Em 19 de Junho passado, dia do Sagrado Coração de Jesus e dia mundial de oração pela santificação dos presbíteros, tivemos também a abertura do ano sacerdotal. Porém a vocação sacerdotal tem como base a vocação comum de todos os fiéis. São Paulo compõe, na segunda leitura de hoje um louvor a Deus a respeito desta dignidade Cristã recebida em nosso Baptismo: “Bendito seja o Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que no alto do Céu nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, no amor. Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da sua vontade, para que seja prestado louvor à glória da sua graça, que gratuitamente derramou sobre nós, no seu Filho bem amado.”(Ef 1,3-6)O Apóstolo Paulo está ao serviço desta vocação cristã comum a todos os fiéis. Assim é a vocação sacerdotal: dentro do chamamento universal à santidade que Nosso Senhor faz a cada baptizado, alguns são chamados a estarem ao serviço desta vocação de seus irmãos. Este ano sacerdotal coincide com os 150 anos do nascimento para o céu de São João Maria Vianey, o Cura D’Ars, padroeiro de todos os párocos da Igreja. Na mensagem de proclamação, o Papa citou várias vezes São João Maria Vianey. Entre as citações, aparece muito claro este serviço que a vocação sacerdotal presta à vocação comum de todos os fiéis: “Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós.” E ainda: “«Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu».
Na primeira leitura de hoje, vemos o profeta Amos afirmar que não era profeta de profissão, mas que tinha sido o Senhor quem o tinha chamado para a missão profética. Por esse motivo ele não se intimidava mesmo que tivesse que profetizar contra as estruturas de poder da sociedade de sua época.
Assim também a Igreja não tem partido político. Devemos rezar para que cada vez mais nós sacerdotes sejamos fiéis à missão que o Senhor nos confiou, não ambicionando nem ouro nem prata, e confiados à Divina Providência, como ordena Jesus no Evangelho, e denunciando essa sociedade onde impera o que o papa Bento XVI chama de a ditadura do relativismo: “Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, frequentemente é etiquetado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é o deixar-se levar "aqui e acolá por qualquer vento de doutrina", aparece como a única atitude que não reconhece nada como definitivo e que deixa como última medida somente o próprio eu e as suas vontades.
Nós, em vez, temos uma outra medida: o Filho de Deus, ou verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. "Adulta" não é uma fé que segue as ondas da moda e última novidade; adulta e matura é uma fé profundamente radicada na amizade com Cristo. É esta amizade que nos abre a tudo aquilo que é bom e nos dá o critério para discernir entre verdadeiro e falso, entre engano e verdade.”
Para as células de Evangelização:
1- O que o Papa Bento XVI quis dizer com a expressão “ditadura do relativismo”? O que nós, padres e leigos podemos fazer para não compactuarmos com este relativismo?
Pe. Marcelo
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