terça-feira, 2 de outubro de 2012

Apóstolos hoje – outubro de 2012


JUBILEU PALOTINO: 50O ANIVERSÁRIO DA CANONIZAÇÃO DE
 S. VICENTE PALLOTTI

A família palotina está em festa! É bom, justo e salutar comemorar e celebrar um evento que deu tanta alegria e grande impulso espiritual aos membros da UAC e a cada uma das Instituições.

Recordar é também reviver um evento de graça e de grande júbilo. 

S.S. João XXIII assim introduziu a homilia de canonização: "Mirabilis Deus in sanctis suis” (Sl 67, 36) “Exultabunt sancti in gloria; laetabuntur in cubiculum suis”(Sl 149, 5).

Repleta de fiéis, naquele memorável dia, na Basílica S. Pedro, os presentes escutaram quanto segue: "Depois de ter invocado a abundância dos dons do Espírito Santo, ... declaramos e definimos que o beato Vicente Pallotti é Santo e o escrevemos no álbum dos santos, dispondo que a sua memória, seja em todos os anos devotamente venerada no dia do aniversário da sua morte, dia 22 de Janeiro.

TESTEMUNHO

Sinto alegria em partilhar com vocês, embora de forma sintética, aquela experiência inesquecível da canonização de S. Vicente Pallotti, ocorrido no dia 20 de Janeiro de 1963.
Não poderei porém introduzir-me neste evento de graça sem fazer uma breve referência àquilo que o precedeu, ou seja, à Beatificação de S. Vicente ocorrida no dia 22 de Janeiro de 1950, cem anos da sua morte, enquanto era Papa S. S. Pio XII. Considero grande graça ter estado presente e gozado deste privilégio.
Retornar com a mente e com o coração a este evento particularmente significativo para toda a Igreja e em especial para os seguidores de Pallotti, quer significar um reviver emoções, sentimentos e recordações que não somente se tornaram parte da vida, mas a marcaram, a enriqueceram e se tornou um programa para o caminho de vida cristã. O S. Padre Pio XII havia apenas aberto a Porta Santa dando início ao ano santo da Redenção, que para nós, foi oferta uma feliz e santa coincidência.
Assim também considero grande dom ter assistido a exumação do corpo de S. Vicente do local preparado na parede ao lado esquerdo da Igreja "SS. Salvatore in onda”. Uma simples inscrição assinalava o humilde sepulcro onde por cem anos repousou o corpo de Pe. Vicente à espera da hora de Deus. O corpo estava intacto. Deixo imaginar qual foi a emoção que suscitou nos presentes este fato.
Verdadeiramente foi digno de memória a participação na solene celebração do rito de Beatificação do Ven. V. Pallotti na Basílica vaticana, toda esplendente de luz e de beleza. Tudo suscitou alegria e emoções, mas mais ainda parece-me ver cheio de alegria o Rev. Pe. Giuseppe Ranocchini, postulador geral, o qual por longos anos trabalhou e esperou por esta etapa importante para depois proceder à canonização.
Agora é necessário passar para os treze anos que separam os dois acontecimentos da Beatificação e da Canonização do nosso santo: 1950-1963.
Mas é verdadeiramente agradável retornar com o pensamento, recordar e reviver aquele dia soleníssimo de 20 de Janeiro e tornar participantes aqueles que não tiveram a alegria de estarem presentes, mas que afetuosamente são interessados.
Pareceu-me um dever acenar também aos preparativos dos vários compromissos sabiamente distribuídos. A nós, Irmãs, foi confiado a delicada e agradável tarefa de preparar as "relíquias” do santo: dentro de pequenas teças eram colocados fragmentos de pele tiradas do corpo do santo, ou de minúsculos retalhos de vestes usadas por ele. Tudo vinha confeccionado com pequenas pérolas e fios dourados bem dispostos. Em muitas relíquias de tecido vinham aplicadas as pequenas imagens com o rosto do santo para serem distribuídas para o povo.
Outro compromisso foi o de preparar os cantos para as solenes celebrações realizadas depois da canonização nas várias Igrejas e comunidades palotinas e também preparar coros com hinos apropriados. Uma tarefa mais trabalhosa foi assumida pelas Irmãs da Comunidade da Pia Casa de caridade de Roma, junto com as alunas. Além de preparar muitíssimas relíquias sobre as pequenas imagens para dar às pessoas, bordaram em fio de ouro o "travesseiro" colocado de baixo da cabeça do Fundador e também a casula que é visível e que reveste o corpo do santo que repousa sob o altar na Igreja do "SS. Salvatore in Onda".
Finalmente chega o momento de entrar na Basílica de S. Pedro no Vaticano. Muita gente se encaminhava para a Basílica. Nós tínhamos bilhetes especiais de ingresso e lugares reservados na Basílica nas diversas tribunas: S. Longino, S. Andréa, S. Helena; sentíamos nossa a festa e gozavamos desta consciência. A Basílica estava verdadeiramente revestida de festa, adornada como uma esposa pronta para as núpcias, esplendidamente iluminada: uma visão de céu, observada e "saboreada" com indescritível emoção. As cadeiras preparadas para os Padres do Concílio dispostas em fila nos dois lados da nave central da Basílica.
 Também a feliz coincidência da celebração do Concílio Ecumênico Vaticano II, permitiu a tantos Padres Conciliares de estarem presentes à canonização e se mostraram visivelmente contentes. Uma nota festiva si notava também nos funcionários do vaticano colocadas a serviço da vigilância do ambiente; suas vestes coloridas e os uniformes elegantes contribuíram para tornar a atmosfera mais alegre.
Na cadeira gestatória o S. Padre João XXIII percorreu a nave central da Basílica, de maneira festiva e sorridente, saudando os fiéis presentes, os quais o aclamavam com gestos e cantos de alegria. O órgão entanto preenchia o ambiente de música sacra, suscitando devotos sentimentos nos corações. Assim também as vozes angélicas dos “meninos cantores” contribuíam para elevar os ânimos, já visivelmente comovidos como que suspendidos entre o céu e a terra.
O ritual iniciou e procedeu segundo o estabelecido desde os mínimos detalhes; o S. Padre pronunciou sua homilia rica de conteúdo estimulante, especialmente para nós, seguidores de Pallotti. Momento particular cheio de emoção foi quando vimos descobrir o quadro com a pintura retratando o santo na "glória de Bernini". O quadro retratava São Vicente elevado sobre as nuvens espessas e ladeado por dois anjos. Os braços do santo "docemente” abertos.
Segundo minha interpretação pessoal, o braço esquerdo direcionado para baixo, apoiava a mão no anjo que o acompanhou na sua peregrinação terrena, (recordemos que Vicente tinha uma grande devoção aos anjos), a mão direta elevada para o alto, para indicar o anjo que o devia introduzir e apresentá-lo ao Pai. Vicente, de rosto humilde e sorridente parece querer esconder-se diante de tanta glória.
No final dos ritos sagrados, uma inesperada explosão de contentamento desencadeou toda a alegria contida durante a celebração. Verdadeiramente expressão de jubilo e exultação foram expressos onde "tudo canta e grita de alegria". Seguem as saudações e as congratulações. A multidão se dispõe para sair da Basílica e também nós com o coração cheio de emoções voltamos às nossas comunidades.
A casa que acolhe todas as Irmãs vindas de várias partes do mundo e também das comunidades italianas, foi a Casa Mãe, a casa geral na "Via di Porta Maggiore". Aqui, como se pode imaginar, tudo era preparado para a festa e alí continuaram os festejos. No refeitório, na Capela ecoavam os cantos preparados para a ocasião. Tudo foi apreciado e partilhado fraternalmente, com simplicidade e santa alegria, como queria S. Vicente.
Mas a festa não podia ser concluída com o dia da canonização. Segundo os programas estabelecidos, a urna com o santo foi levada em procissão pelas ruas de Roma e na Igreja de "S. Andrea della Valle", acompanhada por um "mar” de fiéis; sim, propriamente naquela Roma e naquelas ruas que o tinham visto mover-se apressado e modesto, enquanto prestava ajuda nos lugares onde se encontravam as pessoas mais necessitadas, também a nível espiritual e apostólico. A Igreja de "S. Andrea” o tinha acolhido por anos consecutivos, quando S. Vicente celebrava o solene Oitavário da Epifania por ele fundado. Que triunfo para aquele humilde servo que, nas solenes celebrações ficava quase escondido em um canto da Igreja!

As celebrações continuaram ao longo de todo ano. Outro evento que permaneceu na memória e no coração foi quando a urna do santo foi levada à Frascati, pequena cidade dos Castelos romanos, rica de beleza. Aqui, Vicente desde pequeno, passava seu tempo de férias no verão na casa dos tios, e na "Igreja de Jesus” Vicente celebrou sua primeira Missa. A Diocese nos seus representantes e cidadãos acolheram com entusiasmo o santo, quase conterrâneo; também os monges Camaldulenses se alegraram em tê-lo hospedado no precioso período de sua doença. Em Camáldoli, segundo ele mesmo escreve, o nosso Fundador foi visitado por tantos favores a ponto de sentir-se "imerso em um dilúvio de infinitas misericórdias".
Os Bispos da região Lazio, o clero, religiosos, consagradas e o povo responderam o convite: muitas pessoas nas ruas da cidade acompanhoram a urna até a Catedral de S. Pedro, onde teve lugar a solene celebração presidida pela S. Santidade Paulo VI.
Concluindo a breve descrição da experiência vivida do grande evento da canonização de São Vicente, tenho a alegria de trazer parte de uma oração feita por ele mesmo e que me parece reproduzir ao vivo os seus sentimentos para com Deus e consigo mesmo:
Meu Deus, misericórdia minha, meu paraíso; o desejo de trabalhar para a tua glória e para a salvação das almas, sem o paraíso ... seja em mim uma chama infinitamente ardente da tua glória. Meu Deus, trabalha em mim à maneira tua; dilata os meus desejos, dá-me a graça de trabalhar como queres Tu. Meu Deus, tira tudo o que eu sou e faze tudo Tu em mim, enquanto eu goze, Senhor, que Tu sejas infinitamente glorificado e eu infinitamente desprezado. Este seja o meu céu, pelos méritos de Jesus Cristo, de Maria SS. e de todas as criaturas ... (OOCC X, 727-728).
Que surpresa terá tido S. Vicente, quando viu-se acolhido por Ti ó Deus como um santo teu no paraíso? Tu, meu Senhor, não fizeste cantar a Maria que és o Deus que humilha os soberbos e dá graça aos humildes? Dá-nos, Senhor as virtudes da verdadeira humildade da qual o Unigênito teu Filho se fez modelo aos fiéis e que o nosso Fundador bem compreendeu e profundamente viveu, fazendo assim que na sua vida fosses Tu, Deus, a viver e trabalhar nele. Amém.

Perguntas para reflexão
1) O que entendes por herança de S. Vicente? Se o seu carisma é sempre atual, o que podes fazer para torná-lo vivo, hoje, na tua situação vocacional?
2) No tempo de S. Vicente os desafios à fé eram muitos. Quais são, hoje, os desafios que mais te provocam como palotino/a? 
3) Que relação existe entre nova Evangelização e o projeto de S. Vicente Pallotti?

Sr. Lilia Capretti CSAC

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