terça-feira, 3 de agosto de 2010

Apóstolos Hoje


São Vicente Pallotti – “Deus Amor Infinito”

Meditação XI

Da obrigação que temos de nos aperfeiçoar meritoriamente a nós mesmos, enquanto nossa alma é viva imagem do eterno Pai

Oração inicial: Deus, nosso Pai e Protetor, verdadeira realidade da vida humana, te agradecemos pelo dom do teu servo, São Vicente Pallotti que, na sua grande fé, nos revelou o teu infinito amor. Ao passar pelas “tempestades” deste mundo, dá-nos a tua sabedoria para reconhecer a tua presença amorosa em cada aspecto da vida. Guia-nos Tu no partilhar com os outros a tua misericórdia infinita e o teu amor infinito, e dá-nos o dom de sermos verdadeiros e corajosos testemunhas do teu amor para com todos aqueles que te procuram com coração sincero. Isto te pedimos por Cristo, nosso Salvador. Amém.

Deus é pura santidade – Na sua meditação sobre Deus, Amor Infinito, Vicente Pallotti revela um grande desejo de perfeição para que a sua própria alma seja digna imagem de Deus. Ele deseja e quer viver uma vida de santidade, livre do pecado e de toda impureza. Em Isaías, lemos que Deus, o Santo, manifesta a sua santidade mediante a justiça (Is 5, 6); e no livro do Levítico, Deus mesmo revela ao povo de Israel a sua santidade e lhes assegura santidade porque Ele é santo: “Eu sou o teu Senhor, o teu Deus. Sejam santos, porque eu sou santo” (Lev. 11, 44).

A santidade é uma qualidade divina que Deus partilha conosco. Todavia, na prática parece que para sermos santos, necessitamos lutar para vivermos concretamente a perfeição ou, ao menos, ter a intenção de viver de acordo com os valores espirituais: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha, e siga-me” (Mt 19, 21). São Vicente Pallotti, na sua meditação, afirma que se cada minuto da nossa vida é enraizado no Senhor, seremos então em condições de aperfeiçoar a nossa alma como imagem viva de Deus. Assim escrevia: “Estarei totalmente  atento em meditar e contemplar a minha alma, tua viva imagem, e a Ti mesmo, meu Deus, na tua essência e nos teus infinitos atributos. Deste modo poderei imitar-Te, eterno divino Pai, na contemplação eterna do Teu divino ser”.

A nossa incapacidade em olhar para nossa alma e contemplar nela a presença de Deus, nos leva a não tirar proveito do teu amor infinito e da tua misericórdia infinita.

A nossa alma, viva imagem do eterno Pai

Pela fé, São Vicente Pallotti, recorda que a alma foi criada a imagem de Deus. Como lemos no Gênesis, ele mesmo nos escolheu para sermos à sua imagem: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gen 1, 26). Disto, decorre para Pallotti, uma natural obrigação para nós, cujas raízes foram colocadas por Deus mesmo - de olhar e contemplar seja a nossa alma seja o seu Criador. Aquilo que se torna único na meditação de São Vicente sobre o ser imagem divina é, portanto, propriamente o ir além, além da imagem natural: verdadeira imagem de Deus é a alma do homem; e ser à sua imagem e semelhança quer dizer participar da sua natureza divina em virtude da graça.

Como imagem de Deus, nos assemelhamos a Ele, e isto “carrega” consigo a partilha de algumas características comuns. Por exemplo, quando dizemos que uma criança é parecida com seus pais, queremos dizer que algumas características que vemos – como o falar e o agir – são reconhecidas na criança. Quando Pedro negou de ser discípulo de Jesus, um dos guardas viu nele a semelhança dele com Jesus: “Sim, tu és daqueles; teu modo de falar te dá a conhecer”(Mt. 26, 73). O nosso comportamento, o nosso modo de ser e de agir como indivíduos ou como comunidade, e até a maneira de pronunciar as palavras serão então o carimbo, a marca da nossa semelhança com Deus – isto revela o quanto somos a sua verdadeira imagem. Tornar-se pessoa de verdadeira imagem e semelhança com Deus é “tarefa”, uma missão que pressupõe o nosso empenho e a nossa colaboração.

São Vicente disse: “Ninguém saberá aproveitar da preciosidade de um objeto se não conhece a sua natureza e o valor do qual poderá tirar proveito para si mesmo e para os outros”. Devemos nos esforçar para alimentar em nós aquela imagem que é a revelação do amor perfeito de Deus em nós. Um dos maiores atributos de Deus é que ele é perfeito. Se entendemos ser testemunhas da verdadeira imagem de Deus, devemos nos esforçar para crescermos na perfeição. Jesus, ao chamar a atenção dos discípulos, os convida para serem perfeitos como é perfeito o Pai celeste: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está nos céus” (Mt 5, 48). E sobre a obrigação de se tornar perfeito, São Vicente afirma: “Aproveito do dom do livre arbítrio para aperfeiçoar a minha alma com atos dignos da vida eterna porque eu sou uma imagem viva do eterno Pai” (IAI, XI).   

Um outro grande atributo divino é que Deus é Amor. Para ser imagem de Deus, então temos que ser uma encarnação do amor infinito de Deus, como São Paulo escreveu: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rom 5,5).

Comunidade de amor, perfeita imagem de Deus

Amar o próximo e amar a Deus é a única maneira para tornar viva a imagem de Deus em nós. Na sua décima primeira meditação sobre Deus, Amor Infinito, São Vicente Pallotti expressa de muitas maneiras como o amor infinito de Deus está dentro e bem enraizado na alma do homem: “Tenho consciência, eterno Pai divino, que  criando-me a tua imagem e semelhança, me destes para viver uma vida segundo a natureza da minha alma”. Como comunidade ou como indivíduos, seguindo o exemplo de São Vicente, somos portanto, impulsionados pelo Amor de Deus à contemplação de nossa alma e de Deus mesmo.

É morrendo a nós mesmos e assumindo os nossos compromissos e o nosso apostolado de seguir a Jesus que nos tornamos sempre mais e mais à imagem de Deus. Morrer para si mesmo e viver para os outros é o caminho proposto por Jesus. Deus é amor e é por este motivo que somos “obrigados” a praticar o amor para com o outro em nossa comunidade.

O nosso apostolado é compartilhado com as outras pessoas. Reside na compreensão de que eu sou a imagem de Deus e que somos chamados a sermos perfeitos como o Pai do Céu, esta é a razão fundamental para assistir e tratar o outro como a verdadeira imagem de Deus, “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

O Concílio Vaticano II define a Igreja como Corpo de Cristo, em outras palavras, podemos dizer que a Igreja é a imagem santa de Deus enquanto é composta por membros que são criados à imagem e semelhança d'Ele. E porque o Amor de Deus é infinito, a nossa comunidade se torna uma comunidade de amor infinito. Queridos irmãos e irmãs, em um mundo destruído e sem segurança, sofrido e com falta de esperança, as pessoas olham para a nossa comunidade para encontrar o amor, a esperança e a caridade. Em seu desejo de viver dignamente o ser criado a imagem perfeita de Deus, São Vicente disse: “Tu, meu Deus, me obrigas a parar e olhar para a minha alma e olhar para Ti, minha imagem viva”. Se, como comunidade, desenvolvermos esta prática contemplativa de olhar para as nossas almas e a Deus, imagem viva, nos assemelharemos ao corpo de Cristo e nos tornaremos perfeitos como Deus é perfeito. 

Oração: Deus de infinita misericórdia e amor infinito, faze que cada respiro meu, cada passo meu, cada movimento seja guiado pelo teu Amor encarnado, para estar  assim sempre mais atento às necessidades daqueles que estão próximos. Oh! Pai amado, dá-me sabedoria para perseverar no apostolado trabalhando pela salvação das almas; dá-me a alegria de tornar-me participante da fonte do teu amor infinito para aqueles que vivem na dor e no sofrimento. Amém.

E, com as palavras do Salmista, rezemos o Salmo 111:

Louvarei o Senhor de todo o coração,

na assembléia dos justos e em seu conselho.

 

Grandes são as obras do Senhor,

dignas de admiração de todos os que as amam.

 

Sua obra é toda ela majestade e magnificência.

E eterna a sua justiça.

 

Memoráveis são suas obras maravilhosas;

o Senhor é clemente e misericordioso.

 

Aos que o temem deu-lhes o sustento;

lembrar-se-á eternamente da sua aliança.

 

As obras de suas mãos são verdade e justiça,

imutáveis os seus preceitos,

Irrevogáveis pelos séculos eternos,

instituídos com justiça e eqüidade.

 

O temor do Senhor é o começo da sabedoria;

sábios são aqueles que o adoram.

Sua glória subsiste eternamente.

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