sexta-feira, 3 de julho de 2009

A FAMÍLIA DE JESUS

Antes de entrar no tema central, propriamente dito do Evangelho de hoje, que é a pouca fé dos familiares de Jesus, convém esclarecer um ponto de “apologética” que quer dizer: defesa da fé. Hoje no Evangelho fala-se dos irmãos de Jesus. Como pode ser se Nossa Senhora permaneceu sempre virgem? Vejamos: Os irmãos de Jesus elencados em M6,3 e Mt 13,55 são quatro: Tiago, José, Simão e Judas. A leitura fundamentalista é quando nós pegamos uma passagem isolada do contexto e a queremos fundamentar com ele uma nossa opinião. Comparemos então com outras passagens: Na Carta aos Gálatas, São Paulo refere-se a um Apóstolo chamado Tiago, que era conhecido como “irmão do Senhor” (Gl 1,19). São Paulo esteve com ele em Jerusalém juntamente com o Apóstolo Pedro. Vemos com isso que um Apóstolo chamado Tiago era também considerado “irmão do Senhor”. Ora, na lista dos Apóstolos chamados por Jesus, em Mc 3,13-19, curiosamente os únicos que são distinguidos pelo nome dos pais são os dois Tiagos. Um deles era filho de Alfeu e outro filho de Zebedeu. Um deles, portanto, é o Apóstolo nomeado por São Paulo na Carta aos Gálatas como “irmão do Senhor”. Ora, pelo Novo Testamento sabemos claramente que o nome do esposo da Virgem Maria era José. Assim vemos que o Apóstolo que era chamado como “irmão do Senhor”, não é filho de São José. Como consta, quando Jesus tinha doze anos, São José era ainda vivo. Daí ve-se bem que a expressão irmãos era usada para parentes próximos. Diga-se de passagem que não é a primeira vez, na Bíblia, que parentes próximos são chamados de irmãos. Ver no caso de Abraão: Lot era seu sobrinho (ver Gen 11,27 ss.); no entanto é chamado de seu irmão em Gn 13,8 e Gen 14,14-16. O hebraico não tem tantos termos para parentesco. Eles precisam usar “bem-dot” para expressar filho de um tio por parte de pai, mas para outros graus de parentesco eles precisam construir uma frase complexa como “filho do irmão de sua mãe” ou “ filho da irmã de sua mãe”(para consultar expressões complexas em aramaico, v. Sokoloff, pp. 111 e 139). Portanto, usam simplesmente o termo “ah” que corresponde a “irmão”. (Cf. A Igreja do Deus Vivo, Ed. Vozes).

Além disso Jesus disse que quem fizesse a vontade de seu Pai que está nos Céus é seu irmão, sua irmã e sua mãe. Somos a Igreja do Deus Vivo, somos os que permanecem na doutrina, somos os irmãos de Jesus, somos Igreja Católica. Mas não devemos cair no triunfalismo e esquecer que Jesus censurou a falta de fé que encontrou justamente entre os seus parentes. O Evangelho diz que não pode fazer ali nenhum milagre, apenas algumas curas impondo as mãos.

Algumas pessoas deficientes, que perderam alguns dos seus sentidos, acabam por ser extraordinariamente boas no uso de outros. Por exemplo, quem ficou cego, costuma desenvolver de modo extraordinário o tacto e a audição… Jesus com certeza encontra em muitos dos nossos irmãos protestantes, que perderam o Sacramento da Eucaristia, um ardente amor à Palavra de Deus. Mesmo que às vezes lida de um modo fundamentalista, eles a amam, levam-na a sério, estudam-na. Por isso, por exemplo, esperam muito do Senhor, inclusive milagres, são muito generosos em ofertas (dízimos), que é algo profundamente bíblico: Dt 14,22; Tb 1,7;…. E Jesus: Mt 23,23 “Devíeis praticar estas coisas, sem deixar aquelas.” (Ver: http://www.youtube.com/watch?v=VVtHstExP0k)

Quando é que os católicos terão um ardente amor à Sagrada Escritura como os nossos irmãos separados? Quando é que os nossos irmãos separados crerão no capítulo 6 do Evangelho de São João que fala sobre a Eucaristia? Quando é que os católicos lendo e levando a sério a Palavra de Deus, sendo fiéis nas ofertas e dízimos, esperarão do Senhor milagres da Divina Providência? (Cf. Malaquias 3,6-12) Quando é que os nossos irmãos separados reconhecerão a “mulher” do Génesis ao Apocalipse e farão parte da profecia de Nossa Senhora no” Magnificat” : “Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada”? Enfim, quando é que chegaremos àquilo que disse Nosso Senhor: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor.” (Jo 10,16) Impossível? Mas o nosso Deus é o Deus do impossível. A reunificação do Corpo de Cristo, a Igreja, dilacerado pelas nossas divisões é um milagre que já começa a acontecer. Temos uma opção diante das nossas fraquezas: Fazer como São Paulo, se gloriar nas limitações e esperar no poder de Deus, ou ser cabeça dura como Israel na primeira leitura. Escolhamos a primeira opção.

Para as células de Evangelização:
1- Que de bom já viste em algum irmão, cristão, mas separado da Igreja Católica? Que erros doutrinais já notaste nesses irmãos? Já participaste de algum encontro ecuménico? Foi positivo?

Pe. Marcelo

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