sábado, 28 de novembro de 2009

UM TEMPO NOVO

Iniciamos mais um ano litúrgico. O Advento, sendo um tempo que faz memória da primeira vinda de Cristo, acaba por ser também um tempo de preparação para a sua segunda vinda na glória. Escutamos na Primeira leitura: “«Eis que virão dias em que cumprirei a promessa favorável que fiz à casa de Israel e à casa de Judá - oráculo do Senhor. Nesses dias e nesse tempo, suscitarei de David um rebento de justiça, que praticará o direito e a equidade no país. Nesses dias, Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança.” (Jer 33, 14-16) Quando escutamos estas profecias do Antigo Testamento que já se cumpriram na primeira vinda de Cristo, nós cristãos, que pertencemos ao Novo Testamento, reforçamos a nossa fé naquilo que Jesus disse e ainda não aconteceu: “Então, hão-de ver o Filho do Homem vir numa nuvem com grande poder e glória.” (Lucas 21,27)

Cada Advento é um tempo em que se reaviva a esperança da vinda do Senhor. Como esperar esta vinda? A segunda leitura de hoje nos indica o caminho: “O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós para convosco; que Ele confirme os vossos corações irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.” (1 Tess 3,12-13) Não é uma recomendação inútil, pois o próprio Senhor disse: “Nessa altura, muitos sucumbirão e hão-de trair-se e odiar-se uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, que hão-de enganar a muitos. E, porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos; mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo.” (Mt 24,10-12)

Sei de uma pessoa que estava um dia a rezar o rosário e a caminhar num campo. Deparou-se, em determinado momento com uma caixa de abelhas. Como é natural resguardou-se, para não acontecer que o enxame de abelhas o atacasse. Porém, olhando com mais atenção, notou que da caixa não saía nenhuma abelha. Foi tomando coragem e aproximou-se. De facto não saía nenhuma abelha. Tomando ainda mais coragem foi olhar dentro da caixa. Quando abriu a tampa, qual não foi a sua surpresa ao encontrar lá dentro, não o desejado mel, mas apenas formigões. Mais tarde procurou saber de seus parentes que eram apicultores, o porquê daquele facto. A resposta foi esta: Quando os formigões conseguem entrar em uma caixa de abelhas, as abelhas saem e eles consomem todo o mel que lá se encontra. É por esta razão que algumas caixas de abelhas tinham ao pé uma metade de pneu cortada com óleo de carro usado, para evitar o acesso dos formigões.

No Evangelho Nosso Senhor nos adverte de alguns “formigões” que podem minar o mel da Caridade Divina no coração dos cristãos para que nos precavêssemos: “«Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida, e que esse dia não caia sobre vós subitamente, como um laço; pois atingirá todos os que habitam a terra inteira.” (Lucas 21,34-36)

Assim cada Natal, no qual contemplamos o Amor infinito de Deus que se rebaixou a si mesmo para se fazer pequenino, na manjedoura de Belém, é um convite para deixarmos que o Divino Espírito Santo reavive a caridade em nossos corações. Uma santa da Igreja que contemplou tanto a infância do Divino Salvador a ponto de levá-la até no nome foi Santa Teresinha do Menino Jesus. Também por esse mesmo motivo ela foi mestra na caridade, e de modo particular na caridade pastoral, pois sendo simplesmente uma religiosa no convento assim escreveu: “Não obstante a minha pequenez, queria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo…. Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos, mas queria tê-lo sido desde o princípio do mundo e continuar até a consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, queria derramar o sangue por Vós até à última gota….” Peçamos a sua intercessão neste advento, ela que tanto soube contemplar a infância do Divino Salvador. Peçamos por sua intercessão que seja sempre reavivada a caridade apostólica em todos os fiéis, de modo especial nos sacerdotes neste ano sacerdotal.
Pe. Marcelo

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