Porque o amor é por sua natureza difusivo e comunicável, a liturgia nos aponta aquele carisma que é mais útil à comunidade cristã, que é o dom de Profecia e a motivação espiritual que deve estar por de trás de todo o serviço na vida cristã, inclusive do dom da profecia, que é a Caridade: “Procurai o amor e aspirai aos dons do Espírito, mas sobretudo ao da profecia.” (1 cor 14,1) Aliais, como diz São Paulo, a caridade é a única que permanecerá para a eternidade, pois tanto os carismas mais simples e que servem para a edificação da própria alma como o orar em línguas (Cf 1 Cor,14,4), como os que são mais úteis à vida da comunidade como o dom de profecia, são para esta nossa vida presente. A motivação profunda de todos os carismas e serviços, e a única que permanece para a eternidade é a caridade.
No Evangelho de hoje, a grande caridade do Coração Misericordioso de Jesus, expressou-se em profecia diante dos judeus. O Jesus Nosso Senhor não poderia limitar-se a salvar um povo somente, mas teria de chegar a todos os povos da terra. Por esta razão, Jesus, dando o exemplo de pagãos agraciados por Deus no Antigo Testamento, profetizou, de certa forma, aos judeus a quem falava, que a igreja que Ele fundaria não se limitará ao povo judeu, mas chegará até aos confins da terra. Aqueles judeus não se contentavam em não ser caridosos e por isso ser avaros no que tange ao dinheiro – “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Os fariseus, como eram avarentos, ouviam as suas palavras e troçavam dele.” ( Lc 16,13) – queriam ser avaros também no que tange a salvação: queriam uma religião que só contemplasse a nação judaica. Porém a caridade do coração de Deus é muito maior do que um povo e uma raça. Já na profecia de Jeremias que lemos na primeira leitura, Nosso Senhor manifestava o seu grande Coração, designando o profeta como profeta das nações, e não só de um povo: “«Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» (Jer 1,5)
Tendo em vista longanimidade do coração de Jesus, peçamos-lhe que nos conceda também um coração bem grande e generoso, para que o Amor de Deus nos impulsione a fazer um dom sincero de nós mesmos, para que a paz que vem da divina Misericórdia chegue até aos confins da terra. Louvemos o Senhor pele Santa Igreja e por todos os que foram e são sinal deste coração tão grande de Cristo para com todos os povos, como por exemplo a nossa Zilda Arns, chamada por Deus a ser um sinal profético do seu Amor consumando sua vida num dos países mais pobres do mundo numa missão de inspiração cristã. Este é um exemplo não canonizado no meio de muitos outros canonizados ou não. Peçamos que a nossa vida seja também, no dia-a-dia, profecia do Amor Misericordioso de Jesus.
Para partilhar: A profecia não é só prever o futuro, mas manifestar por palavras ou actos a vontade de Deus. Por isso todos os baptizados são, por vocação, profetas. Dê um exemplo de profecia nos dias de hoje:
Pe. Marcelo
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