Como é consolador para nós cristãos, quando participamos de uma assembleia viva, onde os carismas diversos se manifestam, onde se manifesta Cristo através dos diversos modos de estar presente no meio de seu povo. A liturgia de hoje nos aponta para esta realidade.
Na primeira leitura do livro de Neemias, vemos a presença do Senhor em Sua Palavra proclamada e ouvida dignamente em uma assembleia. Do texto, podemos colher alguns detalhes que nos ajudam a participar melhor de nossas assembleias litúrgicas e não litúrgicas, onde é proclamada a Palavra de Deus. Em primeiro lugar nota-se a disponibilidade do Povo para escutar a Palavra de Deus: “Esdras leu o livro, desde a manhã até à tarde, na praça que fica diante da porta das Águas…” (Ne 8,3). O povo tinha reservado aquele tempo para escutar a Palavra de Deus, para descobrir a vontade do Senhor a seu respeito. Em segundo lugar a disposição interior: “…e todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei.” (Ne 8,3). Para quem quer escutar a voz de Deus realmente, é necessário banir todas as distracções, fazendo também o possível para não distrair os demais. Terceira atitude a observar é a posição do corpo: “Então, Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: «Ámen! Ámen!» Depois, inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com a face por terra.” (Ne 8,6) A posição do nosso corpo é muito importante , pois expressam a nossa atitude interior. Temos cada Domingo, pelo menos quatro leituras da Palavra de Deus. Durante o Salmo e as duas primeiras leituras permanecemos sentados, pois é a posição que tomamos quando recebemos alguém querido em nossas casas e queremos dialogar com ele. Assim quando ouvimos sentados a Palavra de Deus, dialogamos com o Senhor, pedindo perdão pelas coisas que em nossas vidas ainda não condizem com a Palavra de Deus e agradecendo ao Senhor pelos progressos que realizamos. Quando ouvimos o Evangelho, ficamos de pé, assim como ficamos de pé para receber a visita de alguém muito importante. Simboliza também a prontidão em ouvir e atender, pois é o próprio Filho de Deus, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós que vem nos visitar. Quando do momento da consagração, nos ajoelhamos, assim como na Sagrada Escritura, os homens se ajoelharam diante de uma manifestação extraordinária do poder de Deus: Pedro diante da Pesca milagrosa ajoelhou-se: “
Ao ver isto, Simão caiu aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.» (Lucas 5,8);
Ou ainda: “Um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» (Mc 1,40) (Cf. Ver. Celebração Litúrgica, Braga)
Na leitura do Evangelho vemos uma outra forma da presença de Jesus: está presente na pessoa do presidente da celebração. Jesus tinha o costume de estar na sinagoga e serviu como quem presidia à leitura da Palavra de Deus: “Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.
Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías”(Lc 4,16-17)
Na Carta de São Paulo que vem na segunda leitura vemos o relato da linda presença de Cristo no meio de seu povo que reza e canta. Como é belo participar de uma assembleia toda ela carismática e ministerial, onde não só aparece a função de presidente , mas muitos ministérios e carismas. É o próprio Senhor que prometeu estar presente no meio daqueles que se reúnem em seu Nome: “
Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.” (Mt 18, 20)
Por fim, a presença supereminente de Cristo que é a Eucaristia. Diante da grandeza deste mistério, Santo Agostinho exclama: "Ó sacramento da piedade! Ó sacramento da unidade! Ó vínculo da caridade!"
Como os primeiros cristãos, diante de tudo isso, temos de exclamar: “Não podemos viver sem o Domingo” Sobre isso dizia o Papa Bento XVI: “Também nós, cristãos do segundo milénio, não podemos viver sem o Domingo: um dia que dá sentido ao trabalho e ao repouso, actualiza o sentido da criação e a redenção, expressa o valor da liberdade e do serviço ao próximo... tudo isto é o Domingo: é mais que um preceito!” “Se a população da antiga civilização cristã abandonou este significado e deixou que o Domingo se reduzisse a um ‘fim de semana’ ou a uma ocasião para os interesses mundanos e comerciais — advertiu o Papa — quer dizer que decidiram renunciar à própria cultura”. (Cf.http://www.eclesiales.org/portugues/noticia.php?id=001231)
Diante disso, quais são os nosso propósitos? Como podemos viver melhor o Domingo?
Pe. Marcelo
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