sábado, 30 de janeiro de 2010

PROFETAS DO AMOR

Muitas vezes, quando lemos um texto da Sagrada Escritura, o seu contexto é que nos revelará o seu sentido profundo. Também na liturgia é assim. Muitas vezes o tema de um Domingo é o aprofundamento ou a continuação do Domingo ou dos Domingos anteriores. Este é o caso da liturgia do dia de hoje. Há duas semanas que as leituras vêm nos falando dos carismas do Espírito Santo, que são sinais para os que ainda não crêem (epifania do Senhor), sinais da presença do Espírito Santo nos baptizados (Baptismo do Senhor) e sinais da aliança que Deus Nosso Senhor fez com a humanidade (Bodas de Caná).

Porque o amor é por sua natureza difusivo e comunicável, a liturgia nos aponta aquele carisma que é mais útil à comunidade cristã, que é o dom de Profecia e a motivação espiritual que deve estar por de trás de todo o serviço na vida cristã, inclusive do dom da profecia, que é a Caridade: “Procurai o amor e aspirai aos dons do Espírito, mas sobretudo ao da profecia.” (1 cor 14,1) Aliais, como diz São Paulo, a caridade é a única que permanecerá para a eternidade, pois tanto os carismas mais simples e que servem para a edificação da própria alma como o orar em línguas (Cf 1 Cor,14,4), como os que são mais úteis à vida da comunidade como o dom de profecia, são para esta nossa vida presente. A motivação profunda de todos os carismas e serviços, e a única que permanece para a eternidade é a caridade.

No Evangelho de hoje, a grande caridade do Coração Misericordioso de Jesus, expressou-se em profecia diante dos judeus. O Jesus Nosso Senhor não poderia limitar-se a salvar um povo somente, mas teria de chegar a todos os povos da terra. Por esta razão, Jesus, dando o exemplo de pagãos agraciados por Deus no Antigo Testamento, profetizou, de certa forma, aos judeus a quem falava, que a igreja que Ele fundaria não se limitará ao povo judeu, mas chegará até aos confins da terra. Aqueles judeus não se contentavam em não ser caridosos e por isso ser avaros no que tange ao dinheiro – “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Os fariseus, como eram avarentos, ouviam as suas palavras e troçavam dele.” ( Lc 16,13) – queriam ser avaros também no que tange a salvação: queriam uma religião que só contemplasse a nação judaica. Porém a caridade do coração de Deus é muito maior do que um povo e uma raça. Já na profecia de Jeremias que lemos na primeira leitura, Nosso Senhor manifestava o seu grande Coração, designando o profeta como profeta das nações, e não só de um povo: “«Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» (Jer 1,5)

Tendo em vista longanimidade do coração de Jesus, peçamos-lhe que nos conceda também um coração bem grande e generoso, para que o Amor de Deus nos impulsione a fazer um dom sincero de nós mesmos, para que a paz que vem da divina Misericórdia chegue até aos confins da terra. Louvemos o Senhor pele Santa Igreja e por todos os que foram e são sinal deste coração tão grande de Cristo para com todos os povos, como por exemplo a nossa Zilda Arns, chamada por Deus a ser um sinal profético do seu Amor consumando sua vida num dos países mais pobres do mundo numa missão de inspiração cristã. Este é um exemplo não canonizado no meio de muitos outros canonizados ou não. Peçamos que a nossa vida seja também, no dia-a-dia, profecia do Amor Misericordioso de Jesus.

Para partilhar: A profecia não é só prever o futuro, mas manifestar por palavras ou actos a vontade de Deus. Por isso todos os baptizados são, por vocação, profetas. Dê um exemplo de profecia nos dias de hoje:
Pe. Marcelo

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