No Evangelho, antes de falar das ofertas, Nosso Senhor quis alertar aqueles que as administram para a necessidade de terem nisto, uma intenção recta: “«Tomai cuidado com os doutores da Lei, que gostam de exibir longas vestes, de ser cumprimentados nas praças, de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes; eles devoram as casas das viúvas a pretexto de longas orações. Esses receberão uma sentença mais severa.»” (Mc 12,38-40) A Igreja que é mãe, querendo auxiliar os sacerdotes no bom uso do que é colocado em comum pelos fiéis, traz no compêndio de suas leis, que é o Direito Canónico, a obrigatoriedade da criação, em cada paróquia, dos chamados conselhos económicos. O sacerdote preside a esse conselho, que é formado por fiéis leigos de confiança, comprometidos com a vida da comunidade paroquial. Estes fiéis tem a missão de auxiliar o pároco na aplicação dos recursos da paróquia: obras, novos projectos, material para a catequese, energia, paramentos, remuneração de funcionários, do próprio sacerdote, envio de colectas especiais como no caso do mês missionário, etc…
O fundador da nossa Congregação já intuía isto no século XIX. Inclusive esta foi a acusa que deu origem a sua fundação, a União do Apostolado Católico: a administração de dinheiros doados com fim missionário. São Vicente Pallotti, em Roma, foi tomando consciência das necessidades da Igreja, pois era director espiritual de colégios para as missões. Percebeu a necessidade de imprimir o livro “Máximas Eternas” de santo Afonso Maria de Ligório em língua árabe. Para esse fim, pediu a um leigo, Giacomo Salvaci, que fizesse uma colecta entre os comerciantes de Roma. No início ele hesitou, mas depois, como o santo tinha pedido, ele pôs-se a caminho, mas descrente do êxito de seu empreendimento. No fim do seu trabalho, constatou-se a recolha de um a soma muito superior ao necessário. Para não expor essa obra ao falatório das pessoas, Pallotti fundou uma pequena instituição com o fim de gerir esses recursos em prol das missões, com a participação também de fiéis leigos. Vemos assim que a própria União do Apostolado Católico surgiu a partir de uma espécie de “conselho económico”. Depois, para ser o motor estável de tudo isto, foi aconselhado a fundar também a Congregação dos padres e irmãos do Apostolado Católico.
Voltando ao Evangelho vemos o olhar de Jesus que sabe ver além das aparências. O que aos outros parece ser uma mesquinharia, Jesus vê um rasgo de fé e generosidade. Pode ser que esta viúva que doou estas pequenas moedas tinha no coração a primeira leitura de hoje, onde a viúva de Sarepta, ao ajudar o profeta com o pouco que tinha, atraiu sobre si e a sua família a bênção de Deus. O que aconteceu com ela depois deste facto nós não sabemos. O Evangelho não conta. Sabemos apenas que ela atraiu o olhar compassivo e amoroso de Jesus. Certamente onde pousa este olhar compassivo e amoroso, também a Divina Providência não faltará, pois é a mesma Palavra Eterna que no Antigo Testamento afirmou pela boca do profeta Malaquias: “Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponde-me à prova - diz o Senhor do universo - e vereis se não vos abro os reservatórios do céu e não espalho em vosso favor a bênção em abundância. Em vosso favor afugentarei o gafanhoto para que ele não destrua os frutos da terra, e a vinha não seja estéril nos campos - diz o Senhor do universo.” (Malaquias 3,10-11)
Para as Células de Evangelização:
1- Partilha alguma experiência tua ou de outra pessoa em que se fez verdade o princípio Evangélico, acolhido na chamada “Oração de São Francisco”: “É dando que se recebe”.
Pe. Marcelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário