continuaram os festejos. No refeitório, na Capela ecoavam os cantos
preparados para a ocasião. Tudo foi apreciado e partilhado fraternalmente, com
simplicidade e santa alegria, como queria S. Vicente.
Mas
a festa não podia ser concluída com o dia da canonização. Segundo os programas
estabelecidos, a urna com o santo foi levada em procissão pelas ruas de Roma e na
Igreja de "S. Andrea della Valle", acompanhada por um "mar” de
fiéis; sim, propriamente naquela Roma e naquelas ruas que o tinham visto
mover-se apressado e modesto, enquanto prestava ajuda nos lugares onde se
encontravam as pessoas mais necessitadas, também a nível espiritual e apostólico.
A Igreja de "S. Andrea” o tinha acolhido por anos consecutivos, quando S. Vicente
celebrava o solene Oitavário da Epifania por ele fundado. Que triunfo para
aquele humilde servo que, nas solenes celebrações ficava quase escondido em um
canto da Igreja!
As
celebrações continuaram ao longo de todo ano. Outro evento que permaneceu na
memória e no coração foi quando a urna do santo foi levada à Frascati, pequena cidade
dos Castelos romanos, rica de beleza. Aqui, Vicente desde pequeno, passava seu
tempo de férias no verão na casa dos tios, e na "Igreja de Jesus” Vicente
celebrou sua primeira Missa. A Diocese nos seus representantes e cidadãos acolheram
com entusiasmo o santo, quase conterrâneo; também os monges Camaldulenses se
alegraram em tê-lo hospedado no precioso período de sua doença. Em Camáldoli, segundo
ele mesmo escreve, o nosso Fundador foi visitado por tantos favores a ponto de
sentir-se "imerso em um dilúvio de infinitas misericórdias".
Os
Bispos da região Lazio, o clero, religiosos, consagradas e o povo responderam o
convite: muitas pessoas nas ruas da cidade acompanhoram a urna até a Catedral
de S. Pedro, onde teve lugar a solene celebração presidida pela S. Santidade
Paulo VI.
Concluindo
a breve descrição da experiência vivida do grande evento da canonização de São
Vicente, tenho a alegria de trazer parte de uma oração feita por ele mesmo e
que me parece reproduzir ao vivo os seus sentimentos para com Deus e consigo
mesmo:
Meu
Deus, misericórdia minha, meu paraíso; o desejo de trabalhar para a tua glória
e para a salvação das almas, sem o paraíso ... seja em mim uma chama
infinitamente ardente da tua glória. Meu Deus, trabalha em mim à maneira tua;
dilata os meus desejos, dá-me a graça de trabalhar como queres Tu. Meu Deus,
tira tudo o que eu sou e faze tudo Tu em mim, enquanto eu goze, Senhor, que Tu
sejas infinitamente glorificado e eu infinitamente desprezado. Este seja o meu
céu, pelos méritos de Jesus Cristo, de Maria SS. e de todas as criaturas ...
(OOCC X, 727-728).
Que
surpresa terá tido S. Vicente, quando viu-se acolhido por Ti ó Deus como um
santo teu no paraíso? Tu, meu Senhor, não fizeste cantar a Maria que és o Deus
que humilha os soberbos e dá graça aos humildes? Dá-nos, Senhor as virtudes da
verdadeira humildade da qual o Unigênito teu Filho se fez modelo aos fiéis e
que o nosso Fundador bem compreendeu e profundamente viveu, fazendo assim que
na sua vida fosses Tu, Deus, a viver e trabalhar nele. Amém.
Perguntas para reflexão
1) O que entendes por
herança de S. Vicente? Se o seu carisma é sempre atual, o que podes fazer para
torná-lo vivo, hoje, na tua situação vocacional?
2) No tempo de S. Vicente
os desafios à fé eram muitos. Quais são, hoje, os desafios que mais te provocam
como palotino/a?
3) Que relação existe
entre nova Evangelização e o projeto de S. Vicente Pallotti?
Sr. Lilia
Capretti CSAC
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